Como Fuvest e Enem vêm mudando a cada ano

Exame federal é usado como critério de acesso para ProUni e Fies, além de universidades em Portugal

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Por vanessa fajardo
Atualização:

Transformado em um grande vestibular desde 2009, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a porta de entrada para dezenas de instituições de ensino superior públicas brasileiras. É por meio dele, considerando o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que o Ministério da Educação seleciona candidatos para mais de 2 mil cursos de graduação no ensino superior. Nesta próxima edição, estão sendo ofertadas 65.932 vagas em 2.043 cursos de 73 instituições de ensino públicas. Em 2009, quando o Sisu estreou, eram 48 mil vagas em 49 universidades.

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Por isso, não à toa, o exame movimenta milhões de candidatos. Neste ano são 3.396.632 de inscritos confirmados. Além de representar a entrada na faculdade, o Enem ainda é usado pelo Ministério da Educação como critério para outros programas, como o ProUni, que distribui bolsas de estudo em instituições privadas, e o Fies, que é o financiamento estudantil.

E não é uma opção só nacional. Um exemplo: em mais de 50 instituições portuguesas, o exame é utilizado como prova de seleção. A parceria com o Inep data de 2014 e vale lembrar que estudantes brasileiros que se formam em Portugal precisam passar pela revalidação dos diplomas, conforme prevê a legislação vigente. O acordo entre os países não prevê transferência de recursos por parte do Brasil. Em Portugal, mesmo nas universidades públicas, os alunos precisam pagar uma taxa de coparticipação para custear os estudos.

Bruna Babos está no 3º Enem; para ela, experiência dos outros anos é fundamental Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Edmilson Motta, coordenador-geral do Colégio Etapa, destaca a evolução do exame no decorrer dos anos e o protagonismo do Enem como porta de entrada para as universidades. “Antes, a prova cobrava conhecimentos e habilidades de uma maneira mais abstrata, ou menos tangível, o que gerava um certo questionamento sobre o preparo dos estudantes para as universidades. As mudanças representaram um avanço e o Enem assumiu muito bem esse papel de porta de ingresso para o ensino superior”, diz.

Motta cita como exemplo o caso da Universidade de São Paulo (USP), que passou a destinar vagas a serem preenchidas por meio do Sisu em 2015. “Antes, muitos estudantes não tinham oportunidade de fazer o exame de ingresso na USP, que era somente via Fuvest e ocorria majoritariamente em São Paulo. Isso levava a uma limitação financeira e logística.” A adoção do Enem, neste caso, ajudou também a democratizar o acesso. “Somado aos programas de cotas, que garantem uma participação significativa de estudantes de escolas públicas e de grupos raciais, a gente percebe uma mudança no perfil das universidades, com muito mais oportunidades.”

Claudia Costin, diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), também reforça que o Enem trouxe mobilidade e inclusão. “O Sisu permite que um jovem que queira estudar em um Estado diferente do seu possa tentar uma vaga Brasil fora, sem se deslocar. Foi um avanço importante na inclusão dos jovens. É uma prova que amplia o acesso, não é conteudista, e demanda capacidade de reflexão.”

A especialista reforça a importância das cotas, tendo em vista que mais de 81% dos estudantes brasileiros da educação básica estão na rede pública. Por fim, acredita que o Enem – principalmente por meio da redação, que exige que o candidato faça uma reflexão sobre os desafios da contemporaneidade – pode afetar positivamente a educação básica. “Quando a prova começa a exigir capacidade de reflexão, aponta que a produção de texto, por exemplo, precisa começar desde o ensino fundamental. Ninguém aprende a fazer redação só no Ensino Médio.”

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Bruna Babos Gomes, de 18 anos, fará neste ano seu terceiro Enem. Para ela, a experiência dos anos anteriores vai ser fundamental, bem como a preparação no cursinho Etapa. “O Enem é uma prova difícil, mas acho ele mais justo do que os outros vestibulares, porque tem questões de nível básico e em nenhum outro vestibular você se depara com isso”, conta ela, que ainda fará os vestibulares da Fuvest e da Unesp.

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