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Por Karolini Bandeira — Brasília

Os ataques registrados em uma escola de São Paulo e a uma creche de Santa Catarina nas últimas semanas desencadearam uma série de reações de autoridades que vão do aumento no policiamento ao monitoramento de redes sociais. Mas, enquanto o governo brasileiro trava uma luta com o Twitter para excluir conteúdos que incitem violência, países da União Europeia investem em protocolos de segurança nas escolas e em uma rede para tentar conter a radicalização com orientações para professores. Além disso, nos Estados Unidos, as medidas de segurança após tragédias incluem até mesmo o uso de mochilas transparentes.

A Rede de Conscientização sobre Radicalização (RAN, em inglês), por exemplo, mapeia organizações radicais nas redes sociais e nas próprias escolas. Ela é formada por especialistas que trabalham em entidades civis e podem ser contatados por familiares quando há algum indício de radicalização.

Entre os resultados, a aliança divulga formas eficientes de comunicação para contestar ideias extremistas, qual deve ser o papel dos professores para identificar sinais e evitar a radicalização dos alunos e abordagens de saúde mental.

Na ofensiva para conter discursos radicalizados, o Ministério da Justiça se reuniu com representantes de redes sociais nesta segunda-feira, mas enfrentou resistências do Twitter, que se recusou a remover perfis que exaltam atiradores de ataques por eles “não violarem o termo de uso”. A postura irritou o ministro Flávio Dino, que ameaça recorrer à Justiça para responsabilizar a empresa.

— A partir do momento que a rede é notificada que tem algo nocivo acontecendo nos ambientes, ela precisa se responsabilizar pela retirada do conteúdo. Existe um efeito de contágio que se dá nessas plataformas. Quando juntamos mídia, rede social e escola não preparadas para a violência, cria-se um ambiente propício para novos ataques — afirma a psicóloga Karen Scavacini, especialista em segurança nas redes sociais.

Para Scavacini, apenas retirar conteúdo é “enxugar gelo”:

— As redes já retiram muitos conteúdos das plataformas, mas essas comunidades (extremistas) continuam com palavras ou hashtags diferentes. Para combater efetivamente a radicalização na internet, as autoridades precisam adotar uma lei em que as redes notificadas apresentem medidas mais rígidas.

Mais segurança

Além da ofensiva nas redes sociais, uma das medidas tomadas pelo governo após o atentado que deixou quatro crianças mortas e outras cinco feridas em uma creche de Blumenau na última semana foi o repasse de R$ 150 milhões para fortalecimento de rondas policiais. Reforçar a presença policial nesses ambientes também é uma opção avaliada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, desde o fim de março, quando um jovem de 13 anos matou uma professora e deixou feridos em um centro estadual.

Já o governo do Rio de Janeiro desenvolve um aplicativo com botão de pânico e treinamento para professores de escolas públicas e privadas em caso de ataques. Conforme o governador Cláudio Castro, as unidades poderão usar a ferramenta para denunciar e acionar a Polícia Militar.

Em política similar às citadas, estados americanos adotaram o uso de botões de pânico nas escolas após um massacre no Texas em 2022. Detectores de metais, câmeras, interfones e outros sistemas de controle de entrada e saída também foram inseridos em ambientes educacionais dos Estados Unidos com o passar dos últimos anos. Autoridades de cidades dos estados de Texas e Louisiana chegaram a obrigar o uso de mochilas transparentes por parte dos estudantes.

— Melhorar a estrutura é uma obrigação (do governo). As escolas brasileiras nunca foram beneficiadas com investimentos em segurança. Não entramos em uma aeronave sem um detector de metal e fiscalização. Em contrapartida, mesmo com os ataques, os ambientes escolares continuam com baixo investimento na segurança —afirma o especialista em segurança pública Leonardo Sant’anna.

Outro método utilizado em centros educacionais dos EUA são canais para denúncias de estudantes e equipes de verificação dos depoimentos. Caso o agressor seja um aluno da instituição, ele é contatado e encaminhado para ajuda profissional. Na mesma via, o Ministério da Justiça brasileiro colocou no ar, na última sexta-feira, um Disque Denúncias virtual de ameaças e ataques contra escolas. Qualquer pessoa pode enviar uma denúncia de forma anônima.

O canal integra o Protocolo Nacional de Enfrentamento à violência nas escolas, entregue por grupo interministerial em até 90 dias. O MEC pretende focar sua ação no treinamento de professores para mediação de conflitos de forma que possam atuar de maneira preventiva.

Para a pedagoga Simone Santos, as iniciativas apresentadas pelo governo não resolvem o cerne do problema, presente na escalada de radicalização e discursos de ódio e violência entre os jovens:

— O governo está pensando em ações emergenciais, mas treinar professores para conter agressores e estimular denúncias não são ações suficientes para reduzir o número de casos de ataques violentos às escolas. Precisamos de ações de investigação, monitoramento e combate aos grupos de internet e fóruns que disseminam o discurso de ódio e estimulam a violência — argumenta.

Mais recente Próxima Violência nas escolas: MPF pede que Twitter explique que medidas adotou para moderar conteúdos de ódio
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