O Enem está sob holofotes como nenhuma outra avaliação no Brasil. Mesmo com toda essa atenção, ainda circulam alguns mitos sobre o conteúdo e formato do exame. O problema é que muita gente acaba levando eles a sério, o que pode acabar resultando perda de pontos.
Nesse sentido, vale a pena saber quais são os principais mitos para evitar cair nessas armadilhas. Veja abaixo quais são os principais.
1. Não é preciso estudar muito para o Enem -
As peculiaridades do Enem deram origem a mal-entendidos que persistem desde 2009, quando a prova assumiu o formato atual. A partir do estilo mais interpretativo do exame, por exemplo, surgiu a falsa ideia de que a seleção não exige preparação.
Para Renato Pellizzari, coordenador de vestibular do Colégio QI, a maior ilusão sobre a prova é considerar os estudos desnecessários - um mito que o educador atribui justamente ao formato mais livre do Enem.
— Existe a história de que este é um exame em que alunos despreparados podem se destacar e entrar na universidade. Na verdade, o modelo consegue avaliar o candidato de forma completa. Antes, habilidades fundamentais eram esquecidas, enquanto a simples decoreba era valorizada — ressalta Renato.
2. A redação não é importante para quem vai fazer Exatas -
É comum ver candidatos a cursos de Exatas dedicando pouco tempo à redação do Enem. Em programas como Sisu e Prouni, de fato, as médias finais são alteradas de acordo com a opção de curso. Entretanto, para o diretor-fundador do cursinho on-line KUADRO, Bruno Werneck, a prova de redação e línguas não deve ser subestimada, seja qual for a graduação desejada.
— A redação merece muita atenção, afinal, representa 20% da nota total. Na prática, quase 60% da nota no Enem depende de Matemática e Línguas (Português, Inglês ou Espanhol e produção textual). A própria redação envolve grande capacidade de interpretação, algo que se desenvolve com leitura — explica Bruno.
3. Matemática no Enem é só Lógica e Regra de Três -
A Matemática, motivo de dor de cabeça para boa parte dos alunos, é uma das áreas mais valiosas para a média final no Enem. Entre os mitos sobre como a disciplina é cobrada no exame, um bastante repetido é que conhecer bem os conceitos de Lógica e Regra de Três é o grande segredo para a prova.
Apesar disso, para Ricardo Breda de Paula, professor e fundador do Diferencial Preparatório ENEM, os dois temas correspondem a cerca de 10% do exame. Ao contrário, o educador garante que dominar os conteúdos de Matemática apresentados na escola é parte importante do sucesso na área de conhecimento.
— Há a realidade do Enem e a do colégio. O conteúdo é o mesmo, mas a roupagem é diferente. Existe uma quantidade razoável de Lógica e Regra de Três. No entanto, é necessário entender que quase todo o conteúdo da escola está ali na prova. A diferença está na linguagem usada — assegura o educador.
4. É preciso responder só as questões mais difíceis -
Talvez o campeão entre os mitos sobre o Enem, o plano de responder somente as questões complicadas é de alto risco. Para Bruno Werneck, do KUADRO, o engano existe a partir de uma interpretação errada do sistema de correção da prova, a
Teoria de Resposta ao Item (TRI)
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— O Enem não define a nota só pela quantidade de acertos. Se o candidato erra muitas questões fáceis e acerta difíceis, o sistema entende que foi por sorte. Isso deve render uma nota baixa. Para se destacar, o aluno precisa acertar as questões que a maioria acerta e ter bom aproveitamento nas mais difíceis — esclarece o professor.
5. Estudar só o conteúdo da escola é suficiente -
Alunos exemplares no Ensino Médio não têm, necessariamente, alto rendimento no Enem. Uma dos motivos é a prova não se limitar ao material estudado nas escolas, segundo Ricardo Breda, do Diferencial Preparatório ENEM. Para o educador, o exame causa estranheza por pedir reflexões sobre assuntos nem sempre vistos em sala de aula.
— Em Linguagens, por exemplo, já houve questão sobre esporte, dança, cultura folclórica e música popular. A prova pede uma articulação nova. O segredo é não estranhar e começar a incorporar a arte, o folclore e outras expressões na preparação — observa Ricardo.
De onde vêm os mitos?
Para Renato Pellizzari, do Colégio QI, as percepções sobre o Enem tendem a se diversificar em um país tão grande quanto o Brasil. Segundo o educador, os mitos são um sintoma da falta de intimidade do público com o formato pouco tradicional.
— Houve uma ruptura com os exames clássicos. O novo modelo busca avaliar as habilidades desenvolvidas pelo cidadão em seu processo de formação. O Enem não acabou com a necessidade de estudar as matérias, mas achou um novo lugar para elas — completa Renato.
Para filtrar a verdade entre tantos boatos, Bruno Werneck sugere que os candidatos verifiquem as informações antes de compartilhá-las com colegas de classe.
— Merecem confiança as notícias que vêm do MEC, veículos de boa reputação, jornalistas habituados ao tema ou professores qualificados. Se a mesma informação vem de várias fontes importantes e encontra respaldo no MEC, ela provavelmente é confiável — conclui Bruno.