Por Jonas Campos, RBS TV


Alunos e professores protestam após educadora ser agredida em Porto Alegre

Alunos e professores protestam após educadora ser agredida em Porto Alegre

Alunos, pais e professores saíram em caminhada pelas ruas do bairro Rubem Berta, na Zona Norte de Porto Alegre, na tarde desta quinta-feira (1), para protestar contra a agressão sofrida por uma professora em uma escola pública da capital e pedir mais proteção.

"Isso aqui é um apelo pela segurança perto da escola. É um absurdo o que aconteceu com a nossa colega e não pode se repetir", disse o professor Andrei Rodrigues, que participou da manifestação.

"É um desrespeito com o professor, que vem para ensinar os nossos filhos. Vamos reagir para não acontecer de novo", defendeu Elisangela de Souza, mãe de um aluno.

O episódio aconteceu no fim da tarde de quarta-feira (31) na Escola Municipal de Ensino Fundamental Grande Oriente. Uma professora, de 59 anos, foi agredida por trás, com socos, e na queda bateu com a boca no chão e quebrou os dentes. Ela chamava um estudante, que estava no pátio da escola, para entrar na sala de aula. Segundo o boletim de ocorrência, a agressora é irmã de um aluno e teria se incomodado com a cobrança da educadora.

A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso. A vítima deve ser ouvida nos próximos dias. Segundo a polícia, a mulher, autora dessa agressão, tem 31 anos. Além do irmão, ela tem três filhos matriculados no colégio. A mãe dela esteve na delegacia e afirmou não saber onde a filha está.

Crianças seguraram cartazes pedindo paz — Foto: Reprodução/RBS TV

As aulas foram canceladas para os 1,2 mil alunos da instituição e serão retomadas na próxima segunda-feira (5). Alguns dos estudantes se juntaram a professores e pais nesta quinta para participar do protesto.

"Agora, ele veio perguntando para mim: mãe, a minha escola tem bandido? Alguma coisa vai ter que mudar, e a pessoa vai ter que ser punida. Eu, como mãe, fiquei muito revoltada, fiquei muito chateada", contou Jane Beatriz de Oliveira.

À frente do grupo, que carregava faixas e balões, um poeta da comunidade, com o rosto pintado de branco, pedia um basta para a violência. "As nossas mãos nunca devem estar manchadas de sangue. Têm que estar branquinhas. A paz... A paz é universal", proferiu o escritor e poeta Jair Silva Gonçalves.

"É um absurdo, porque o professor é um pai, uma mãe pra gente. É um mestre, nos ensina, nos leva pro futuro. É um absurdo o que aconteceu com ela", lamentou a babá Elisangela de Souza.

Alunos participaram do protesto que pedia basta para a violência — Foto: Reprodução/RBS TV

Simpa pede volta da Guarda Municipal

Essa foi a segunda professora agredida em Porto Alegre em menos de dez dias. Na quarta-feira (24) da semana passada, Helena Lauenstein, professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Afonso Guerreiro Lima, no bairro Lomba do Pinheiro, levava uma turma do terceiro ano para o pátio quando, de repente, no saguão de entrada, foi surpreendida por socos e chutes. Ela também foi agredida pela irmã de um aluno.

O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) quer a volta da Guarda Municipal nas escolas. O secretário municipal de Educação defende que os porteiros já contolam a entrada e a saída e que as escolas são monitoradas por câmeras de segurança conectadas ao Centro Integrado de Comando (CEIC) da capital.

"O que acontece externamente à escola tem funcionado e tem funcionado bem. Nós temos conseguido. Não seria a presença de uma Guarda Municipal ou da Brigada Militar que teria evitado. Essa é uma violência que aconteceu de maneira completamente inesperada e com pessoas que pertencem à comunidade escolar", afirmou o secretário de Educação de Porto Alegre, Adriano Naves de Brito.

O diretor da escola, Geraldo Vargas, disse que um grupo da Secretaria prestará apoio psicológico e dará encaminhamentos em torno da construção de um projeto de paz para a comunidade e para escola. "Vem uma equipe da Secretaria para trabalhar conosco", garantiu.

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