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Raul Francisco Moreira

Como transformar os 'nem-nem' em 'com-com'?

Criar um amplo movimento de empresas educadoras pode ser determinante para o futuro do país

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Raul Francisco Moreira

Diretor do Instituto J&F e membro dos conselhos de administração do Banco Original e Picpay

Os resultados de um estudo recém-divulgado pelo IBGE "Educação 2022 – Pnad Contínua"— voltaram a colocar em evidência um dos grandes desafios do sistema educacional brasileiro: o fato de que cerca de 20% dos nossos jovens com idades entre 15 e 29 anos estão afastados tanto do ambiente escolar quanto do mercado de trabalho.

Mesmo com uma ligeira redução em relação ao ano anterior, quando o índice atingiu 22%, o cenário atual continua sendo de grande preocupação. A começar pelo entendimento de que não estamos falando de "um número", mas sim de aproximadamente 10 milhões de pessoas que "ainda têm toda uma vida pela frente". Dez milhões de cidadãos para os quais já estão faltando ao menos dois pilares essenciais na construção do próprio futuro: educação e trabalho. Difícil não se sentir incomodado diante da série de avanços dos quais o país ainda carece para que realmente possamos falar de uma (boa) educação para todos.

Jovem exibe carteira de trabalho em fila para se candidatar a vaga de emprego no centro de São Paulo - Amanda Perobelli - 29.mar.19/Reuters - REUTERS

Com olhar consciente, mas também esperançoso e realizador, não podemos deixar de analisar as diversas iniciativas que já estão em andamento na tentativa de melhorar esse quadro. Entre elas, uma das mais promissoras na vida dos jovens tem sido a oferta de educação profissional e tecnológica (EPT), especialmente a oferta dos cursos da educação profissional técnica de nível médio. Isso porque, por meio deles, os estudantes concluem a educação básica ao mesmo tempo que já se formam como técnicos numa determinada ocupação, desfrutando esse importante estreitamento entre educação e trabalho.

Já existem exemplos bem-sucedidos nesse sentido, como nas escolas técnicas do Instituto J&F, idealizado e mantido pelos empresários Joesley e Wesley Batista, em que a aprendizagem proporcionada pelo acesso ao conhecimento formal adquire ainda mais concretude ao ser aplicada durante o estágio dos alunos numa das empresas da J&F, como JBS, Swift, Seara, Flora, Banco Original e PicPay. Remunerado, esse estágio tem início já na primeira série do ensino médio.

Com isso, tal como o conteúdo da sala de aula é validado no dia a dia do trabalho, a dúvida experimentada durante o trabalho também é levada para a sala de aula, de forma que teoria e prática se complementam diariamente. Não por acaso, entre alguns impactos gerados pelo Instituto J&F destaca-se o caso dos formados entre 2015 e 2021 que tiveram um crescimento de 72% na sua renda familiar per capita. Na turma de formandos de 2022, 98% já estão com a sua carteira de trabalho assinada.

No macro, contudo, dos 9,2 milhões de estudantes brasileiros matriculados no ensino médio em 2022, apenas 8,3% estavam frequentando cursos técnicos —uma porcentagem ainda muito pequena, principalmente quando temos em vista o imenso potencial das juventudes brasileiras mediante a adoção mais efetiva dessa modalidade de ensino. E, principalmente, quando também sabemos que, segundo o próprio IBGE, a taxa de desemprego na faixa etária de 18 a 24 anos subiu para 18% no 1º trimestre deste ano, um aumento de 1,6 ponto percentual em comparação com o 4º trimestre de 2022, fazendo com que a desocupação entre os jovens seja maior do que o dobro da média.

Se quisermos não só impedir um novo aumento como ainda diminuir esse número, precisamos de um esforço conjunto. De um amplo movimento orientado pelo entendimento de que, não importa se na condição de poder público ou de iniciativa privada, somos todos atores sociais aos quais também compete a responsabilidade pelo futuro dos nossos jovens. E, por isso mesmo, pelo futuro da educação.

Como um centro de educação para os negócios que apoia negócios a se transformarem em empresas educadoras, o Instituto J&F atua para que cada vez mais empresas entendam que gente é tudo. A começar pelos nossos jovens que precisam urgentemente se libertar do estigma de "nem-nem" para finalmente se tornar aquilo a que cada um deles é assegurado no seu pleno direito de ser: os jovens brasileiros "com-com".

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