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Como o direito das mulheres aparece no Enem e vestibulares

Candidato deve perceber e descrever as transformações, independentemente da opinião pessoal
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Para especialistas, os direitos das mulheres precisam ser reconhecidos como parte do aprendizado nas escolas e universidades Foto: Fotolia
Para especialistas, os direitos das mulheres precisam ser reconhecidos como parte do aprendizado nas escolas e universidades Foto: Fotolia

Não há volta. A chamada primavera das mulheres não para de florescer pelo mundo. Em uma década transformadora para o movimento feminista, a questão da igualdade de gênero ultrapassou a esfera política e tornou-se também um fenômeno sociocultural. Na TV, música, cinema e, principalmente, nas redes sociais, grande parte da sociedade exige em coro mais justiça e equidade.

Essa transformação que chacoalha o mundo, também tem impacto no Brasil, inclusive influenciando a principal porta de acesso ao ensino universitário no país, o Enem. O mesmo acontece com vestibulares das principais universidades brasileiras. Para Átila Alexandre Nunes, Secretário de Direitos Humanos do estado do Rio de Janeiro, esse acontecimento é um sinal do avanço dos direitos das mulheres.

— A cultura machista e antiga vai ficar para trás. Há uma maior identificação com as pautas de direitos das mulheres, que vai de questões como violência até a disparidade salarial. Seja em Hollywood ou entre anônimas, muitos pessoas estão ficando mais conscientes, algo que causa incômodo em uma sociedade desigual — avalia Átila.

Apesar dos avanços, nós ainda tropeçamos em rankings mundiais sobre igualdade de gênero. No relatório Global Gender Gap Report 2017, do Fórum Econômico Mundial, o Brasil ficou na 90ª posição em uma lista de 144 países. Segundo o estudo, a colocação do país é resultado das nossas acentuadas desigualdade econômica e discrepância política.

Os números são ainda mais alarmantes quando o assunto é violência doméstica e sexual. De acordo com o portal Relógios da Violência, desenvolvido pelo Instituto Maria da Penha, uma mulher é vítima de agressão física ou verbal a cada dois segundos no Brasil. Em uma perspectiva global, o país tem a quinta maior taxa de feminicídios do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram pela condição de ser mulher.

Os direitos das mulheres no Enem

Da filósofa francesa Simone de Beauvoir à Lei Maria da Penha, o Enem tem feito crescentes observações sobre o assunto ao longo dos anos. Talvez o caso mais emblemático tenha sido o tema da redação em 2015, “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, que convidava os candidatos a abordarem a questão com fatos e articulação de ideias.

A transformação feminista que chacoalha o mundo também impacta o Brasil Foto: Fotolia
A transformação feminista que chacoalha o mundo também impacta o Brasil Foto: Fotolia

Dentro e fora da sala de aula, essas mudanças sugerem agora uma atualização dos currículos tradicionais. Segundo Átila Alexandre Nunes, os temas de igualdade e direitos humanos precisam estar mais presentes no dia a dia dos estudantes.

— Os direitos das mulheres precisam ser reconhecidos como parte do aprendizado. É preciso ler mais sobre o assunto. Quando o Enem começa a falar do tema, os alunos começam a dar atenção para essas pautas. É uma mudança positiva, que desperta o interesse das novas gerações. O próximo passo é que estejam prontos para essas reflexões — conta Átila.

Para Gabriela de Araújo Carvalho, coordenadora de redação do Curso Poliedro, houve um claro aumento do número de autoras e pensadoras citadas na prova, assim como de abordagens do assunto. A professora indica aos estudantes uma observação do cotidiano mais atenta, percebendo como as mudanças ocorrem e suas consequências.

— De uns anos para cá, você entra no metrô e vê os canais de denúncia na TV dos vagões. Isso é decorrência de uma pressão social, uma necessidade das mulheres. No Enem, a chave é perceber e descrever essas transformações, independentemente do que se acha ou sente em relação a elas — explica Gabriela.

A educadora insiste em alertar sobre o erro de considerar a prova como um exame feminista. Segundo ela, o Enem apenas busca incluir pautas sociais significativas no repertório de questões. Assim, cabe aos alunos retirarem da sociedade os elementos necessários para responder às questões da melhor maneira.

— Um bom exemplo de estudo é o “Convite à Filosofia”, da Marilena Chaui, livro didático para Ensino Médio. É uma obra que pode render boas citações na redação, por exemplo. Acima de tudo, a observação é o segredo. O que há de novo na vida? Se for necessário, ande com um caderno e anote detalhes do cotidiano relevantes para a prova — completa Gabriela.