Por Carol Paes, Débora Carvalho e Paula Moreira, Diário TV 2ª Edição


Bloqueio de verbas para universidades federais preocupa institutos do Alto Tietê

Bloqueio de verbas para universidades federais preocupa institutos do Alto Tietê

O bloqueio de 30% da verba para pagar gastos não obrigatórios, como água, luz e terceirizados, na área da educação, anunciado pelo governo federal, preocupa os Institutos Federais (IFSP) do Alto Tietê.

Em nota, o Ministério da Educação afirmou que o corte, comparado ao total de verbas, não passa de 3,4% do orçamento geral das instituições.

Em Itaquaquecetuba, a dificuldade econômica já compromete a abertura de novas vagas, enquanto em Suzano, os alunos podem ficar sem material nos 16 laboratórios.

Nos anos de 2017 e 2018, a unidade de Itaquaquecetuba recebeu R$ 1,1 milhão, mas em 2019 o valor deve cair para R$ 900 mil. Esta quantia é usada para manter os 43 professores e cerca de 560 estudantes com idade entre 14 e 40 anos.

O instituto oferece o ensino médio regular, técnico em mecânica e licenciatura em matemática, em um prédio novo, com 12 salas e laboratórios bem equipados.

O serviço está mudando a vida de alguns estudantes, como Mariana dos Santos Barbosa. "Eu acho muito bom, principalmente a área do integrado, não desvalorizando as outras partes, ela prepara a gente para o futuro com uma visão de mundo excelente", diz a estudante.

Mas o funcionamento total da unidade está comprometido, já que alguns improvisos já são feitos, como a divisão de parte de um dos laboratórios de mecânica com o refeitório, que já invadiu o que deveria ser uma área de convivência para os alunos. Novas vagas não são abertas por falta de salas.

Laboratórios do Instituto Federal de Suzano poderão ser fechados por conta do corte de verbas anunciado pelo Ministério da Educação. — Foto: Reprodução/TV Diário

O diretor da unidade, Denilson Mauri, diz que chega a faltar giz para dar aula. "Nós retiramos o giz e o pincel atômico. Nós retiramos tudo isso diante deste contingenciamento severo", diz.

O congelamento de recursos não vai prejudicar só os serviços para manter a unidade funcionando e os investimentos nela. A alimentação de cerca de 240 alunos do período integral, talvez seja mantida só até novembro.

"A nossa qualidade na alimentação e ser servida do jeito que ela é, faz uma diferença não só no rendimento das aulas, mas na convivência dos alunos. Eu acredito que a gente consegue segurar até outubro", diz o diretor.

A universidade também precisa de livros, mas a biblioteca do IFSP de Itaquaquecetuba ainda tem prateleiras vazias, que não foram preenchidas porque o recurso foi cortado. A última compra ocorreu no primeiro semestre de 2018.

A professora de português Tais Matheus da Silva diz que a licenciatura poderá ser prejudicada pela falta de livros. "O curso tem o aproveitamento altíssimo e baixíssimo índice de evasão de alunos e pode ser prejudicado na avaliação do Ministério da Educação", explicou.

Suzano

Em Suzano estudam 1,1 mil alunos, no ensino integral e 12 cursos técnicos. Além da vontade de aprender dos alunos, agora eles convivem com a insegurança.

O diretor-geral de campus de Suzano, Breno Teixeira Santos, diz que os laboratórios vão parar. "Algumas aulas, com o passar do tempo, vão deixar de ser dadas em laboratório porque não teremos verbas para isso", diz.

O repasse anual do Ministério da Educação para a unidade de Suzano foi de um pouco mais R$ 2 milhões. Funcionando desde 2010, o campus chegou a receber mais verba em anos anteriores. Até agora, os projetos que estão em andamento já tinham sido planejados com o orçamento anterior. A preocupação é quanto às atividades que podem ficar comprometidas no segundo semestre deste ano.

"A gente já vem com desenho de cortes desde 2015, então o cenário nosso hoje, não só no campus de Suzano, os contratos estão todos no limite mínimo. Não tem gordura para corte e para dar sobrevida. Então mais contingenciamentos ou cortes, vão de fato levar a gente a suspender serviços", pontua o diretor.

O estudante Adilson de Andrade sempre estudou em escola pública. Atualmente, ele cursa o terceiro ano do ensino médio e faz técnico em química no instituto, em busca do sonho de ser um engenheiro de alimentos.

"Se for aceito este corte mesmo, nós vamos perder bolsa de extensão, de pesquisa, auxílio alimentação, que são essenciais para alguns estudantes", diz o estudante.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que o bloqueio de 30% das verbas nas universidades e institutos federais se refere apenas a uma parte das despesas chamadas discricionárias, como água, luz, serviços terceirizados e pesquisas.

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