Catalyst 2030 chega ao Brasil com missão de acelerar Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Encontro reúne 200 empreendedores sociais de destaque no país e discute desafios e necessidade de ações concretas para alcançar metas

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São Paulo

Mais de 200 líderes do setor social brasileiro se reuniram nesta quarta-feira (16) para o lançamento do Catalyst 2030 Brasil, coalizão global que busca criar ambiente e condições de acelerar a implantação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

O capítulo brasileiro do movimento se dá em momento de piora nos índices de pobreza e desigualdade e com a queda nas doações e do investimento social privado em meio ao avanço da pandemia da Covid-19, que passa pelo seu momento mais crítico no país, numa escalada rumo a 300 mil mortes.

Entre os 17 ODS que devem ser alcançados até 2030 estão acabar com a pobreza, com a fome e assegurar vida saudável e um planeta sustentável para todos.

Trocar conhecimento, otimizar o financiamento e influenciar políticas públicas são alguns dos pilares do Catalyst 2030 Brasil, articulação nascida em novembro de 2019 durante Workshop de Impacto Colaborativo realizado pela Folha e pela Fundação Schwab para marcar os 15 anos do Prêmio Empreendedor Social no país.

tela de zoom com diversos rostos sorrindo e tarja azul com logo do Catalyst 2030
Encontro reúne 200 empreendedores sociais de destaque no país e discute desafios para alcançar metas - Reprodução / Catalyst 2030 Brasil

Depois do pré-lançamento durante a Agenda Davos, evento virtual da Fórum Econômico Mundial em janeiro, o capítulo brasileiro foi lançado oficialmente em uma plenária online que reuniu líderanças do movimento global e também os fundadores da coalização em terras brasileiras.

O Catalyst 2030 conta hoje com 500 empreendedores e inovadores sociais em 195 países que impactam 1bilhão de vidas.

Ao abrir a primeira parte da sessão, a indiana Jeroo Billimoria, pioneira em empreendedorismo social à frente da One Family Foundation, afirmou que membros do movimento global vem conseguindo influenciar políticas públicas e criar sinergia para acelerar a agenda da ONU ao redor do mundo.

“Precisamos atuar para que os objetivos sejam atingidos em 2030, e não em 2093, como se projeta no ritmo atual", afirmou a líder do movimento global, ressaltando que o Brasil está na vanguarda ao ser o primeiro país a criar estrutura local para atingir a missão proposta pela aliança internacional de empreendedores sociais.

Sua fala foi seguida pela de François Bonnici, diretor-executivo da Schwab, que ressaltou a importância de reunir as maiores redes de empreendedorismo social, como Schwab, Ashoka, Skoll Foundation para trilhar essa jornada de colaboração frente a tantos desafios.

“Empreendedores sociais são catalisadores para acelerar os ODS”, disse Bonnici, ao apontar a necessidade de criar espaços de confiança e conexão locais para que a coalização ganhe relevância. "Por que precisamos de um movimento? Para mudar dinâmicas de poder."

Anamaria Schindler, presidente da Ashoka Brasil, também destacou a importância da atuação em rede e de mais colaboração. "Este é o momento e a oportunidade para empreendedores sociais se juntarem para romper silos e se unirem para grandes mudanças sociais no Brasil e globalmente."

Ainda na primeira parte da sessão, o filantropo José Luiz Egydio Setúbal, finalista do Catalyst 2030 Awards, cujos premiados serão anunciados em 25 de março, destacou a desigualdade brasileira como maior desafio para a conquista das metas.

“São muitas as desigualdades e precisamos encontrar jeitos de financiar soluções transformadoras rapidamente para alcançar essa agenda. O Catalyst coloca a tarefa como coletiva.”

A segunda parte da sessão de lançamento foi destinada à apresentação do movimento para engajamento de novos membros.

Entre os líderes de discussão estavam alguns dos articuladores da aliança no Brasil, como Rodrigo Baggio, da Recode; Gisela Solymos, do Cren; Rodrigo Pipponzi, da Editora Mol; Marcel Fukayama, do Sistema B; Paula Fabiani, do Idis; Raphael Mayer, da Simbiose Social; e Nicky Gryczka, da Social Gastronomy.

Os sete membros fundadores do Catalyst 2030 Brasil explicaram como e por que se engajar no movimento, além de mostrar quais objetivos comuns e como foi a jornada colaborativa de criar as bases para atuação em rede.

"Foram dois anos de trabalho para construir um movimento rumo ao impacto colaborativo. Os maiores desafios da humanidade exigem níveis profundos de colaboração para serem superados", afirmou Rodrigo Baggio.

Gisela Solymos apresentou uma linha do tempo desde 2019, ao situar o atual momento de incubação e aceleração global do movimento em 2021.

Rodrigo Pipponzi apontou os desafios chaves. “Temos falta de recursos, colaboração mínima, desconexão entre modelos de financiamento e necessidades e falta de voz em importantes processos de tomada de decisão.”

Coube a Marcel Fukayama sintetizar a potência dos mais de 500 empreendedores sociais, inovadores, intraempreendedores e apoiadores do Catalyst 2030 no mundo, que gerenciam US$ 2 bilhões em fundos, alinhados com os ODSs e com atuações detacadas em seus países.

Para Raphael Mayer, a desigualdade também permeia a captação de recursos para financiar a transformação e a aceleração dos ODSs. “Nem todas as causas conseguem financiamento e precisamos disseminar a ideia de impacto colaborativo.”

Paula Fabiani apresentou os pilares da iniciativa. “Estamos estruturados em grupos de trabalho com foco em engajamento, advocacy para fortalecimento do ecossistema e captação para colaboração.”

Já Nicky Gryczka resumiu os valores e a missão que servem de base para a comunidade global e "catalizadores de mudanças": Pessoas e natureza no centro, mentalidade cocriativa, liderança colaborativa, audácia humilde e espírito de generosidade.

Encerrada a rodada de apresentação, os participantes foram divididos em 30 grupos, onde puderam aprofundar a discussão em torno da questão: Como podemos mobilizar, engajar e colaborar efetivamente para o cumprimento da Agenda 2030?

​Todos foram convidados a responder uma enquete para nortear o planejamento das próximas ações do movimento e também o processo de engajamento dos novos membros. Os dados foram compartilhados no fechamento da plenária.

Para o grupo, o ODS 10, que visa redução da desigualdade, foi apontado por 17,9% como de maior apelo e alinhamento, seguido pelo ODS 5, de Igualdade de Gênero (15,4%) e o ODS 4, Educação de Qualidade (14,5%).

Entre as necessidades mais prementes para a implantação dos ODSs no Brasil, os participantes elencaram colaboração (28,7%), políticas públicas e advocacy (26,1%) e mobilização de recursos financeiros (21,7%).

Indagados sobre qual grupo de trabalho desejariam se engajar ativamente para o cumprimento da Agenda 2030 no Brasil, 69,6% escolheram iniciativas de engajamento, seguidas de advocacy (25,2%) e captação (19,1%).

O encontro terminou com sugestões de participantes de como ampliar a mobilização. A crise sanitária e a falta de articulação do setor foram colocadas como fatores-chave para que se possa avançar.

"Vamos transformar essas nossas angústias em ações", afirmou a jornalista Eliane Trindade, editora do Prêmio Empreendedor Social e coordenadora da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, ao encerrar a sessão de lançamento com uma convocação de todos para as próximas etapas do Catalyst 2030.

Ao longo do mês de abril, está prevista uma série de webinários para definição de agendas prioritárias e desenho das primeiras ações concretas do movimento no Brasil.

Em maio, será realizada a Catalysing Change Week (Semana Catalizadas de Mudanças, em tradução livre) que, na esfera global, vai reunir as principais lideranças para discutir formas de incentivar os líderes mundiais a se comprometerem com mudanças sistêmicas. Também deve garantir que empreendedores sociais tenham assento na mesa de tomada de decisões e possam ter acesso a sistemas de financiamento para ampliar suas escalas e impacto social ao redor do mundo.

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