Luana Génot
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Luana Génot
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Luana Génot


Você é a favor ou contra cotas? Por quê?

Cotas são ações afirmativas baseadas no reconhecimento da realidade desigual e na aplicação de ações temporárias, especificamente direcionadas para grupos que não têm os mesmos acessos às oportunidades. Todos perdem com o desperdício sistemático de talentos e narrativas que poderiam ser melhor aproveitadas. Empresas deveriam persistir nessas ações até que os números se equalizem. O princípio delas não foi desenhado para durar “para sempre”. O ideal seria chegarmos em um mundo mais igualitário.

Cotas não são imunes a críticas. Programas de ações afirmativas precisam levar em consideração, para além da quantidade, a qualidade. Além de atrair grupos para postos de empregos, apoiar a possibilidade de crescimento das pessoas ao longo do tempo. O que nem sempre é o caso.

Recentemente, o bilionário Elon Musk afirmou que “diversidade e inclusão precisam morrer”, pois criariam outras discriminações ao invés de eliminá-las. Sua opinião reverbera a de tantas pessoas que se posicionam contra sistemas de inclusão. Empresas que congelaram seu programa de cotas e universidades nos Estados Unidos estão revendo a pauta. Há grupos questionando essas políticas, movimentos de combate ao assédio e antirracistas dizendo que são excludentes e seletivos em relação a outros tópicos sensíveis, como antissemitismo ou anti-islamismo. Discussões que precisam ser levadas em consideração, entre outras.

No Brasil, o assunto é polêmico. Mas houve ganhos nos últimos anos. Nunca se investiu tanto na pauta. Já foi provado que empresas com mais diversidade são mais lucrativas e retêm mais talentos. A lei de cotas nas universidades foi renovada. Nunca se viu tantos profissionais atuantes e que voltaram suas carreiras para debater a temática.

Iniciativas mais robustas ainda estão centralizadas em criar avanços na pauta de gênero, em especial para mulheres brancas, heterossexuais, sem deficiência e cisgênero. Sim, elas merecem mais espaço e paridade no salário. Mas também precisamos admitir que a pluralidade de identidades, ou interseccionalidade, é essencial, inclusive para que a pauta ganhe mais força e escala. Com seus defeitos e qualidades, continuo sendo a favor das ações afirmativas. Entre os que têm bilhões em suas contas e foram capazes de construir ferramentas high-techs, além de críticas e nostalgia espalhadas pelas redes sociais, ainda não compartilharam quais mecanismos inovadores, somados à educação básica de qualidade, sugerem para substituir as cotas. Criando, assim, uma sociedade com mais igualdade de oportunidades para todos.

Concordo que no processo de aprimoramento do debate sobre ações afirmativas, como diria a ministra Sônia Guajajara, precisamos envolver mais as pessoas. Reinvenção, readaptação, novos enquadramentos e linguagens serão sempre necessários nos contextos de apoio ou resistência.

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