Divulgado nesta quinta-feira, o Censo Escolar aponta que os estados nordestinos dominam a ponta do ranking de redes com as maiores taxas de matrículas em escolas de tempo integral, em que os alunos ficam pelo menos sete horas em aula.
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Considerando as matrículas das redes estadual e municipal juntas, quatro dos cinco estados com mais matrículas de tempo expandido são do Nordeste: Ceará (40%), Piauí (37%), Paraíba (26%) e Maranhão (26%). Em terceiro lugar, está Tocantins, com 29%. O estado melhor colocado do Sul, Sudeste e Centro-Oeste é São Paulo, com quase 25% das matrículas nessa modalidade.
O tempo integral é considerado uma das principais ferramentas para aumentar o nível de aprendizagem do país. A média dos países da OCDE é de quase 11 horas semanais de aulas só para Matemática, língua nativa e língua estrangeira. É mais do que a metade das 20 horas totais que as escolas de tempo parcial têm para todas as disciplinas.
Em 2023, o Brasil apresentou um aumento de matrículas em tempo integral de 11,4% para 13,6% nos anos inicias do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano), de 13,7% para 16,5% nos anos finais (do 6º ao 9º) e de 20,4% para 21,9% no ensino médio.
A rede estadual de Pernambuco possui 67% das matrículas com mais de sete horas de aula por dia. O modelo criado pelo estado é referência para outros. Foi nele que, em 2004, foi criada a primeira escola de tempo integral do Brasil, a Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano, no bairro de Santo Amaro, no Recife.
As redes municipais do Ceará somam, juntas, 51% de matrículas em tempo integral. Por trás do desempenho está uma forma de partilha de impostos estaduais que leva em consideração se um município ajuda o outro a atingir metas da educação. Isso fez com que diversos municípios do estado, como Sobral, se destaquem em educação, e outros como Arendá, Pires Ferreira, Mucambo e Uruoca ocupassem os melhores resultados do país no Índice do Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que considera as taxas de aprovação e aprendizado dos alunos do país.
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Durante a divulgação dos dados, o ministro da Educação, Camilo Santana, que foi governador do Ceará, comemorou o protagonismo dos estados nordestinos nas taxas de tempo integral.
— A gente tem que destacar que os cinco estados com tempo integral no ensino médio são nordestinos — ressaltou.
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Desigualdades
O ministro reconheceu na apresentação que está preocupado com as desigualdades apresentadas pelo censo. Ele apontou que escolas indígenas e quilombolas, por exemplo, têm menores índices de matrículas de tempo integral.
— Criamos algumas políticas no ano passado exatamente para focar na redução das desigualdades escolares no Brasil, como pudemos identificar nesses dados — afirmou.
Neste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o programa Escola em Tempo Integral, que já em 2023 transformou 1 milhão de vagas de tempo parcial para integral — mas como isso foi realizado depois da consulta do censo, ainda não foi contabilizado neste ano. A meta é chegar a 3,2 milhões em 2026, com investimento de R$ 4 bilhões.
— Vamos continuar com essa política de indução técnica e financeira em todas as etapas da educação brasileira, mas principalmente no ensino médio — afirmou Camilo.