Enem 2023

Por Luiza Tenente


  • Nas redes sociais, estudantes ganham milhares de curtidas ao contar como melhoraram as próprias notas no Enem.

  • Professores afirmam que não existe fórmula mágica para ganhar pontos, mas que, com mudanças na estratégia de estudos, é possível elevar desempenho de forma significativa.

  • Entre as dicas, estão: estudar os temas mais recorrentes na prova, trabalhar habilidades de cálculo mental e fazer edições antigas do Enem (separando as questões mais difíceis e voltando a elas semanas depois).

‘Ganhei 100 pontos’: 5 dicas de alunos que tiveram um salto na nota do Enem

‘Ganhei 100 pontos’: 5 dicas de alunos que tiveram um salto na nota do Enem

“Oi, gente, vou contar hoje aqui para vocês como aumentei mais de 100 pontos minha média do Enem, em um ano!”

Com frases como essa, candidatos que foram aprovados em universidades garantem, em vídeos do TikTok e do Youtube, que é possível alavancar a própria nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), entre uma edição e outra.

A partir das suas experiências, eles compartilham dicas nas redes sociais (e ganham milhares de curtidas) para ajudar quem fará a prova daqui a menos de dois meses, nos dias 5 e 12 de novembro.

Antes de ler, nesta reportagem, quais são as táticas recomendadas por esses jovens, o g1 adverte: não existe fórmula mágica. É preciso entender que a absorção de conteúdos não acontece de um dia para o outro, como explica Madson Molina, coordenador do Curso Anglo (SP).

“Ainda assim, a gente vê grandes saltos nas notas depois que o aluno muda a estratégia de estudo e de resolução de questões. Dá para ter ganhos significativos”, diz.

Vamos, então, às dicas:

✏️Olhar o que mais cai na prova e ‘fazer o básico bem-feito’

Ágatha grava vídeos sobre como melhorou sua nota no Enem — Foto: Arquivo pessoal

Aos 22 anos, Ágatha Dallabona, de Dourados (MS), conta que conseguiu ganhar mais de 100 pontos na média geral do Enem em apenas um ano: saltou de 639 para 749. Na redação, o desempenho foi ainda mais notável – de 580 (em 2019), a nota subiu para 960 (em 2020).

Essas façanhas renderam um vídeo no Youtube com uma dica principal: estudar os conteúdos que mais caíram na prova nos últimos anos.

“É um método que chamo de ‘o básico bem-feito’ — estudar a teoria desses assuntos [mais recorrentes] e fazer exercícios sobre eles”, conta ao g1.

Ágatha diz que foi fundamental encontrar seu jeito de estudar. “Percebi que ficar em casa aumentava minha disciplina. Eu ia para o cursinho só por causa das redações, para a professora corrigir meus textos. Ela me ajudou a identificar meu ponto fraco, que era a argumentação, e melhorar muito.”

Nesta reta final, a jovem, que foi aprovada em medicina na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), recomenda: foquem na revisão dos assuntos que trazem mais dificuldade.

🧮Economizar tempo com cálculos mentais

Vitoria foi aprovada em medicina após mudar sua técnica de estudo — Foto: Arquivo pessoal

Vitoria Azevedo, de 23 anos, estava há três anos no cursinho pré-vestibular, mas não conseguia melhorar suas notas no Enem.

Ela decidiu, então, mudar sua estratégia de estudos: abandonou a calculadora (ninguém pode levar o item para o local de prova, mas ela costumava usá-lo ao fazer exercícios em casa) e focou em desenvolver habilidades de cálculo mental. É aquele famoso “resolver conta de cabeça”.

“Pesquisei formas de fazer multiplicação e divisão de um jeito mais rápido, para não perder tanto tempo. Decorei, por exemplo, todos os quadrados [perfeitos], até o 20”, diz.

Exemplos: 12² = 144; 13²= 169; 19² = 361. É uma forma de ganhar tempo em problemas matemáticos com equações ou raízes quadradas, conta.

Em 2020, depois dessa técnica e de muitos e muitos exercícios, Vitoria foi aprovada em medicina na Universidade Federal Fluminense (UFF). No TikTok, em um post com mais de 53 mil curtidas, a estudante mostra seus boletins e conta como saiu de 639,3 pontos em matemática para 904,3.

Mas, antes que você crie expectativas de um salto tão extraordinário assim, tenha em mente que o crescimento foi paulatino. Apesar de esta informação não aparecer no vídeo, foram 5 anos de intervalo entre uma nota e outra, como Vitoria contou ao g1:

  • 2015, no 1º ano do ensino médio: 639,3
  • 2016: 712,7
  • 2017: 833,5
  • 2018: 802,1
  • 2019: 822,2
  • 2020, após 3 anos de cursinho: 904,7

📓Fazer provas antigas do Enem

Theo tirou 843,94 pontos de média no Enem 2020. Antes de estudar na USP, ele chegou a ser aprovado na UFMG, onde cursou um semestre — Foto: Arquivo pessoal

“Se ainda dá tempo de melhorar [a nota do Enem]? Com toda a certeza!”, diz Theo Affini, de 21 anos, nascido em Guaxupé (MG).

“Sou contra oferecer promessas mágicas; a pessoa não vai sair de 500 para 800 agora, mas dá para melhorar muito na reta final. Eu tive um salto muito bom nos últimos 2-3 meses de estudo.”

Após ser aprovado em medicina na Universidade de São Paulo (USP), Theo passou a compartilhar dicas em vídeos no Youtube. Entre elas, está a de fazer provas antigas do Enem para “entender o padrão”.

“Pode parecer que é um exame muito ‘viajado’, mas você começa a pegar o jeito e a entender como as perguntas funcionam. Não vai dar para estudar tudo agora, mas entender a parte prática da prova já ajuda bastante”, afirma.

Ele conta que fazia cerca de 20 exercícios para cada aula (e aí entravam também questões do acervo de outros vestibulares). “Foi um treino fundamental, que mudou [meu desempenho] da água para o vinho.”

Não basta só resolver as provas antigas do Enem, claro – é preciso identificar o que está levando o candidato ao erro. Alguma dificuldade de conteúdo? Nervosismo? Problemas na interpretação?

Rafael Duarte, professor de história e youtuber, sugere que o estudante monte um glossário enquanto faz as outras edições da prova. “Ele deve localizar as palavras que não domina, pesquisar o significado e anotar tudo”, diz. São dois tipos de expressão:

  • as de conceitos: na prova de humanas, há exemplos como “ilha de calor”, “efeito estufa” e “patrimônio imaterial”, que aparecem com frequência nas perguntas e textos de apoio;
  • as de comandos ou contextos, como: “reiterar”, “distinguir” e “inferir”. Sem saber as definições, o aluno pode errar a pergunta "na bobeira".

🤯Voltar às questões que deram ‘dor de cabeça’

“Percebi que precisava mudar minha técnica e não ficar mais tão presa à parte teórica, só fazendo resumos lindos que dão o maior trabalho”, conta Vitoria. “Durante vários anos, eu ignorei que precisava rever o que já tinha estudado. Chegava a hora da prova, e eu esquecia tudo.

Ela passou, então, a fazer uma lista das questões que trouxeram mais dificuldade em simulados e provas antigas do Enem. Depois de entender como resolvê-las, esperava uma ou duas semanas e tentava novamente chegar às respostas corretas.

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