Brasil

Desigualdade de aprendizagem aumentou em mais da metade das cidades do país mesmo antes da pandemia

Pesquisa do Todos Pela Educaçao comparou dados da melhor com a pior escola dentro da mesma rede para medir desigualdades
Escola Municipal Araújo Porto Alegre, na Usina, Zona Norte do Rio Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
Escola Municipal Araújo Porto Alegre, na Usina, Zona Norte do Rio Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo

RIO - A desigualdade de aprendizagem aumentou em mais da metade das cidades do país. Segundo estudo do Todos pela Educação, 57,5% dos municípios viu a distância crescer entre o desempenho da pior escola em comparação com a melhor da mesma rede.

Em 2023: Governo quer mesclar livros didáticos digitais com impressos

A pesquisa, chamada “Desigualdade entre Escolas nas Redes Municipais de Ensino”, comparou dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de colégios dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Nas capitais, oito tiveram aumento na desigualdade entre as escolas entre 2015 e 2019; três permaneceram estáveis e 15 tiveram redução da desigualdade entre os grupos das escolas com menores e maiores resultados.

— Liderar políticas para impulsionar a melhoria da aprendizagem e do fluxo escolar nas escolas com os maiores desafios educacionais já era uma necessidade pré-pandemia e deverá ser ainda mais urgente em 2021, frente ao aprofundamento das desigualdades. Será fundamental que os futuros gestores municipais proponham soluções que dialoguem com esse desafio, olhando para absolutamente todas as escolas e alunos da rede de ensino — afirma Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais, do Todos Pela Educação.

Pesquisa: Maioria dos alunos que moram em favelas ficou sem estudar na pandemia

Ainda segundo o estudo, o Ceará é o estado onde menos municípios apresentaram diferença entre a escola de maior e a de menor resultado acima do esperado (39,9%). O Amapá é onde mais cidades estão nessa situação (73,3%).

Desigualdade esperada

Ao comparar a diferença entre a escola de maior e a de menor meta de cada localidade (o que demonstra a diferença esperada de Ideb para o município) e a diferença observada nos resultados, é possível compreender se os municípios brasileiros estão ampliando a desigualdade além da prevista. Nessa perspectiva, 56% das redes municipais tiveram uma diferença maior que a prevista entre a escola de maior e a de menor resultado no Ideb 2019 nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Artigo: Num cenário de desigualdades aprofundadas pela pandemia, falar em meritrocacia  é imoral e perverso

Segundo comunicado do Todos Pela Educação, são três cenários que originaram essa disparidade entre o esperado e o observado:

  • (1) em 39,9% dos municípios, a escola de menor Ideb não atingiu a meta daquele ano, enquanto a escola com o maior índice atingiu ou superou a meta;
  • (2) em 35,7%, a escola com o menor e a com o maior Ideb atingiram suas metas, mas, a de maior Ideb avançou mais se comparado à escola de menor indicador;
  • e por fim, (3) em 24,4% das localidades, nenhuma das escolas atingiu suas metas, porém a de maior Ideb ficou mais perto de cumprir do que a de menor Ideb.

Pesquisa: Busca por emprego tira mais jovens das aulas remotas do que falta de internet

"Isto é, em todos os casos, as escolas com os maiores desafios educacionais são as que mostraram mais dificuldade para avançar no índice", explica o comunicado.

— A redução das desigualdades precisa ser um grande objetivo da gestão pública, com a adoção de medidas específicas para isso. Só assim será possível diminuirmos a disparidade entre escolas e reafirmarmos o direito à Educação com equidade para nossas crianças e jovens — diz Corrêa.