Por Pedro Bohnenberger, CBN — Belo Horizonte


Bernardo Colete, de apenas 6 anos, fez um desenho para mostrar como imagina o coronavírus. — Foto: Arquivo pessoal

Durante a pandemia, a criançada aprendeu a se proteger e perdeu o contato com os amigos e a convivência na escola. Para descobrir como essa geração está entendendo esse momento, as principais angústias e saudades durante o distanciamento, a reportagem conversou com vários pequenos e registrou suas impressões.

"Pandemia é o tempo que todo mundo tá vivendo"; "Uma coisa que deixa as pessoas doentes"; "O momento que a gente tem que ficar em casa se cuidando"; "Ficar com a família e não sair de casa senão pega corona". Estas foram algumas das frases que os "especialistas mirins" soltaram.

Lis Rosa Passos, de apenas 5 anos, conseguiu, em poucos segundos, sintetizar todos os adjetivos para descrever a pandemia:

"A pandemia é uma coisa chata, melequenta e feia. Se eu encontrasse ela, eu iria falar assim: eu não quero mais você perto de mim, não quero mais falar de você, você é feia, eu não quero você perto de mim, sai daqui", disse.

E o coronavírus? "Ele é feio, ele tem gosma, os pés todos 'chulezentos', ele tem uma boca com uma língua comprida", disse a menina

E as saudades que as crianças enumeram também são muitas:

"De ir na barraquinha de sorvete para tomar com a minha avó"; "De ir ao cinema"; "De comemorar aniversários"; "Fazer amizade na pracinha"; "Eu tô sentindo saudade de uma criança brincar comigo".

Mas é uma palavra em especial que aparece na reposta de quase todas quando a pergunta é sobre o que tem feito falta: a escola.

O que as crianças mais sentem saudades é da escola e de encontrar os amigos nas aulas. (Imagem ilustrativa) — Foto: Tina Floersch / Unsplash / Divulgação

O papel dos pais

O pediatra e sanitarista Daniel Becker explica que as crianças compreendem a realidade através de duas formas: do que elas veem e escutam, e pela reação dos pais. Esse comportamento dos responsáveis tem papel fundamental no entendimento da realidade.

"Como houve muito medo, muita ansiedade, muita angústia, essa percepção vai ser formando através dessa angústia que ela percebe na família. Ela não tem condição de processar uma notícia, ela tem a percepção da realidade dela que vai se transformando. Ela vai se isolando em casa, ela vai deixando de poder ir na pracinha, de encontrar amiguinhos, de poder ir à escola, e isso tudo vai formando a sensação e um monstro, literalmente, que existe lá fora, e que é muito assustador", disse Becker.

Cada criança enxerga o mundo de uma forma única, com a curiosidade e a imaginação próprias de quem é aberto a aventuras e quer descobrir os detalhes da vida. Neste momento, segundo o especialista, o importante é acolher e dar apoio, para que a transição da pandemia seja o menos traumática possível.

Crianças precisam de apoio e acolhimento para que pandemia não seja muito traumática para elas. (Imagem ilustrativa) — Foto: Michał Parzuchowski / Unsplash / Divulgação

Bernardo Metzker, de 8 anos, conta que a avó dele ficou internada com complicações da Covid-19. Agora, ela está bem. Depois de passar pela situação, o garoto quis dar um recado para quem não está se protegendo.

"Isso é um alerta porque minha avó estava no hospital por causa desse vírus, porque ela não usou máscara, não usou álcool em gel depois que cumprimentava as pessoas, não usou cotovelo para cumprimentar, e isso deixou ela no hospital. Então, vocês desatentos, que não usam máscara, podem começar a usar", disse.

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