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Conheça Keeko: o robô usado em salas de aula de 600 escolas chinesas

O andróide conta histórias e propõe exercícios de lógica, além de divertir os pequenos
O assistente de ensino Keeko fica animado quando os alunos acertam uma resposta Foto: GREG BAKER / AFP
O assistente de ensino Keeko fica animado quando os alunos acertam uma resposta Foto: GREG BAKER / AFP

PEQUIM — Um robozinho de 60 centímetros de altura em formato arredondado está sendo usado em 600 escolas infantis chinesas como um assistente de ensino. Ele se chama Keeko, conta histórias e propõe exercícios lógicos para crianças, mas não substitui os professores.

O país investe maciçamente no campo da inteligência artificial, no âmbito de seu programa "Made in China 2025", que visa desenvolver a indústria de alta tecnologia. Os robôs já atuam para entregar compras, acompanhar idosos ou informar sobre as leis à população. Segundo a Federação Internacional de Robótica, a China é o país no mundo em que mais robôs industriais são usados: já existem 340 mil distribuídos por suas fábricas.

No caso de Keeko, porém, o foco do investimento é em educação. Além das escolas infantis chinesas, a fabricante espera poder implementá-las ainda em outros países asiáticos.

Crianças se divertem com o robô Keeko na escola Yiswind em Pequim, na China Foto: GREG BAKER / AFP
Crianças se divertem com o robô Keeko na escola Yiswind em Pequim, na China Foto: GREG BAKER / AFP

— A educação hoje não é mais unidirecional, com um professor que ensina e aprendizagem dos alunos — disse à "AFP" Doce Xiong, treinador para o uso de Keeko nas escolas. — Com a cabeça e o corpo redondos, o robô é verdadeiramente cativante e, quando as crianças o vêem, praticamente o adotam imediatamente — explica o ex-professor.

Mas Xie Yi, diretora da escola infantil na qual os robôs foram testados, acredita que ainda vai demorar um pouco até que os robôs substituam os professores humanos.

— Para ensinar, você tem que ser capaz de interagir, trazer um toque humano, um contato visual e expressões faciais. Tudo isso diz respeito à educação — disse. — Não é apenas sobre uma história da aula de línguas ou outro conteúdo.

A professora Candy Xiong, da escola Yiswind, em Pequim, apresenta Keeko a seus alunos Foto: GREG BAKER / AFP
A professora Candy Xiong, da escola Yiswind, em Pequim, apresenta Keeko a seus alunos Foto: GREG BAKER / AFP

Estudantes em um jardim de infância em Pequim se divertiram quando tentaram solucionar o exercício de seu novo "professor", que possui câmeras integradas para orientá-lo.

Na escola Yiswind, nos arredores de Pequim, as crianças escutaram o robô enquanto ele contava, com voz infantil, a história de um príncipe que se perdeu no deserto. A tarefa dos pequenos era reconstituir o caminho percorrido pelo personagem conforme apareciam imagens na tela do Keeko. Para cada respostacerta, ele reagia com entusiasmo e mostrava olhos em forma de coração.

Keeko mostra olhos de coração quando os alunos respondem uma questão corretamente Foto: GREG BAKER / AFP
Keeko mostra olhos de coração quando os alunos respondem uma questão corretamente Foto: GREG BAKER / AFP

Os robôs Keeko, que custam aproximadamente R$ 6,1 mil cada, ou seja, cerca do salário mensal de um professor da educação infantil na China, ainda não se tornaram uma grande vantagem, segundo Xie. No entanto, disse que o que mais gosta sobre robôs é que eles são "mais estáveis emocionalmente do que humanos".

O mercado chinês de robôs de serviço (de equipamentos médicos a aspiradores automáticos) representou cerca de R$ 4,3 bilhões no ano passado, e deve aumentar para R$ 20,1 milhões até 2022, segundo a consultoria ResearchInChina, de Pequim.

Recentemente, a capital chinesa sediou uma conferência internacional sobre robótica, na qual foram feitas apresentações sobre robôs cirurgiões, outros capazes de jogar badminton ou tocar bateria.

Uma empresa chinesa apresentou no ano passado alguns robôs muito realistas que podem conversar, ativar uma máquina de lavar louça, ter expressões faciais complexas e até mesmo manter relações sexuais.