Cultura

Como ministro, Eduardo Portella defendeu a transição democrática e melhoria da qualidade do ensino

Acadêmico morto aos 84 anos foi demitido por lutar em favor da greve em plena ditadura
Eduardo Portella Foto: Daniela Dacorso/Agência O Globo
Eduardo Portella Foto: Daniela Dacorso/Agência O Globo

RIO – Imortal da Academia Brasileira de Letras, Eduardo Portella, de 84 anos, morreu na manhã desta terça-feira . Além de crítico, professor e escritor, o acadêmico também atuou como ministro da Educação, Cultura e Desportos entre 1979 e 1980, durante o governo de João Figueiredo.

Como ministro, defendeu a transição democrática e melhoria da qualidade do ensino, com mais investimento financeiro para o setor, comprometendo-se com o fim da censura. Durante a primeira grande greve nacional dos professores das universidades federais, em 1980, aumentou as cobranças de verbas para a educação para realizar uma renegociação salarial com a classe. Foi nessa ocasião, que declarou sua emblemática frase “Estou ministro, não sou ministro”, abordando o caráter transitório do cargo diante a ameaça de demissão.

Foi demitido do ministério por lutar em favor da greve. Segundo documentos da Fundação Getúlio Vargas, na época teria declarado à imprensa que foi retirado do cargo por “propor uma visão social a um governo dominado pela lógica econômica”, fazendo referência a suas disputas com o ministro-chefe da Secretaria de Planejamento, Antônio Delfim Neto. Como um todo, seu curto mandato de um ano e oito meses foi marcado por diversas polêmicas.

“Defendia o direito de participação política da juventude, mas afirmava ser desnecessária a reorganização da UNE. Considerava as reivindicações  salariais dos professores justas, mas afirmava a impossibilidade financeira do governo de atendê-las e condenava as greves como instrumento de pressão. Antes mesmo de assumir, já despertava polêmicas ao declarar que o governo iria estudar a possibilidade de  estabelecer cobranças aos alunos de universidades públicas’, relata documento do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da FGV.