RIO – O conhecimento do próprio corpo é importante na prevenção e identificação de abusos sexuais. Quem explica é a educadora em sexualidade Açucena Barroso, que diz que casos como o da jovem de Acaraú, no Ceará, que denunciou o primo por estupro após assistir a uma palestra de educação sexual, poderiam ser mais comuns se crianças fossem ensinadas desde cedo sobre o tema e sobre a importância de não serem intimamente tocadas.
- O autoconhecimento é essencial em todas as faixas-etárias. Quando levamos informação, esse tipo de denúncia se torna possível. As crianças não têm noção do que é ou não abuso, por isso é tão necessário que as escolas tenham palestras e aulas sobre o assunto – ressalta a especialista.
No último dia 17 de fevereiro, um homem de 23 anos foi preso em Acaraú, no Ceará, após sua prima, hoje com 16 anos, denunciá-lo por abusos cometidos entre 2017 e 2018. O caso da jovem, que repercutiu nas redes sociais e veículos de comunicação, foi possível graças uma palestra a que ela assistiu e que a fez identificar como violência o que havia sofrido na infância.
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No caso em questão, os investigadores revelaram que o suspeito se aproveitava do grau de parentesco e proximidade para cometer os crimes. Para Açucena, é exatamente por isso que, desde cedo, é preciso alertar os filhos e alunos.
- Não é chegar para uma criança de quatro anos e mostrar as regiões com nomes corretos e achar que elas vão entender. Nessa fase entra onde pode tocar ou não no seu corpo e, principalmente, quem pode e de qual maneira – explica.
Açucena Barroso destaca ainda que nessas palestras é possível tirar as dúvidas do jovem e fazer com que eles identifiquem situações que já viveram, como no caso da menina cearense. Nos casos de abuso, ela adverte que é preciso ter cuidado na abordagem.
- Não podemos identificar uma vítima e falar "olha, você está sofrendo abuso". Precisamos ter cautela, principalmente por não sabermos o que espera essa criança/adolescente em casa. O ideal é trazer os pais na escola para um diálogo e depois intervir – conclui.
Sobre o caso da jovem cearense, um inquérito policial foi instaurado e, com base nas provas, a prisão preventiva foi decretada. O processo está na justiça.
* Estagiária sob supervisão de Carla Rocha