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Por Jornal Nacional


Quase 180 mil crianças de 4 e 5 anos não frequentam a escola

Quase 180 mil crianças de 4 e 5 anos não frequentam a escola

Quase 180 mil crianças brasileiras, de quatro e cinco anos, não frequentam a escola porque têm dificuldade de acesso.

É em um pequeno comércio, que a Kerllayne, de quatro anos, passa a maior parte do dia. Sem vaga na escola mais próxima de casa, ela acompanha a mãe no trabalho.

“Tá difícil de conseguir vaga. Eu já tentei diversas vezes, já fui na escola, dei nome e nunca consigo. Ou seja, nesse meio tempo desse ano, trabalha comigo, pra ano que vem conseguir vaga pra ela”, diz a mãe da menina, a autônoma Jessica Cândido.

A meta do Plano Nacional de Educação era que, até 2016, todas as crianças a partir dos quatro anos frequentassem a escola.

Mais de 425 mil crianças entre 4 e 5 anos estão fora da pré-escola, mesmo a frequência sendo obrigatória para a faixa-etária. As famílias que mais sofrem com esse problema são aquelas que vivem em situação de pobreza e que tem a dificuldade de acesso às escolas como principal motivo.

A ausência ou a distância das unidades de ensino e a falta de vagas impedem 42% dessas crianças de acessar a educação primária. Já em 40% dos casos, a opção de não levá-las à escola vêm dos próprios responsáveis.

Os dados são do “Todos Pela Educação”, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD Contínua. O levantamento, divulgado nesta quinta-feira (17), considera escolas públicas, privadas e conveniadas.

“Onde existe muita demanda e pouca oferta, o poder público precisa se programar para a construção de novas unidades escolares. A escola, ainda mais a pré-escola, não pode ficar uma ilha isolada de outras assistências, de outras políticas públicas, por exemplo: vacinação, atendimento à nutrição, a espaços pra brincar”, diz a presidente-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.

Mãe solo e ex-moradora de uma ocupação na Zona Norte do Rio, a Raíra deixou de levar o filho Raian, de quatro anos, para aula durante vários meses. Desempregada, ela não conseguia arcar com o transporte.

“Dificuldade foi mais pra mim poder trazer ele, passagem que não tinha. Muitas vezes. Vou falar a verdade, eu estava sem nada mesmo dentro de casa que eu pudesse passar pros meus filhos”, diz a auxiliar de cozinha.

Mas a escola sentiu falta do Raian e, por meio de telefonemas, cobrou a presença dele. E agora que a Raíra arrumou um emprego, já pode levar o filho para aula.

“Com a busca ativa elas me ajudaram muito, até chegaram a me pressionar um pouco pra eu correr mais rápido e trazer mais rápido”, diz Raíra.

“A pré-escola é o alicerce e ninguém constrói nada sólido se não tiver alicerce forte”, diz a diretora de escola Ana Lúcia Oliveira da Costa.

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