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Por — Rio de Janeiro

Preocupação crescente nas famílias, a busca por educação de qualidade para crianças e adolescentes está turbinando o segmento de escolas que se apresentam como bilíngues, com a promessa de uma educação internacional em português e também em uma ou mais línguas estrangeiras — preferencialmente inglês — desde a primeira infância.

A perspectiva de que os filhos possam sair do ensino médio fluentes em outro idioma e dotados de habilidades capazes de conquistar um lugar em universidades fora do Brasil deixa cada vez mais pais dispostos a pagar mensalidades nada baratas (podem superar R$ 9 mil), em busca dos selos internacionais que se multiplicam na publicidade dos grupos privados de educação. O modelo virou um vetor de crescimento de grandes redes, que vão além de grandes centros e desbravam o interior.

Não há uma definição específica do Ministério da Educação de escola bilíngue, mas no setor convenciona-se que são estabelecimentos com ao menos 50% do conteúdo programático em um segundo idioma. Boa parte diz ter até 80% do currículo, incluindo matemática ou ciências, aplicados em outra língua, diferentemente de escolas que tradicionalmente têm ênfase em inglês, francês ou alemão como disciplinas.

Faltam estatísticas sobre o segmento, mas agentes desse mercado estimam que 20% das escolas particulares hoje sejam bilíngues.

Shirley Amorim, 39 anos, matriculou os seus os filhos Kevin, de 18 anos, Ana Julia, de 13, e Ana Carolina, de 11, em escola bilíngue para que possam fazer faculdade no exterior — Foto: Guito Moreto
Shirley Amorim, 39 anos, matriculou os seus os filhos Kevin, de 18 anos, Ana Julia, de 13, e Ana Carolina, de 11, em escola bilíngue para que possam fazer faculdade no exterior — Foto: Guito Moreto

Interiorização

A rede Maple Bear, de origem canadense, abriu 17 novas unidades no país este ano, chegando a cidades como Linhares (ES), Lavras (MG), Caruaru (PE), Dourados (MS) e Ji-Paraná (RO). Nos grandes centros, essas escolas vão agora além das áreas nobres tradicionais. A Maple Bear abriu uma unidade em Osasco, na Grande São Paulo.

No Rio, a Recreio Christian School abriu filiais em Campo Grande e Santa Cruz, também na Zona Oeste, e chega em 2024 a Freguesia e Madureira, na Zona Norte. Os colégios Progresso, do Grupo Atmo Educação, avançam em cidades paulistas, como Itu, Santos, Vinhedo, Campinas e Indaiatuba.

A expansão segue o crescimento econômico em busca da nova classe média, já que essas escolas premium são mais caras. Geralmente são em regime integral, têm menos alunos por sala, fazem uso intensivo de recursos tecnológicos e os professores ganham cerca de 40% acima da média do setor privado.

Levantamento da consultoria Hoper Educação aponta que a mensalidade média das bilíngues é de R$ 2.183 para ensino infantil e R$ 3.393 para o ensino médio. Mas os valores podem triplicar nas capitais, diz Paulo Presse, coordenador da área de estudos de mercado da Hoper:

— A pandemia chamou a atenção para educação básica. Começamos a ver, em 2022 e 2023, uma movimentação para o interior das bilíngues.

André Quintela, CEO da Maple Bear América Latina, diz que planeja expandir a rede de 200 para 300 escolas no Brasil até 2028, elevando o contingente atual de 37 mil estudantes para 90 mil. Os planos são guiados por “estudos de mercado por microrregião”, ele explica:

— As cidades em que abrimos têm economia em desenvolvimento, com ótimo potencial de crescimento.

Certificados atraem

A rede Progresso, que tem 4.900 alunos no ensino bilíngue, planeja ganhar 700 novas matrículas até 2025. Segundo a diretora pedagógica Cristina Tempesta, a rede está em processo de certificação para se tornar uma International Baccalaureate World School. Assim, passará a oferecer, em adição ao diploma do ensino médio, um certificado que permite ao aluno se candidatar a faculdades do exterior sem teste de proficiência linguística, o que mais atrai as famílias.

Garantir que os filhos tenham fluência em inglês foi a principal motivação da publicitária Fernanda Assato, de 42 anos, na escolha do Progresso de Campinas para os filhos Gustavo, de 8, e Luiza, de 6.

— Hoje é um diferencial falar inglês, mas daqui a pouco não vai ser. Será obrigação — diz. — Meus filhos já veem filmes em inglês, mesmo a pequena. Interage, ri das piadas.

A unidade de Botafogo, no Rio, da Escola Eleva passou por obras recentemente — Foto: Arquivo
A unidade de Botafogo, no Rio, da Escola Eleva passou por obras recentemente — Foto: Arquivo

A Eleva, no Rio, que ministra até 80% do conteúdo em inglês, dependendo da série, tem o Baccalaureate para o ensino médio e o International Primary Curriculum para as séries iniciais. Abrirá uma unidade na Vila Mariana, em São Paulo, no ano que vem.

— Estamos constantemente investindo na melhoria de nossas escolas e buscando oportunidades em novos espaços. Finalizamos recentemente as obras na Eleva Urca, no Rio, e estamos investindo em um novo campus de 18 mil metros quadrados em Salvador — conta Lucy Nunes, diretora da Eleva São Paulo.

Para Francisco Borges, consultor de educação da Fundação de Apoio à Tecnologia, o crescimento dessa vertente deve estimular mais fusões entre grupos educacionais. Ele vê uma mudança na decisão dos pais sobre educação, que não é mais restrita à preparação para a universidade:

— As escolas bilíngues são o diferencial da classe média para abrir o mundo para o filho, para uma oportunidade para intercâmbio. E não se trata apenas de idioma, mas de resiliência, de soft skills (habilidades socioemocionais).

‘Aprender para a vida’

O engenheiro e professor universitário Sérgio Baltar, de 59 anos, mantém a filha Sophia, de 5, na SIS Swiss International School, no Rio, desde o ano passado. Para ele, a maioria das profissões do futuro não vai demandar uma graduação, mas sim uma visão global:

— Vi outras escolas que preparam alunos para o vestibular. Tenho amigos que escolheram a dos filhos pela nota de Enem, mas eu queria que minha filha aprendesse para a vida. Gostaria que ela aprendesse a empreender, a cuidar do planeta e a ter domínio de outros idiomas. Lá, além do inglês, ela pode ter contato com francês e alemão.

Sophia é uma dos 1.700 alunos da instituição suíça que pagam mensalidades que variam de R$ 4.800 a R$ 8 mil. No ano passado, o grupo controlador Klett comprou a Escola Nova, localizada na Gávea, na Zona Sul do Rio, para se expandir no Brasil. No exterior, tem outras 14 escolas, o que abre a possibilidade de seus alunos passarem até seis meses numa unidade de outro país, numa espécie de intercâmbio dentro da própria instituição. No Brasil, metade das aulas é em português, e a outra metade, em idioma estrangeiro.

Escola Nova, na Gávea, foi comprada pelo grupo suíço Klett  — Foto: Divulgação
Escola Nova, na Gávea, foi comprada pelo grupo suíço Klett — Foto: Divulgação

Carolina Vieira, CEO da SIS, conta que os alunos ainda têm disciplinas que não costumam fazer parte do currículo regular, como cinema e marcenaria:

— Estamos trabalhando para garantir o selo verde para a escola. Para isso, precisamos reduzir em 25% nossas emissões de CO2. Além dos profissionais, contamos com alunos fazendo as auditorias. É a educação pelo exemplo.

A Lumiar também oferece aos alunos um ensino baseado em competências, como define o CEO Lucas Mendes. Ao fim do ensino médio, os estudantes fazem estágio, trabalho de conclusão de curso (TCC) e escrevem artigos de opinião. Com o aumento da procura, entre 2022 e 2023, a instituição abriu cinco novas escolas, duas em São Paulo e as demais em Santos (SP), Campinas (SP) e Criciúma (SC).

Chances lá fora

No Rio, a Recreio Christian School cresce com o foco claro de ajudar alunos a seguirem direto para uma universidade no exterior, diz o CEO Gabriel Frozi. A instituição tem um setor específico para cuidar de toda a burocracia envolvida, da seleção à mudança. Interessada nesse caminho, a empresária Shirley Amorim, de 39 anos, matriculou os três filhos, de 18, 13 e 11 anos, no colégio:

— A gente sempre quis que eles estudassem em escola bilíngue para tentar uma faculdade no exterior. No Brasil, o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo. Lá fora, há mais opções.

No Grupo Somos Educação, que lançou a rede de franquias de escolas bilíngues Start Anglo Bilingual School este ano, o CEO Guilherme Mélega diz que uma preocupação é a contratação de professores com alta qualificação técnica, além da fluência em língua inglesa. Os escolhidos são submetidos a 380 horas de treinamento antes de entrar em sala.

— Temos parceria com a Nile, uma entidade britânica especializada em desenvolvimento profissional de professores nas áreas de ensino bilíngue e metodologias ativas. Os docentes têm um programa estruturado de nivelamento e certificação de proficiência em língua inglesa — diz.

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