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MEC apura piora na alfabetização infantil após pandemia, que exige ação urgente

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Alunos lendo durante a aula em escola pública de Sobral (CE) - Eduardo Anizelli/Folhapress

Não há política pública que gere resultados em cadeia tão abrangentes como a da educação, capaz de impulsionar o crescimento econômico com redução da desigualdade social. Países ricos e com alto patamar de desenvolvimento humano tratam esse setor como prioridade de Estado.

O Brasil, como é notório, ainda não aprendeu essa lição. No ultimo Pisa (avaliação internacional aplicada a estudantes de 15 anos), em 2018, ficamos na 42ª posição em leitura entre 60 países, com 413 pontos —a média internacional é de 487.

É louvável, portanto, que o Ministério da Educação tenha realizado um diagnóstico do letramento no início da vida escolar para respaldar ações nessa etapa, que é base fundamental do ensino.

A partir de entrevistas com 251 professores de 206 municípios de todos os estados do país, a pesquisa Alfabetiza Brasil estabeleceu quais são as habilidades necessárias para que um aluno seja considerado alfabetizado —ler pequenos textos de períodos curtos e escrever, ainda que com erros ortográficos, textos simples de situações cotidianas, como um convite ou recado.

Tais habilidades, segundo o MEC, correspondem a 743 pontos no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Na última prova, em 2021, apenas 43,6% dos alunos atingiram essa nota. Ou seja, chega-se à constatação vergonhosa de que mais da metade das crianças brasileiras no 2º ano letivo não estão alfabetizadas.

Em 2019, 60,3% dos estudantes haviam alcançado a pontuação, comprovando que a pandemia de Covid-19 produziu estragos na fase inicial do aprendizado da língua portuguesa. A situação é alarmante, dado que o atraso na alfabetização gera reprovações também em outras disciplinas e, por consequência, evasão escolar no futuro.

O levantamento do MEC dá suporte ao plano de ação do governo federal para a alfabetização no país, que, conforme reportou a Folha, deve ser lançado em breve.

Além de um aporte de R$ 800 milhões, o projeto prevê alterações na distribuição de recursos com base em resultados da alfabetização —procedimento similar teve sucesso no Ceará, estado que ostenta os melhores indicadores em educação do país.

Deve-se conhecer melhor o programa para avaliá-lo, mas não há dúvida de que uma política com foco no letramento infantil é há muito tempo necessária e, com o impacto da pandemia, urgente.

editoriais@grupofollha.com.br

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