Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Reimaginar o mundo e a educação para o futuro

Sistemas educacionais não estão conseguindo lidar com as ameaças do século 21

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Um documento recentemente lançado pela Unesco no Brasil, "Reimaginar nossos futuros juntos", fruto do trabalho da Comissão Internacional sobre os Futuros da Educação, parte da constatação de que os sistemas educacionais não estão conseguindo lidar com as principais ameaças enfrentadas pelo mundo no século 21. Entre elas, estão a sobrecarga sobre o ambiente —o que inclui o surgimento de pandemias como a da Covid, a transformação digital disruptiva, as guerras e os riscos à democracia.

Nesse contexto, a possibilidade de um futuro pacífico, justo e sustentável coloca-se bem incerta. No entanto, de acordo com o relatório escrito por alguns dos mais importantes pensadores da educação do planeta, é justamente esta a tarefa da educação hoje: repensar nosso futuro coletivo. E isso não é apenas uma ideia poética para adornar textos assinados por organismos internacionais, trata-se de propostas factíveis, ao alcance de governantes que não pretendem destruir a grande promessa da educação, que é permitir a todos o acesso ao saber e a oportunidades de crescimento.

Sem isso não há coesão social possível nem crescimento econômico de longo prazo, como bem pontua Eric Hanushek. Tampouco haverá instituições sólidas, importantes para frear o risco de populismos.

Mas o documento não adota um tom catastrófico ao identificar eventuais futuros distópicos. Evidencia que, embora o planeta esteja em perigo, uma mobilização da juventude por uma economia sustentável e por estilos de vida menos predatórios está em curso. Mostra igualmente que retrocessos em governança democrática encontram resistências no mundo todo e que a revolução digital não apenas desemprega, mas cria oportunidades e obriga a educação a se repensar. Afinal, faz cada vez menos sentido memorizar fatos e dados que a inteligência artificial já processa bem, e abre-se um espaço para um processo de ensino que leve os alunos a pensar e a resolver problemas de forma colaborativa e com criatividade, o que os robôs ainda não sabem fazer.

E quais as novas tarefas da educação no contrato social proposto pelo relatório? Promover uma pedagogia organizada com base em cooperação, enfatizar nos currículos uma aprendizagem ecológica, intercultural e interdisciplinar, que ensine os alunos a pensar sistemicamente e a aprender ao longo da vida, uma maior profissionalização do ensino como esforço colaborativo e escolas como espaços a serem protegidos, porque apoiam a inclusão, a equidade e o bem-estar individual e coletivo.

Numa leitura superficial, isso soa genérico, mas inclui a profunda transformação necessária para que se construa um outro mundo possível.

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