Niterói
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Por Lívia Neder — Niterói

Completando uma década este ano, a Lei de Cotas mudou a cara da universidade pública, democratizando o ensino superior ao aproximar estudantes pobres, negros e indígenas da academia. Principal instituição de ensino da cidade e uma das maiores universidades do país, a Universidade Federal Fluminense (UFF), hoje, retrata esse aumento de diversidade e oportunidades. Marcando as comemorações pelo Dia da Consciência Negra, celebrado no próximo domingo, o Centro de Artes da UFF reúne lideranças pretas em evento comemorativo, de quinta-feira ao dia 23.

O evento “Atelerió — Afropresenças e luta” vai reunir intelectuais, artistas, coletivos e potências pretas em uma grande variedade de atividades culturais ao longo de uma semana: conferências, rodas de conversas, vivências, teatro, dança, artes visuais, cinema, shows e feira.

Pró-reitora de graduação da UFF, Alexandra Anastacio será conferencista da mesa “Empretecer o pensamento através das políticas afirmativas na educação”. Ela destaca que a política de cotas promove igualdade de oportunidades e desenvolvimento social e econômico a partir de práticas antirracistas, mas precisa avançar:

— As políticas de cotas contribuíram com o aumento da diversidade nos espaços acadêmicos, porém ainda notamos que, com o avanço da formação (pós-graduação), esta diversidade não é observada, o que reforça a necessidade de políticas específicas para a pós-graduação. Além disso, a diversidade nos espaços de tomada de decisão é fundamental para a reorientação das políticas — avalia.

Entre os assuntos que vai abordar, a pró-reitora ressalta a inclusão e o acesso, com ações relacionadas à implementação de cotas para ingresso na escola (colégio universitário), na universidade e em concursos docentes e para técnicos administrativos (promovidos pela prefeitura); a permanência, com políticas institucionais, sobretudo étnico-raciais, que promovam acesso de estudantes cotistas a bolsas — incluindo uma parceria da UFF com a Secretaria de Assistência Social; a reorientação do ensino e da produção de pesquisa e de extensão, por meio do seu empretecimento, com abordagens que reconheçam intelectuais negros e suas contribuições para o desenvolvimento científico, tecnológico social, econômico e cultural nas diferentes áreas do conhecimento; e o papel das escolas e universidades na formação de professores ao abordar as temáticas étnico-raciais em seus currículos.

— A abordagem da questão étnico-racial nas escolas não pode se limitar à escravidão, mas deve propiciar uma visão decolonial do conhecimento — frisa a professora.

O evento

De acordo com a organização, o termo que dá nome ao evento, de origem iorubá, um dos maiores grupos étnico-linguísticos da África Ocidental, é uma reverência aos ancentrais. A ideia é que, em Atelerió, passado e presente unam forças para enfrentar o racismo e afirmar a vida por meio de um “aquilombamento cultural”. A expressão se apresenta em oposição à de “apartheid”, e aponta para uma busca de afirmação e protagonismo de espaços de negritude.

Para a coordenadora do evento, Janaína Dias, o projeto Atelerió reforça a importância da história e da cultura do povo negro na sociedade brasileira e a urgência da luta antirracista.

— No enfrentamento do racismo e das desigualdades que ele proporciona, a arte e a cultura são dimensões importantes de existência, resistência e afirmação da negritude — diz.

Um dos destaques da programação é a cerimônia de homenagem a representantes pretos que se sobressaem em áreas normalmente dominadas pela corporeidade branca. Nesta edição, a homenageada é Isildinha Baptista Nogueira, psicanalista, doutora em psicologia escolar e desenvolvimento humano, pesquisadora de questões sobre o corpo negro e autora de diversos livros, entre eles, “A cor do inconsciente — Significações do corpo negro”, indicado ao prêmio Jabuti 2022, na área da Ciência.

— O racismo adoece a todos, brancos e negros. Acredito que esse esforço de pensarmos sobre isso pode nos libertar dessa perversa fantasia de que a humanidade se compõe de seres superiores a outros — diz.

Além da homenagem, nomes representativos de todas as artes e de movimentos e pensamentos antirracistas estarão presentes. Para a abertura, quinta, às 17h30m, o professor, antropólogo e escritor Júlio Tavares apresentará a conferência “A construção do apartheid brasileiro”. No mesmo dia, às 19h, será inaugurada a exposição “Invencível novembro”, na Galeria de Arte UFF; e a cantora baiana Gloria Bonfim fará um show inspirado nos terreiros de candomblé, no Teatro da UFF, às 20h.

Na programação, haverá mesas de conversa, sempre às 15h, com os temas “Aquilombamento na pesquisa”: sexta que vem, o Coletivo Marcos Romão abordará o tema “Empretecer o pensamento pelas políticas públicas da educação”; dia 21, os professores Alexandra Anastacio, Natalia Barbosa (Coluni-UFF) e Renato Ferreira (Educafro) tratarão de “Corpos negros e religiosidades”; e, dia 22, o babalorixá Dário de Ossain, a mãe Márcia d’Oxum e o pastor Henrique Vieira abordarão o o “Aquilombamento da arte”.

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