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Crise faz aumentar o número de jovens "nem-nem", aponta IBGE

15/12/2017 12h22

A longa crise enfrentada pelo país afetou trabalhadores de todas as idades, mas foi mais cruel com a parcela jovem da população. O número de pessoas de 16 a 29 anos que não estudavam e nem trabalhavam cresceu rapidamente nos últimos dois anos, chegando a 25,8% da população dessa faixa etária em 2016, ou 11,6 milhões de pessoas. Desse total, 61,6% nem sequer procuravam trabalho.


De acordo com a "Síntese de Indicadores Sociais 2017", divulgada nesta sexta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção dos chamados "nem-nem" cresceu de 22,7% em 2014 para 24% em 2015, após dois anos de estabilidade. Em 2016, ao chegar a 25,8%, isso significava um acréscimo de 1,4 milhão de jovens na condição dos que "nem estudam, nem trabalham".


A piora foi puxada pela crise no mercado de trabalho, uma vez que a frequência escolar não recuou no período. "Os jovens não deixaram de estudar para trabalhar, o que poderia ser até positivo em alguns casos. O que existe é queda da ocupação. Em geral, os jovens são mais atingidos quando piora o mercado de trabalho", disse Luana Botelho, da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.


O percentual de jovens na condição de "nem-nem" aumentou em todas as regiões do país, mas apenas no Nordeste essa piora foi mais intensa do que a média nacional. Por lá, o número de jovens que não estudavam e nem trabalhavam cresceu 4,5 pontos percentuais desde 2014, para 32,2% em 2016. Os Estados de Sergipe, Bahia, Pernambuco e Piauí foram os principais responsáveis por esse aumento.


Como outros indicadores de emprego e de acesso à educação, características como nível de instrução, raça e sexo aumentavam a probabilidade de jovens serem "não estudantes" e "não ocupados". Por exemplo, uma mulher de cor preta ou parda tinha 2,3 vezes mais chance de ser "nem-nem" do que um homem branco. Das mulheres de cor preta de 16 a 29 anos, 37,6% eram "nem-nem". Entre os homens brancos, eram 16,4%.


Das 7,3 milhões de mulheres de 16 a 29 anos que não trabalhavam nem estudavam, 41,2% apontaram os afazeres domésticos e cuidado de pessoas (como filhos) como motivo principal para não procurar emprego. Entre os 4,3 milhões de "nem nem" do sexo masculino, a maior parcela apontou que não havia trabalho na localidade (44%) para a falta de busca por emprego.


"Sabemos que as mulheres têm nível de instrução maior do que os homens. Então, a explicação para mais mulheres não estudarem nem trabalharem precisa ser outra. Elas estavam, fora da força de trabalho porque tinham afazeres doméstico ou tinha que cuidar de parentes. Então, existe um conceito mais amplo de trabalho. Elas trabalham, mas não numa atividade econômica", acrescentou a técnica do IBGE.


A Síntese de Indicadores Sociais é feita pelo IBGE desde 1998. Essa edição da pesquisa utilizou pela primeira vez dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, a pesquisa nacional de mercado de trabalho do instituto, que começou a ter dados coletados a partir de 2012. O objetivo da Síntese é cruzar dados do IBGE para traçar um perfil das condições de vida da população.


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