Por MGTV — Belo Horizonte


Dia Nacional da Consciência Negra lembra importância da igualdade racial

Dia Nacional da Consciência Negra lembra importância da igualdade racial

“Nós temos valor sim”, diz emocionado o vigia Cristiano Veríssimo, apertando os olhos sem conseguir segurar o choro. “Só quem vive, sabe. Só quem passa tudo que a gente passa, sabe”, completa. Ele conta que foi discriminado enquanto trabalhava e foi chamado de “macaco”. Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o MGTV 1ª edição exibiu duas reportagens sobre racismo. Veja, no vídeo acima, este e outros relatos de pessoas que sofreram preconceito.

A data marca o aniversário da morte de Zumbi dos Palmares. O dia também é para lembrar da importância da igualdade racial e refletir sobre a discriminação que, infelizmente, ainda é muito presente na sociedade. Um ato criminoso, revoltante e que causa muita indignação em quem só quer respeito.

“Cada vez mais a gente consegue, por exemplo, ter clareza que o racismo existe no Brasil. Até um determinado momento, a gente acreditava que não, que todos éramos iguais e que todos tinham a mesma chance. Mas a gente foi descobrindo que existe alguma coisa que faz que o negro não esteja em todos os lugares, que ele teria o direito de estar. As mudanças só vão começar a acontecer na formação“, disse o professor Luiz Alberto Oliveira, da Univesidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), negro é o termo usado para tratar de duas raças juntas, a preta e a parda. No Brasil, são mais de 110,4 milhões de pessoas negras, o que representa 54% da população brasileira. Em Minas, são mais de 12 milhões e, em Belo Horizonte, cerca de 3 milhões.

Injúria racial e racismo são crimes previstos na lei e devem ser denunciados para que o agressor possa ser punido. Dependendo da discriminação, ele pode pegar de um a cinco anos de prisão.

“Injúria tem a ver com uma pessoa em si ofendida com palavras contra a sua honra, sua etnia, sua religião. O crime de racismo já aborda uma coletividade, de um grupo de pessoas, também a ver com religião e com a etnia. Sendo que os dois devem ser denunciados e apurados”, disse o presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-MG, Gilberto Silva Pereira. Com uma história de resistência e conquistas, ele também já foi vítima de racismo e não deixou de denunciar.

Em muitas escolas, crianças aprendem a respeitar e conviver com a diferença

Em muitas escolas, crianças aprendem a respeitar e conviver com a diferença

E nesta luta contra o preconceito, a educação tem um papel muito importante. Em muitas escolas, as crianças estão aprendendo desde cedo a conviver e a respeitar as diferenças. “Eu desenhei um menino negro com o cabelo amarelo. Eu acho que ficou legal”, disse Pedro Lopes, de 8 anos, na segunda reportagem especial sobre o tema.

“O racismo é uma construção social. Ele não está escrito no sujeito, ele está escrito socialmente. A medida que a criança nasce, ela vive experiências que estão ligadas à presença do racismo na sociedade. Nas interações sociais que ela vive com o mundo social, ela acaba introjetando valores racistas”, disse a professora Maria Cristina Gouveia.

Maria Cecília Assis, de apenas 6 anos, já sofreu racismo. “Tinha uma menina que ela era branquinha e, só porque eu sou negra, ela falava que não queria que eu existisse. Eu ficava triste, magoada”, contou.

Na escola onde estuda agora, a conscientização é tratada até nas brincadeiras. A menina segura uma boneca negra e diz que se parece com ela e com o pai. "Meu pai ele é negro e é bem bonito”, contou. A biblioteca oferece livros com protagonistas negros e sobre as origens africanas.

O MGTV quer ouvir os telespectadores. Quem já sofreu algum preconceito racial pode gravar um depoimento em celular e mandar para o WhatsApp pelo número 99955-9000.

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