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Por Ana Carolina Diniz

Às 8h do sábado ensolarado, o Teatro Casa Grande, no Leblon, já estava lotado de estudantes e leitores. Todos acordaram cedo ontem para o evento “Geração pós-pandemia: o impacto na vida, na educação e no futuro dos jovens”, cine debate promovido pelo Colégio e Curso AZ, em parceria com O GLOBO. No encontro, debatedores de diferentes áreas e experiências conversaram sobre como a Covid-19 mudou a vida dos adolescentes e a importância, apesar das dificuldades, de manter o foco e o otimismo.

Participaram do debate a psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva, o economista da consultoria IDados Bruno Ottoni, o coordenador e professor de redação do Colégio e Curso AZ, David Gonçalves, a atriz Giulia Costa, a professora e criadora de conteúdo Jessi Alves e o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, João Alegria. A mediação foi do colunista do GLOBO Pedro Doria.

Debatedores no palco do Casa Grande, no Leblon: para a plateia, recado de calma diante das dificuldades pós-pandemia — Foto: Leo Martins/Agência O Globo
Debatedores no palco do Casa Grande, no Leblon: para a plateia, recado de calma diante das dificuldades pós-pandemia — Foto: Leo Martins/Agência O Globo

Antes da conversa, a plateia assistiu ao documentário, produzido pela equipe do GLOBO, “Depois da distância”, que mostrou depoimentos de jovens e professores sobre suas vivências durante o pior momento da pandemia e sobre as consequências da doença nos dias atuais.

Ex-aluna do Colégio e Curso AZ, a atriz Giulia Costa contou que o coronavírus chegou quando ela ia começar a ter aulas práticas na faculdade de cinema. O isolamento deixou a atriz para baixo no início, já que a levou a perder o dia a dia no campus e a troca com os colegas. Aos 22 anos, ela vê uma urgência na sua geração e um certo desânimo pela fase difícil do país.

— Há uma pressa nesta geração, uma preocupação muito grande com a situação da degradação do meio ambiente e com o futuro. Isso tudo a pandemia exacerbou — analisa Giulia.

Com experiência em sala de aula com crianças e adolescentes de escolas públicas e privadas, Jessi Alves relembrou o início da pandemia e o desafio para o corpo docente:

— Tivemos que aprender a usar rapidamente os recursos tecnológicos, e muitos colegas tiveram dificuldades para conseguir implantá-los. Fora isso, os alunos da rede pública ficaram quase um ano sem aula, e muitos acabaram saindo da escola. É um problema que vai perdurar por bastante tempo.

Coordenador de redação do Colégio e Curso AZ, David Gonçalves consegue identificar duas características nos jovens. Para ele, há um grupo que ficou com a energia represada após dois anos de pandemia e que quer viver tudo agora. E também um outro que sofre com uma espécie de marasmo coletivo, que vive em situação letárgica.

— A pandemia afetou uma habilidade importante que é a de se comunicar e estabelecer contato com o outro — diz o educador.

Pensamento positivo

Ao perceber um pessimismo na geração mais jovem, o mediador Pedro Doria quis saber do secretário geral da Fundação Roberto Marinho, João Alegria, e da psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva se a situação está pior hoje para os adolescentes do que no passado. E ambos fizeram questão de passar uma mensagem de calma e otimismo para a plateia.

A psiquiatra citou que, antes da pandemia, estudos de 2019 já mostravam um número grande de pessoas com ansiedade e depressão:

— No meio das tantas notícias ruins, faltou um discurso que lembrasse que a humanidade já passou por muitos momentos difíceis na história e sobreviveu. Só chegamos aqui pela colaboração, como vimos nos movimentos para a criação das vacinas contra a Covid-19 — destacou ela, que decidiu escrever um livro com o tema “felicidade”, cujo lançamento é previsto para setembro.

Aos alunos que estão se preparando para o Enem, a psiquiatra deu o recado:

— Aposte no seu sonho, no seu talento e na disciplina de muitas horas de estudo. Só mudamos o mundo se mudarmos a nós mesmos. Menos pressa e mais rumo.

Em sua fala, João Alegria foi pelo mesmo caminho:

— Os jovens estão terminando o ensino médio de uma maneira tensa, e o bom seria que ficassem um pouco mais tranquilos. Se este encontro gerar mais tranquilidade e equilíbrio emocional, terá cumprido seu objetivo.

Economista, Bruno Ottoni disse que lamentava ser o portador de notícias pessimistas. Lembrou que, desde os anos de 1980, a economia per capita do país não registra crescimento e que o cenário para o longo prazo não é positivo. No Brasil, a produtividade do mercado de trabalho tende a piorar como reflexo da grande evasão escolar, ressaltou Ottoni:

— No macro, a situação é bem preocupante. Mas quando olhamos para um auditório cheio de jovens às 8h da manhã de sábado, em um encontro para pensar, agir, procurar soluções, isso me dá esperança.

Foi com esse espírito que o professor e diretor do Colégio e Curso AZ, Rodrigo Magalhães, encerrou o evento.

— Nos alegra ter a casa cheia depois de dois anos sem evento. Foi um momento de reflexão para entender os desafios e, daqui para frente, ter um comportamento melhor diante deles.

A plateia de adolescentes interagia a todo momento com os debatedores e reagia com palmas quando a conversa rumava para temas de maior interesse. Para a estudante Jéssica Melo, de 20 anos, o ponto alto foi reunir palestrantes com visões diferentes de mundo:

— Ainda mais nesta época em que poucos querem ouvir a opinião do outro.

Acompanhado por colegas, Felipe Félix, de 15 anos, aluno da unidade Tijuca do AZ, exaltou a relevância do evento:

— Gostei muito do debate, e foi importante ouvir o que tantas pessoas que eu já conhecia pela internet tinham a dizer.

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