Como foi o semestre letivo? Saiba reconhecer conquistas e esforços de seus alunos - PORVIR
Crédito: Drazen Zigic/iStockPhoto

Coronavírus

Como foi o semestre letivo? Saiba reconhecer conquistas e esforços de seus alunos

Vacinação traz um horizonte positivo. Antes do recesso escolar, é importante mostrar aos estudantes o quanto eles evoluíram e se desenvolveram até aqui

Parceria com LIV

por Maria Victória Oliveira ilustração relógio 21 de junho de 2021

Se ao final de 2020 algumas pessoas tinham a ilusão de que o novo ano traria a vida ao que era conhecido como normal, a decepção foi grande. Com a chegada de 2021 e o aumento de casos de coronavírus (Covid-19) no início do ano, as escolas abriram a possibilidade de famílias que não se sentiam seguras manterem seus filhos estudando de casa, o que levou ao cenário de estudo presencial para uns, remoto para outros, e trabalho dobrado para professores.

Depois de mais um semestre escolar desafiador, como encerrar as atividades e desejar bom recesso para os estudantes? Para Juliana Hampshire, psicóloga e consultora pedagógica do LIV (Laboratório Inteligência de Vida), entre as principais mensagens que podem ser passadas a crianças e jovens nesse momento, considerando todo o cansaço acumulado do ano passado, é reconhecer o caminho percorrido até aqui.

“Eu entendo que o lugar do professor não é comparar um aluno com o outro, mas acompanhar o desenvolvimento individual e mostrar o que foi conquistado. Da mesma maneira que fazemos relatórios para a educação infantil, uma ideia é fazer a mesma coisa para os mais velhos. Ao invés de entregar apenas um boletim com notas, por exemplo, é mostrar o percurso até esse momento”, exemplifica.

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A psicóloga ressalta a importância de dedicar um momento para tudo o que foi conquistado, as habilidades desenvolvidas, entre outros pontos. Esse tipo de devolutiva também pode conter aspectos a serem melhorados, desde que levem em consideração o cenário atípico e o quanto ele invariavelmente influencia o desempenho dos alunos. “Esse ‘feedback’ (retorno avaliativo) pode ser um fator que motiva o estudante a continuar se esforçando. Mas é importante que nossas expectativas estejam alinhadas com aquilo que o aluno pode fazer naquele momento.”

Escuta ativa, participação e engajamento
Tiago Martins Simões, gestor da escola Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro (RJ), também pontua a importância do foco nas boas notícias, como o avanço da vacinação, e comenta que a escuta ativa é outra estratégia que pode ser colocada em prática nesse momento, com um espaço para estudantes falarem como se sentem diante de seu processo de aprendizagem.

“Temos investido bastante na questão da motivação e participação dos alunos em assembleias escolares, por exemplo, incentivando que cumpram seu papel enquanto estudantes. O trabalho de escuta ativa é difícil de conciliar com as aulas, mas ele faz toda a diferença. Nós trabalhamos para que todos os funcionários da escola, não só professores, mas equipes como da limpeza e cozinha, estejam preparadas para ouvir as crianças, que precisam ter esses vários canais abertos.”

No contexto do encerramento do semestre, o gestor comenta a importância de momentos onde o estudante pode olhar para sua produção, falar sobre o que passou, como aprendeu, quais desafios identifica em seus processos, quais são suas potencialidades, entre outros pontos. “Isso é o que chamamos de um processo de avaliação amplo, porque vai além das provas, e engloba a parte socioemocional, a participação nas assembleias escolares que tratam de regras de convívio e outras experiências.”

Descansar ou manter contato?
Algo que praticamente todas as crianças e jovens não gostam são as tarefas para o recesso de julho que alguns professores costumam passar. Para esse momento, entretanto, Juliana defende a importância do descanso, considerando que tanto o corpo docente e pedagógico como os alunos estão exaustos de tantas adaptações, novos formatos e linguagens – online, híbrido, semipresencial – e cobranças.

“Agora é momento de descansar, de poder respirar, fazer o que gosta e, assim, conseguir voltar revigorado. Só assim é possível cuidar da saúde mental e voltar às aulas de uma outra maneira, caso contrário estarão esgotados para aprender”, aponta.

O mesmo se aplica aos professores. Para a consultora, a ideia é que o recesso sirva como um respiro para a relação professor-aluno e, caso os estudantes e famílias precisem de alguma orientação, a indicação é procurarem a escola.

Tiago vai pela mesma linha ao pontuar a importância dos momentos de pausa, sobretudo considerando o grande volume de trabalho que os docentes estão lidando há algum tempo. Esse descanso proporcionado pelo recesso escolar pode, na visão do gestor, ocasionar o surgimento de novas ideias que podem ser aplicadas na retomada das aulas.

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Mensagens às famílias
É quase unânime a compreensão de que as famílias desempenharam papel fundamental enquanto parceiras das escolas na educação de crianças e jovens ao longo desse um ano e meio. Por isso, o encerramento do semestre também requer uma mensagem aos pais e responsáveis. Para Juliana, a escola pode reforçar a mensagem de que se tratou de um semestre desafiador em alguma reunião ou mensagem, pontuando, entretanto, que a parceria continua.

“A ideia é falar que as famílias não estão sozinhas, pois já existe uma relação construída. Além disso, nesse momento elas podem voltar para si, usar recursos para que cada membro da família seja ouvido, tenha espaço para falar e propor atividades de lazer, por exemplo. É importante que todo mundo utilize esse respiro [do recesso] para não desgastar mais a relação [entre família e escola]”, afirma a consultora.

“No ensino online, as famílias viraram coautoras da educação. Por isso, além das reuniões programadas ao longo do ano, precisamos fazer inúmeros encontros formativos, sobretudo para pais de crianças em idade de alfabetização, por exemplo. Cada família tem uma realidade; tem as que participam com mais facilidade, outras menos. Mas em todo caso foi um trabalho muito intenso, no qual passamos a ter esse diálogo fortalecido”, completa Tiago.


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coronavírus, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, socioemocionais

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