Por G1 MT


Adolescente foi esfaqueado em frente a escola em Cuiabá. — Foto: Reprodução/TVCA

Dados da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso mostram que as agressões no ambiente escolar cresceram no estado, o que leva o medo a fazer parte da vida de alunos e professores. No primeiro semestre do ano passado foram 148 casos. De janeiro a junho deste ano, o número de registros saltou para 238, segundo a Sesp-MT . As brigas (69,56%) e ameaças (51,56%) são as principais ocorrências.

Em menos de dez dias três ocorrências graves aconteceram no ambiente escolar somente em Cuiabá. No mês passado, uma menina de 11 anos ingeriu uma mistura de soda cáustica e limpa alumínio. A bebida teria sido dada por uma amiga de 13 anos. A vítima foi parar no Pronto-Socorro da capital.

Também em junho, outro caso grave em Cuiabá. Um menino de 11 anos, que tem deficiência auditiva, foi amarrado e torturado por colegas. A agressão aconteceu no banheiro da escola. E o caso mais recente foi registrado na semana passada, quando um adolescente de 17 anos foi esfaqueado na frente da escola por dois rapazes de 16 e 17 anos que estudam na mesma unidade.


O estudante Marcos Vieira de Souza, de 19 anos, está no terceiro ano do ensino médio. Ele sempre estudou na rede pública, mas não se sente seguro dentro da escola. “Eu praticamente já vi de tudo,d desde uso de drogas, violência e tentativa de assassinato”, disse. “Aqui acontece bastante briga entre alunos por causa de jogos, por causa de namorados”, falou outro estudante, que pediu para não ser identificado.

Dados apontam aumento da violência no ambiente escolar

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Para quem ensina também não é fácil lidar com a violência. A professora Keila de Oliveira, que dá aula já 14 anos, conhece bem essa realidade. "Violência física, violência mental, psicológica. De tudo a gente sofre. Quando o aluno fala alto com você e assim o professor também. Quando o professor fala alto, eu acho que é uma violência”, disse.

Outra dificuldade é o uso de drogas dentro das unidades escolares. A direção da escola estadual Professora Eliane Digigovi afirma que os criminosos trazem a droga e passam por um buraco do muro, que já foi refeito quatro vezes. Ainda assim, o problema não foi resolvido.

Uma professora da instituição já foi ameaçada de morte e, por isso, prefere não se identificar. “Já mandamos fechar 4 vezes. E os meliantes entram, eles ‘infiltram’ e se misturam entre os alunos para realmente tentar passar a droga. A polícia em e não dá conta. Fizemos ofícios para todos os órgãos competentes e até agora nós não obtivemos resposta”.

“É assustador. Nós, psicólogos e psiquiatras estamos bem preocupados. A questão é a seguinte: o social está bem doentio e as famílias estão precisando de uma rede de apoio. Elas não estão conseguindo dar a continência necessária para que as crianças desenvolvam um psiquismo mais elaborado. Então fica aquela coisa instintiva, né. Bateu, levou. Essas pessoas não estão conseguindo canalizar essa agressividade”, disse a psicóloga Ireniza Canavarros.

Para a profissional, os alunos violentos que se envolveram em conflitos precisam ser identificados e encaminhados para atendimento. “Se isso não for contido, leva já a um transtorno de caráter, da psicopatia. Então é importante saber que temos psiquiatra e psicólogos para dar esse suporte. Às vezes é preciso tomar uma medicação para conter impulso. É preciso fazer uma avaliação. Nós temos essa rede dos programas sociais”, disse Ireniza.

A Secretaria Estadual de Educação informou que vai aumentar as ações preventivas nas escolas públicas com mais registros de infrações, como capacitação de pais e professores para identificar e prevenir situações de risco, palestras de prevenção ao uso de álcool, tabaco, crack e outras drogas. A Seduc-MT disse ainda que ampliou os programas no contra turno das aulas, com música e arte.

A Polícia Militar informou por meio da assessoria que diversas unidades da corporação desenvolvem atividades voltadas às escolas como rondas, palestras educativas com estudantes, professores, pais e lideranças comunitárias. A PM atua também na prevenção primária, com projetos voltados para crianças e jovens que fazem parte de programas sociais. Entre eles, o Rede Cidadã, o "De cara limpa contra as drogas" e o " De bem com a vida".

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