Por Tayana Narcisa, g1 Pará — Belém


Lucas expõe trabalhos na feira do livro, em Belém. — Foto: Arquivo Pessoal

Neste dia 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo, conheça a história de um artista paraense com Transtorno do Espectro Autista que faz sucesso na internet com quadrinhos e ilustrações. A trajetória de Lucas Quaresma, de 29 anos, começou em 1996, quando ele foi diagnosticado com autismo clássico infantil encapsulado - termo que era utilizado na época.

Dentre os 13 comportamentos comuns para o resultado, Lucas tinha apresentado doze, começando assim a busca de alternativas para o desenvolvimento cognitivo e social.

Segundo a mãe de Lucas, Eliane Quaresma, ainda na infância o artista paraense já apresentava interesse por desenhos animados, possuindo bastante atenção nas telas de televisão e computador. A partir daí, começou o estímulo da família para atividades envolvendo comunicação, interatividade e diversão na vida de Lucas.

Desde criança, Lucas já tinha aptões para desenho e gostava de se expressar pelos rabiscos. — Foto: Arquivo Pessoal

“Foi uma época desafiadora, ninguém aqui falava sobre o assunto e precisamos buscar informações e tratamento fora de Belém. Eu e meu marido estávamos em começo de carreira, nossa situação financeira era muito aquém das necessidades de uma família com uma criança autista. Eu consegui ajuda para passagens aéreas e vendia joias para ajudar no orçamento”, contou Eliane.

Já na fase escolar, mais uma dificuldade veio à tona: a matrícula em escolas regulares. Eliane lembra da dificuldade nas escolas públicas e, principalmente, particulares em aceitar o filho, diante da condição.

“Inclusão era um termo que não se falava”.

Em 2016, Lucas finalizou o ensino médio e conseguiu passar em um vestibular, no curso de design de produtos. No mesmo ano, publicou a primeira história em quadrinho (HQ). Ele era o personagem principal da narrativa.

No início, os modelos sempre eram voltados aos seus medos e vivências como uma criança autista, mas depois passou a tratar também de assuntos cotidianos dos paraenses e com personagens variados.

Além da criação dos desenhos e produção dos textos, o artista produz conteúdos para plataformas de vídeos na internet e, também, participa de feirinhas, exposições e congressos, onde divulga o trabalho, levando inspiração a outras crianças e pessoas que também vivem com autismo.

Artista recebe e inspira crianças em exposições no Pará. — Foto: Arquivo Pessoal

Durante a criação dos livros infantis, o paraense recebeu vários convites e até fora do Pará:

  • Exposição de mais de 270 cartazes em comemorações ao Abril Azul na estação de trem de São Paulo;
  • jogo de amarelinha criado para uma campanha de estímulo lúdico, em um shopping de São Paulo;
  • produção de ilustrações para o livro “Guia para leigos sobre o Transtorno do Espectro Autista”;
  • lives com universidades e seus projetos relacionados ao autismo;
  • palestras em escolas e instituições de ensino;
  • exposição de Obras no evento TEAlentos do Governo do Estado do Pará;
  • participação em campanha contra trabalho infantil.

Trabalhos superaram as fronteiras do Pará. — Foto: Arquivo Pessoal

Lucas já foi congratulado com um diploma na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) pela contribuição educativa e inclusiva para as crianças, além de ser uma referência para a criação de lei em defesa do autismo, pela Câmara Municipal Ananindeua, região metropolitana de Belém.

Ele conta que costuma receber diversos retornos positivos sobre o trabalho de amigos, fãs e seguidores, que o acompanham nas plataformas digitais e consomem os livros.

Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Segundo o Ministério da Saúde, o dia 2 de abril foi estabelecido em 2007 para difundir informações sobre o autismo e buscar reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno.

Os transtornos do espectro autista (TEAs) aparecem na infância e persistem na adolescência e na idade adulta. Nos primeiros 5 anos de vida os sinais costumam ir aparecendo.

As pessoas afetadas pelos TEAs geralmente apresentam condições comórbidas, como epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. O nível intelectual varia muito de um caso para outro, variando de deterioração profunda a casos com altas habilidades cognitivas.

Os sintomas se dividem em três grupos:

  • ausência completa de contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;
  • paciente é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação e tem comprometimento da compreensão;
  • domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite levar a vida próxima do normal.

*produzido sob supervisão

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