Por G1 ES


Suspensão de cestas básicas atinge famílias do ES — Foto: Reprodução/ TV Gazeta

Além de retomar a rotina de alunos e professores, o retorno das aulas presenciais na rede estadual em outubro evidenciou a difícil realidade de famílias carentes no Espírito Santo. Com as crianças de volta à escola, tendo acesso à merenda, a distribuição de cestas básicas para suprir a falta de alimentação foi suspensa, deixando casas com as despendas vazias.

A suspensão do benefício, que começou em abril, já estava prevista, uma vez que a medida era uma alternativa durante o período em que os estudantes não pudessem comparecer. Entretanto, os itens das cestas básicas já fazem falta.

Com apenas quatro quilos de sal, um pacote de macarrão e açúcar no armário, uma dona de casa que preferiu não se identificar disse que precisa escolher entre pagar as contas e comprar comida para alimentar os quatro filhos. Na casa, a única renda é do marido dela.

“A cesta estava ajudando muito a gente aqui em casa, dava para a gente respirar um pouco. Agora não estamos pegando mais, complicou tudo. Minha água está atrasada, a luz está atrasada. Ou a gente cuida dos filhos, ou paga as contas. Eu prefiro colocar comida dentro de casa para os meus quatro filhos”, lamentou.

Nesta terça-feira (8), durante entrevista ao ES1, da TV Gazeta, a assessora de relações institucionais da Sedu, Aline de Paula, justificou a suspensão do benefício e disse que a secretaria é de Educação, “e não de Assistência Social”.

“Nós somos Secretaria de Estado de Educação, não de Assistência Social. Então, é dever da Secretaria de Estado de Educação fornecer educação e alimentação nas unidades escolares. Como em 13 de outubro houve o início das nossas aulas do ensino médio e, logo em seguida, do ensino fundamental, as escolas foram abertas e a alimentação está sendo realizada, como sempre, dentro das unidades escolares”, disse.

A fala teve repercussão negativa e, mais tarde, o secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo argumentou que a declaração foi correta, embora descontextualizada.

“A Secretaria de Educação, de fato, não constitui uma secretaria de ação social, porque não é do escopo dela a distribuição de cesta básica. Não é uma fala insensível. Prova da nossa grande sensibilidade foi entender a vulnerabilidade dessas famílias e providenciar a distribuição das cestas. Só que essa é uma medida excepcional. Foi possível fazer isso quando as escolas estavam fechadas. Quando reabriram, reativamos os contratos de alimentação. Não era possível fazer despesa dobrada com compra de cestas básicas. Como a alimentação é servida na escola, a gente suspende a entrega de cestas”, explicou.

O secretário acrescentou que cerca de 2,5 mil alunos que não voltaram às aulas presenciais porque têm comorbidades continuam recebendo as cestas básicas.

As cestas e os kits de alimentação são fornecidos a famílias que estão no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).

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