Por Nathalia Tavolieri


Com infraestrutura precária, escolas do Mato Grosso reivindicam melhorias

Com infraestrutura precária, escolas do Mato Grosso reivindicam melhorias

Desde o dia 27 de maio, o Mato Grosso assiste a uma série de protestos dos professores do ensino estadual por melhores salários e infraestrutura para as escolas. O Profissão Repórter visitou sete escolas cujas aulas estão paralisadas há mais de dois meses. Vazias, elas revelam problemas estruturais e o descaso do poder público.

Na Escola Estadual Cel. Antônio Paes de Barros, em Barão do Melaço, o diretor e os professores é quem colocam a mão na massa para amenizar a precariedade do prédio. Com portas quebradas, salas improvisadas e banheiros sem condições de uso, o local carece de restaurações básicas. “Um abandono, na verdade tem um abandono total”, relata o professor Harrison Pompeu.

A 640 km dali, em Cuiabá, a Escola Estadual Santos Dumont não recebe uma reforma há 43 anos, quando foi fundada. O teto do edifício enfrenta problemas de infiltração que, além de ocasionar alagamentos durante os períodos de chuva, também afetam a eletricidade. A professora Paula Cunha conta que, devido ao problema com a água, curto circuitos ocorrem esporadicamente. Em época de temporais, os alunos são retirados às pressas das salas. Apesar do cenário de abandono, a professora mantém a expetativa de que as coisas podem melhorar.

“A gente ainda tem esperança de que essa comunidade receba uma escola que merece. Uma escola climatizada, que não alaga, que não tem curto-circuito. Porque aí o trabalho vai ficar bem melhor e os resultados também vão ser bem melhores”, Paula Cunha.

Também localizada em Cuiabá, a Escola Estadual Diva Hugueney de Siqueira Bastos espera há mais de cinco anos pela reforma que deveria criar mais salas de aula. Ao invés disso, os alunos estão alocados em contêineres – espaços abafados que, apesar do ar-condicionado, não amenizam as altas temperaturas da cidade. Com quadros brancos gastos, pisos, janelas e mesas quebradas, os professores se debruçam diante do desafio de manter a atenção dentro da sala improvisada.

“O dinheiro que se paga de aluguel desses contêineres há tanto tempo já poderia estar construindo novas salas de aula”, protesta a professora Lucilene da Silva. Parte da reforma começou há pouco tempo, mas ainda não chegou às salas. Uma das mudanças é a construção de um banheiro separado para os professores e funcionários que, até então, precisavam usar o mesmo dos alunos.

Do lado de fora, o cenário de abandono não é diferente. Com grades quebradas, a quadra esportiva está tomada por pombos. Enquanto voam de uma coluna a outra, as aves deixam um rastro de fezes e sujeira pelas arquibancadas.

Após 75 dias de paralisação, o Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) decidiu pelo fim da greve na última sexta-feira (9), depois de aceitarem a proposta encaminhada pelo Governo do Estado. As aulas devem ser respostas até o início do próximo ano.

Com colaboração de Mábily Souza.

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