Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Os jovens e o futuro

País avançou um pouco em Educação na PNAD contínua, mas os riscos agora são grandes

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Foram divulgados, nesta quarta-feira, os resultados do módulo de Educação da PNAD contínua, publicado a cada ano pelo IBGE. A maior parte dos dados se refere a 2019 e mostram uma pequena melhoria, em relação aos anos anteriores.

Na educação básica, a taxa de escolarização segundo grupos de idade evidencia um avanço contínuo desde 2016, desde a creche (0 a 3 anos), com 35,6% das crianças matriculadas, até a faixa de 15 a 17 anos, com 89,2% desses jovens na escola. De fato, avançamos no acesso aos bancos escolares.

Há que se lembrar, porém, que na modalidade creche, a meta do Plano Nacional de Educação é atender a 50% dos bebês e das crianças pequenas até o final de sua vigência, em 2024. Estamos, quatro anos antes desta data, bem longe disso e, infelizmente, há grande desigualdade no acesso a vagas, em detrimento dos mais pobres, os que certamente mais precisam do diferencial que uma boa educação infantil pode trazer para etapas futuras de escolaridade. Além disso, os jovens de 15 a 17 anos deveriam estar todos na escola, já que essa, desde 2016, esta passou a ser idade de escolaridade obrigatória e ainda temos um grupo grande de adolescentes desta faixa fora das aulas.

Para piorar, muitos dos estudantes desta idade são mais velhos do que o esperado para sua série letiva, o que faz com que parte deles esteja no ensino fundamental e não no ensino médio, que seria o correto. Este atraso tem, infelizmente, contribuído para um aumento do abandono escolar, quase sempre após uma ou duas reprovações.

A parcela de brasileiros de 25 anos ou mais com ensino médio completo cresceu no Brasil. Mas mais da metade dos adultos nesta faixa não concluiu essa etapa de escolaridade. É importante lembrar que, em tempos da chamada revolução 4.0, em que a automação acelerada e a Inteligência Artificial substituem trabalho humano, inclusive aquele que demanda competências intelectuais, ter cursado menos do que o ensino médio significa baixíssima empregabilidade ou capacidade empreendedora.

Por isso é tão importante fazer a busca ativa dos alunos que mostram sinais de que podem não continuar seus estudos. No contexto da pandemia que vivemos, isso pode ser evidenciado pela não participação em atividades de aprendizagem remota ou por perda de renda das famílias.

Afinal, em outro levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Juventude, dos cerca de 33 mil jovens ouvidos, 28% disseram não pretender retornar às aulas. Se estas declarações se confirmarem, teremos um país ainda mais excludente, menos desenvolvido e completamente despreparado para o século em que vivemos.

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Comentários

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SERGIO AUGUSTO ALMEIDA MOURA

17.jul.2020 às 11h55

O problema nas escolas públicas do Ensino Médio está mal definido no PNE: o problema é que os jovens não aprendem, o que demonstra claramente a nota Ideb. A solução, então, é estimular os jovens a aprender, o que se faz com bônus financeiras significativos para quem tirar as melhores notas do Ideb, ou outros testes, seus pais e os professores desses alunos. É bom aumentar frequência, melhorar matrícula média e preparar professores, mas se o aluno não quiser prender, vale pouco.

Herculano JR 70

17.jul.2020 às 8h41

Prioritaria/e, creche e lugar para brincar, ñ é escola. Lugar de guarda de crianças pequenas que deveriam ficar com os pais, mas ñ podem pois eles trabalham. Para a escolam gosto do relatorio Coleman que diz q nivel do aluno depende dos pais. Então a escola no Brasil e ruim pq os pais tem vida e cultura ruins.Escola obrigatoria é ruim, pior ainda alem dos 11 anos.Mais valida o estado q os alunos. Escola desvinculada da realidade da maioria dos alunos q precisam trabalhar aos 12 anos.