Educação

Por Ana Paula Campos, SP2

Somente em 2019, 38 casos de racismo foram registrados em escolas paulistas

Somente em 2019, 38 casos de racismo foram registrados em escolas paulistas

A EMEI Nelson Mandela, no bairro do Limão, Zona Norte de São Paulo, teve até 2016 outro nome. Era a EMEI Guia Lopes, nome de um general que lutou na Guerra do Paraguai. Mas em 2016, pais e professores fizeram um abaixo assinado pedindo a troca do nome. Isso depois que a escola sofreu um ataque duro. Um painel foi pintado no muro para esconder a expressão do que o ser humano pode ter de pior: o preconceito.

A série Diário de Escola apresenta projetos que estão promovendo mudanças positivas em escolas públicas de São Paulo. Ideias para aprimorar o ensino de matemática, aumentar a participação da comunidade escolar na gestão das instituições, combater a evasão e a violência escolares, são alguns exemplos.

A coordenadora pedagógica Marina Basques explica que em 2011 a escola passou a fazer projetos com a temática das relações étnico-raciais e de gênero com as crianças pequena.

“Nós recebemos uma pichação, um ataque nos muros que dizia "vamos cuidar do futuro das nossas crianças brancas" e "preserve a raça branca" com suásticas ao lado dessa pichação, que são os símbolos nazistas. E aí nós fomos pensar enquanto comunidade escolar em como fazer um ato de repúdio a tudo isso que tinha acontecido.”

Em 2015, muro da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Guia Lopes, no Limão, Zona Norte de São Paulo, foi pichado com a frase "vamos cuidar do futuro de nossas crianças brancas" — Foto: Arquivo/Ayrton Vignola/ AE

A maior mudança por aqui foi do muro pra dentro. O debate sobre a igualdade racial ganhou ainda mais força na escola e as crianças passaram a pesquisar sobre o assunto.

O aprendizado tem a ajudinha de uma família de bonecos, os abayomi, que moram em um cantinho da escola.

Misturando realidade e faz de conta, que as crianças vão aprendendo a ver o mundo com outros olhos. A valorizar mulheres negras, brasileiras ilustres e fortes, que este ano se tornaram madrinhas de cada uma das classes, como Lia de Itamaracá, a rainha da ciranda.

“A gente não trabalha que todos somos iguais”, diz a professora Ana Cristina Silva Godoy. “A gente trabalha que todos somos diferentes e que a gente tem que respeitar essa diversidade.”

Alunos da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Guia Lopes, no Limão, na Zona Norte de São Paulo, fizeram nesta sexta-feira (4) desenhos contra a discriminação racial sobre uma pichação feita durante um fim de semana de outubro no muro da unidade. — Foto: Filipe Araújo/Agência Estado

DIÁRIO DE ESCOLA

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