Educação
PUBLICIDADE

Por Bruno Alfano e Paula Ferreira — Rio e Brasília

Bloqueios na verba do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) podem fazer com que 12 milhões de alunos do 1º ao 5º do ensino fundamental não recebam os materiais a tempo do começo do ano letivo em 2023.

Neste momento, o orçamento de R$ 2,2 bilhões tem R$ 796,5 milhões bloqueados, de acordo com dados do Siga Brasil, do Senado Federal. Além disso, apenas R$32,3 milhões foram pagos e o empenho (autorização de gasto) também é baixo, de R$ 271,6 milhões.

Essa baixa execução do PNLD num contexto de restrição orçamentária, segundo pessoas ouvidas pelo O GLOBO, gera receio quanto à entrega dos exemplares. A finalização da compra até o mês de novembro seria a data limite para conseguir cumprir com o cronograma

O GLOBO apurou que só em 25 de setembro foi feita a escolha dos livros que serão comprados e, a partir de agora, ainda é preciso negociar o preço, fechar os contratos, produzir 70 milhões de exemplares, embalar o material e entregar todos os exemplares nas escolas. Pessoas envolvidas no processo dizem que nunca a escolha foi feita tão tarde.

Em nota, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pela gestão do PNLD, confirmou que as contratações relativas ao atendimento do programa para 2023 ainda não aconteceram e estão previstas para acontecer já neste mês de outubro. Também informou que está “trabalhando juntamente com os Correios para que todos os prazos sejam cumpridos”. O Ministério da Educação não respondeu aos questionamentos.

Os alunos de 1º a 5º ano, os anos iniciais do ensino fundamental, são os que vivem os maiores desafios pós-pandemia. Essas crianças estão tentando recuperar ou começando seu processo de alfabetização.

É exatamente nesta etapa que estão os estudantes com maior queda de aprendizagem na pandemia, segundo o Saeb. Em comparação com 2019, a porcentagem de crianças que ainda não sabem ler e escrever nem mesmo palavras isoladas mais do que dobrou em 2021. O índice subiu de 15% para 34%. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, o aluno deve terminar o segundo ano do ensino fundamental alfabetizado.

No total, são cerca de 70 milhões de exemplares de Português, Matemática, História, Geografia, Ciências, Artes e Educação Física (este último, apenas para professores) que atendem 12 milhões de alunos de 84 mil escolas brasileiras.

Além do atraso dos livros, o PNLD também previa um material novo, chamado cadernos de acompanhamento de prática. Eles estavam previstos para serem comprados neste ano e chegarem em 2023 às aulas de aula. No entanto, o processo de escolha nem começou e, por isso, só deve ser utilizado pelos estudantes em 2024.

Mais recente Próxima
Mais do Globo

Governador do Rio autorizou apresentação de ação junto ao Supremo Tribunal Federal

Cláudio Castro vai questionar no STF regras da Lei das Apostas Esportivas

Terreno de construtora, na Região Oceânica de Niterói, tem vestígios de ocupação humana de cerca de sete mil anos atrás; Iphan acompanha o caso

Cemitério ancestral? Arqueólogos analisam ossada encontrada no Sambaqui Camboinhas

Conheça a história de Manizha Talash, primeira afegã a praticar a mais nova modalidade olímpica e confirmada no time de refugiados do COI

Ela deixou o Afeganistão, onde foi proibida de praticar breaking, e agora está confirmada em Paris-2024

Os mitos da maternidade paradisíaca contribuem para reforçar o modelo de família em que cuidar dos filhos é a tarefa essencial da mulher, seja por tradição cultural ou porque a fêmea teria sido 'selecionada' para o papel

O mito do instinto materno

Se considerados apenas os planos, as cesarianas representaram cerca de 82% dos nascimentos em 2022 enquanto a OMS recomenda que sejam apenas 15%, aumentando riscos para mãe e bebê

Parto normal: taxa de cesáreas segue em alta no Brasil, entenda os motivos

O líquido não é o único fator responsável por uma hidratação adequada

Beber água e continuar a sentir sede é normal? A ciência explica

Volumes são substituídos por cópias quase perfeitas; prejuízo total já chega a US$ 2,6 milhões

Livros russos raros, do século XIX, desparecem de bibliotecas de toda a Europa; polícia investiga roubo