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Como nossa escola está se preparando para o Saeb 2019

A avaliação externa compõe a nota do Ideb. Confira dicas da diretora Lúcia Cortez para se preparar para o exame

POR:
Lúcia Cristina Cortez
Crédito: Getty Images

A Escola Municipal Waldir Garcia, em Manaus (AM), vem se preparando ao longo dos anos não só para realização das avaliações externas, mas para que todos aprendam. Não dá para nos preocuparmos apenas no ano em que acontece o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), pois é pouco tempo para obtermos bons resultados na aprendizagem. É um planejamento a longo prazo, que se inicia quando as crianças entram em nossa escola. Abaixo, listo algumas das principais ações que nos auxiliam para o Saeb:

Atenção aos descritores da prova e na base da aprendizagem
Acreditamos que uma base sólida de aprendizagem em cada ano escolar é essencial para o bom prosseguimento nos estudos. Por isso, a preocupação com o desempenho dos alunos vale para todas as turmas – mesmo aquelas que não fazem o Saeb.

Proporcionamos, desde o primeiro ano, bons momentos lúdicos de leitura e de escrita aos nossos estudantes. Nossa excelente professora alfabetizadora, Eliane da Mota Pinheiro, já introduz os gêneros textuais (conteúdo que é contemplado nos descritores do Saeb), no momento da construção da leitura e da escrita. Na alfabetização matemática, também introduzimos os descritores a partir do primeiro ano. É importante que a escola conheça os descritores da prova para que ela tenha mais clareza do que é cobrado e dos pontos que precisa fortalecer na aprendizagem.

Em nossa grade curricular está contemplada cinco aulas de Matemática e três aulas de Matemática lúdica.  Assim, vamos trabalhando com atividades lúdicas como parte integrante da aprendizagem, em que os estudantes aprendem sólidos geométricos, numerais, seriação, operações de adição e subtração e ordenar números em sequência.  Desta forma, as crianças vão construindo conceitos, conteúdos matemáticos e tendo as primeiras noções de lógica, de aritmética e geometria. É através da experimentação com situações concretas que vão adquirindo fluência na Matemática, por meio do raciocínio e compreensão em diferentes contextos, excluindo a repetição e a tensão. E, assim, aprendendo a gostar da Matemática.

Na escola Waldir Garcia, além da preocupação com as aulas, há atenção ao espaço, que também é considerado um ambiente alfabetizador. Crédito: Acervo pessoal/Lúcia Cortez

Continuidade no trabalho
A continuidade do trabalho é essencial para que não haja falhas na formação dos estudantes. Além desse cuidado necessário ano a ano, na Waldir Garcia também tivemos a experiência de manter as professoras por dois anos com a mesma turma. As professoras Salomé Pereira Vasconcelos e Daniele Pinto Coelho assumiram as turmas do quarto ano e permaneceram com elas quando estas avançaram para o quinto ano. Assim, as professoras acompanham os estudantes por dois anos, dando continuidade ao trabalho e conhecendo-os individualmente, possibilitando um atendimento personalizado. Trabalhando de forma diferenciada de acordo com as dificuldades de cada um, as professoras aplicam os roteiros de estudo de acordo com o nível de cada estudante.

Personalização da aprendizagem
Utilizamos o programa digital Educação Profuturo, da Fundação Telefônica – Vivo. Recebemos um kit tecnológico composto por notebook, tablets, roteador, projetor e tela de projeção. Estes equipamentos promovem a personalização da aprendizagem e ampliam as oportunidades de inovação junto aos educadores e estudantes. A partir deles, disponibilizamos o acesso a um ambiente de aprendizagem e conteúdos pedagógicos digitais, no qual trabalhamos vários descritores de Matemática e Língua Portuguesa com metodologias diferenciadas. Todos aprendem rápido e com prazer, pois o lúdico e a interação ajudam a estabelecer uma sala de aula mais ativa e interessante, com estudantes participativos e atentos.

No laboratório de informática, acontecem duas aulas semanais. Trabalhamos com a plataforma Khan Academy. Nela, há videoaulas, exercícios que envolvem desde as operações básicas até mais avançadas de álgebra, geometria e cálculos. A plataforma é gratuita e gera relatórios que demonstram a evolução do desempenho de cada estudante.

Construção de um ambiente educador
Buscamos transformar a sala de aula em um ambiente alfabetizador, em que as crianças sejam motivadas a ler e a escrever de forma concomitante e prazerosa, despertando o hábito da leitura e da escrita. Para isso, garantimos o livre acesso a bons livros e títulos diversificados em diferentes espaços, como a mala da leitura, cantos de leitura e janela da leitura.  Todas as salas de aula da escola, do 1º ao 5º ano, tem um canto de leitura. Temos por semana seis aulas de Língua Portuguesa e duas de literatura, sendo que uma destas aulas acontece na biblioteca. Assim, estimulamos a todos para visitarem e fazerem uso deste espaço que é o coração da escola. E, desta forma também, vamos formando leitores.

Em todas as salas há um cantinho de leitura. Crédito: Acervo pessoal/Lúcia Cortez

Salomé e Daniele, as professoras do 5º ano, estão desenvolvendo na Língua Portuguesa projetos de leitura, com empréstimos de livros, leitura diária e leitura de deleite com interpretação de textos, participação na Olímpiada de Língua Portuguesa, canto de leitura com gibiteca e demais gêneros textuais, confecção de álbum com os gêneros textuais, varal com produções textuais e sarau de leitura.

Também temos o canto da Matemática na sala de aula. Confeccionamos o álbum da Matemática com os sólidos geométricos e dos polígonos, aproveitamos as oficinas da Matemática lúdica para produzirmos jogos estimulantes de concentração; construção de maquetes e de sólidos geométricos com jujuba a partir de suas planificações; atividades práticas envolvendo o eixo espaço e forma; com as medidas realizamos exposição de recipientes com diferentes volumes, assim, desenvolvemos atividades práticas estimulando a compra e venda de produtos com o dinheiro de brinquedo para que tenham noção do sistema monetário, troco, lucro, porcentagem, etc.

A escola também possui cantinhos de Matemática. Crédito: Acervo pessoal/Lúcia Cortez

Todo os espaços e tempos da escola são transformados em territórios de aprendizagem. Por exemplo, na horta, trabalhamos fração. Na quadra, os professores exploram a lateralidade, localização e movimentação de objetos em mapas, croquis e outras representações gráficas, além de estudar perímetro da área, estabelecer relações entre o horário de início e término e/ou o intervalo da duração de um evento ou acontecimento.

Desenvolvimento das socioemocionais
Temos ainda as oficinas de Teatro e de Filosofia, as quais contribuem para o desenvolvimento do equilíbrio emocional, do pensamento crítico, do corpo e da mente através de jogos teatrais e técnicas, explorando os diversos gêneros textuais. Incentivando a leitura, o pensar, argumentar, questionar e buscar respostas.

Contamos com a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), que nos apoia como facilitadora neste processo contínuo em busca da qualidade de Educação integrada. Entre os serviços, contamos com o auxílio do Centro Municipal de Atendimento Sociopsicopedagógico (CEMASP). Ele foi criado em 2012 para amenizar os problemas encontrados nas escolas de Manaus por meio de ações preventivas e de intervenções específicas das diversas áreas de atuação. O Centro desenvolve um programa de combate à evasão escolar e realiza atendimentos individuais e grupais aos discentes e responsáveis nas áreas de psicologia, pedagogia, psicopedagogia, serviço social e fonoaudiologia.

Avaliação e acompanhamento do desempenho
Participamos de outras avaliações externas além do Saeb, como é o caso da Avaliação do Desempenho do Estudante (ADE). Ela é aplicada bimestralmente, junto aos estudantes do 3º e 5º ano.  Fazemos a correção coletiva e individual. Em seguida, reunimos a equipe escolar, com os assessores que integram a Secretaria Municipal de Educação para análise dos resultados, utilizando a ferramenta Relatório de Desvio de Metas (RADM).

As janelas também se tornaram territórios educativos na Waldir Garcia. Crédito: Acervo pessoal/Lúcia Cortez

A Avaliação do Desempenho do Estudante foi criada em 2014 e mantém características de avaliação externa em larga escala, aplicada aos estudantes. Atende ao macro (rede) e micro sistemas (escola), simultaneamente. Os resultados da rede subsidiam a formulação e monitoramento de políticas públicas e ajudam a fomentar a cultura de avaliação educacional. Já para a escola, a ADE tem o objetivo de fornecer informações qualitativas e quantitativas sobre o desempenho dos estudantes.

Análise de resultados e replanejamento
Esses dados são usados para que possamos diagnosticar, analisar, refletir, intervir e acompanhar o processo de ensino e aprendizagem em face dos objetivos esperados, competências e habilidades, presentes nos testes, auxiliando em nossas ações e intervenções pedagógicas. Para as redes que não possuem outras avaliações externas, é possível fazer o replanejamento das ações e intervenções a partir da análise do desempenho dos alunos nas avaliações internas dos bimestres.

Analisamos, discutimos e planejamos ações pedagógicas eficazes que possam vir a sanar as necessidades e dificuldades apontadas no processo ensino aprendizagem. A partir daí, quatro ações se desdobram:

- elaboramos planos de intervenção com base nos descritores com baixo desempenho após a divulgação dos resultados;
- realizamos acompanhamento específico dos alunos que apresentam dificuldades na aprendizagem;
- acompanhamos sistematicamente a frequência dos alunos;
- envolvemos os pais no processo pedagógico.

Investimento em formação continuada
A secretaria conta com a Divisão de Desenvolvimento Profissional do Magistério (DDPM). É um espaço de formação continuada, criado em 2001, que busca aprimorar a prática pedagógica e o desenvolvimento das competências profissionais dos servidores da nossa rede. No mesmo ano, foram criados seis distritos educacionais com o objetivo de descentralizar as atividades pedagógicas, administrativas e financeiras da rede municipal de ensino. A divisão proporciona um melhor atendimento às escolas e aos centros de Educação Infantil, bem como à comunidade em geral.

Fazemos parte da Divisão Distrital da Zona Sul  (DDZ SUL). Ela promove encontros formativos, socialização de boas práticas educativas para trocas de experiências entre os professores, aplicação de simulados bimestrais, aulões para o 5º e 9º ano, gincanas, identificação e acompanhamento dos alunos infrequentes, realização de painel integrado para análise de rendimentos e orientações para elaboração do relógio da “contagem regressiva” para avaliação do Saeb.

Foco na gestão
Outra ação da secretaria que utilizamos é a Gestão Integrada da Escola (GIDE). Ela foi implementada nas escolas em 2014, visando o alcance de suas metas e melhorar resultados na atividade-fim, ou seja, resultado do processo ensino-aprendizagem. Através do trabalho de Gestão busca organizar os meios para atingir os fins. O método utilizado é o Planejar, Desenvolver, Checar, Ações corretivas (PDCA). A GIDE tem por objetivo melhorar significativamente os resultados da escola, tendo como referência as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), avaliações externas, entre outras.

Responsabilidade compartilhada
Hoje, entendemos que a responsabilidade para esta nota final do Ideb é de todos que fazem a escola, desde as séries iniciais até aos finalistas, bem como os pais, funcionários envolvidos no processo educativo e Secretaria de Educação. É resultado de um trabalho colaborativo e coletivo.

Dessa forma, temos que ter sensibilidade para acolher e incluir a todos neste processo de aprendizagem, respeitando o ritmo e o tempo de cada um. Não esquecendo que por trás dos números, de uma nota, tem uma pessoa que deve ser respeitada, amada e valorizada. Os estudantes são a peça central e mais importante da escola. Devemos estimular a colaboração e não a competição entre eles.

Aprendizagem é um direito de todos e um processo contínuo. Respeitando o sujeito em todas as suas dimensões – física, intelectual, social, emocional e simbólica. A escola existe para os estudantes e para que eles aprendam, sendo o protagonista do seu aprendizado. Que possamos aprender uma lição: nenhum estudante deve ser deixado para trás.

Um abraço,

Lúcia

Lúcia Cristina Cortez é professora de Língua Portuguesa e especialista em gestão escolar, com 34 anos de experiência; diretora da Escola Municipal Professor Waldir Garcia, em Manaus, AM, desde 1995.

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