CONTEÚDO PATROCINADO

'É preciso repensar novas perspectivas para a formação profissional dos jovens', diz especialista

Em live realizada pelo Estadão, convidados falaram sobre a inserção da juventude no mercado de trabalho e mostraram propostas que ressignificam esse processo

PUBLICIDADE

Por Itaú Educação e Trabalho
Atualização:
4 min de leitura
Getty Imagens 

A preocupação com o cenário de desemprego entre os jovens brasileiros e a necessidade de uma formação profissional que propicie a eles a inserção qualificada no mercado de trabalho foram alguns dos temas debatidos na live Educação Profissional e o Futuro da Juventude, produzida pelo Media Lab Estadão em parceria com o Itaú Educação e Trabalho. Com mediação da jornalista do Estadão, Renata Cafardo, participaram como convidados Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, e Rômulo Vieira, gerente-geral corporativo da Votorantim Energia.

A temática já era uma urgência latente em anos passados e passou a exigir ainda mais celeridade com a ampliação do fosso entre escola e trabalho, agravado durante a pandemia. Na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados mostrando que a taxa média de desemprego em 2020 entre pessoas de 18 a 24 anos chegou a 29,8% - a maior já registrada na série histórica.

Continua após a publicidade

Para Ana Inoue, esses dados mostram o quão necessário é repensar novas perspectivas de formação ao final do ensino médio. “Um país do tamanho do Brasil só atende cerca de 20% dos jovens em seu principal itinerário formativo profissional, que é a universidade. Temos que batalhar mais vagas no ensino superior, mas, enquanto isso, o que vamos propor para os outros 80%? [...] A educação profissional abre a conversa para o desenvolvimento do jovem, com possibilidade de continuidade na formação.”

Mudanças em curso

Durante sua fala, Inoue destacou os aspectos estruturais que têm afetado a educação profissional desde seu surgimento no Brasil até o momento atual. Ela relembrou que a modalidade foi criada a partir de uma leitura segregadora, que previa “não só habilitar os filhos dos desfavorecidos de fortuna” como afastá-los da “ociosidade ignorante, escola do vício e do crime”.

Continua após a publicidade

Em pouco mais de um século, a visão preconceituosa foi dando lugar a novos horizontes de formação, impulsionados especialmente por transformações na tecnologia, demografia e meio ambiente, dentre outras áreas. “Hoje, pesquisas apontam que até 70% dos trabalhos existentes serão impactados e modificados em até dez anos. Quando olhamos esse cenário e vemos que os cursos universitários podem levar até seis anos de duração, a educação profissional ganha outro lugar. Ela passa a ser vista como uma etapa, seja para iniciar uma carreira ou complementar outra já existente”, defendeu Inoue.

Segundo a especialista, mudanças em curso nos currículos escolares também trarão mais novidades para o segmento nos próximos anos. Uma delas é a proposta do Novo Ensino Médio, que, por lei,deve ser implementada até 2022 e oferecerá aos estudantes a chance de escolher entre cinco itinerários formativos, incluindo um voltado para a educação profissional.

A mudança, somada a outras propostas em debate a nível estadual e federal, poderá afetar ainda mais o cenário educacional e colocar governos, empresas e organizações não-governamentais em busca de soluções conjuntas. “Uma formação para o mundo do trabalho que dê para a juventude condição de inserção em um patamar de mais dignidade é muito importante, e pode ser muito positiva. Todo mundo está olhando para essa questão”, ponderou.

Continua após a publicidade

Mais iniciativas para os jovens

Algumas propostas nacionais já vêm colocando em prática a ideia de uma educação profissional mais conectada às demandas da juventude e de suas comunidades, bem como aderente às necessidades dos segmentos empregadores. Um exemplo apresentado durante a live é o projeto realizado em Araripina, município localizado no sertão de Pernambuco, pelo Itaú Educação e Trabalho em parceria com a empresa Votorantim Energia e a secretaria de educação estadual.

De acordo com Rômulo Vieira, da Votorantim Energia, a iniciativa surgiu a partir de um mapeamento da empresa que identificou na região mais de 1.800 projetos ligados ao setor de energia renovável, revelando a necessidade de impulsionar cursos de formação nessa área para a população da região. “A educação técnica é uma base fundamental para a gente permitir a inclusão desse jovem no mercado de trabalho e sustentar o desenvolvimento local”, destacou em sua fala.

Continua após a publicidade

Ana Inoue, que também participou da implantação da proposta, explicou que os cursos foram pensados não apenas para oferecer formação técnica, mas também favorecer os aspectos sociais e emocionais dos alunos. “O desenvolvimento das habilidades não cognitivas foi um ponto forte, algo que é necessário para esse futuro que se aproxima. O jovem que será formado na proposta terá uma abrangência maior de possibilidade de atuação.”

Oportunidades para diferentes setores

Além da parceria em Araripina, o Itaú Educação e Trabalho também realiza ações semelhantes em outros Estados. Na Bahia, por exemplo, um projeto reúne universidade, secretaria e produtores locais para impulsionar o setor de cacau e chocolate no sul do Estado.

Continua após a publicidade

Segundo Inoue, a parceria visa instalar cursos técnicos em escolas públicas, oferecendo caminhos inovadores ao final da educação básica. “A formação profissional no ensino médio pode promover um começo de vida e uma inserção mais digna no mundo do trabalho. Defendo fortemente que essa formação não seja vista como um fim do percurso formativo dos jovens, mas sim um começo, e que tenha continuidade.”

Em São Paulo, o Itaú Educação e Trabalho atua em parceria com o Centro Paula Souza e empresas como Microsoft, Totvs e IBM, dentre outras, na organização de currículo das formações profissionais. O objetivo é garantir que as propostas dos cursos técnicos respondam com agilidade aos avanços da tecnologia e permitam aos jovens uma entrada mais qualificada no mercado.

Para Sérgio Sgobbi, diretor de relações institucionais da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), esse tipo de atuação oferece uma aliança entre os setores educacional e produtivo. A associação também atuou com o Itaú Educação e Trabalho na revisão das propostas curriculares em cursos técnicos e vem realizando pesquisas que apontam um déficit no número de profissionais habilitados para a demanda crescente da área.

Continua após a publicidade

“Compreender os anseios de desenvolvimento técnico e comportamental trazidos pelo setor produtivo, alterando as grades curriculares e ofertando cursos alinhados às demandas integra educação e sociedade. Isto pode parecer óbvio e imprescindível, mas é muito difícil de ser construído. Por isso, valorizamos sobremaneira essa parceria", destaca.

Sgobbi também afirma que a educação profissional, na sua maioria, reproduz elementos inflexíveis e que estes não reproduzem o dinamismo e a mutação do mercado de trabalho dos setores produtivos. “A educação profissional tem que estar integrada às dinâmicas da sociedade, ou seja, a grade curricular tem que ser dinâmica, flexível e atualizada constantemente, fruto de que o ensino é algo perene na nossa sociedade”, conclui.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.