Por Léo Arcoverde, GloboNews


Agressão a professores cresce 83% entre 2014 e 2018 em SP

Agressão a professores cresce 83% entre 2014 e 2018 em SP

O número de agressões a professores de São Paulo cresceu 73% em 2018 se comparado ao ano anterior, segundo levantamento feito pela GloboNews via Lei de Acesso à Informação. No ano passado, houve 434 agressões a professores da rede estadual contra 251 contabilizados em 2017.

Na comparação com 2014, quando foram registrados 234 casos de agressões a professores da rede estadual, as ocorrências contabilizadas em 2018 representam uma alta de 83%.

Os dados são registrados desde 2014 pelo Registro de Ocorrência Escolar (ROE). O ano de 2018 foi o que mais teve agressões --o menor foi 2015, com 188 casos.

Agressões a professores em SP
Casos registrados pelo governo anualmente.
Fonte: Secretaria Estadual da Educação de São Paulo

Em um dos casos ouvidos pela GloboNews , uma professora foi agredida pela mãe de uma aluna, que teria sido repreendida por mau comportamento.

“A mãe estava nervosa, então quando eu estava saindo ela veio em minha direção, para me dar um tapa no rosto. Eu fiquei com alguns hematomas, e coloquei a mão a frente do rosto para me defender ela continuou com a agressão deixando algumas marcas no meu braço", disse.

A professora pretende apresentar um boletim de ocorrência para denunciar a mãe da aluna. A Secretaria da Educação abriu um processo interno para apurar o fato e tomar medidas cabíveis.

Para o professor e sociólogo Rodrigo Prando, um dos grandes problemas nesse caso é a agressão por parte de um integrante da família do aluno. "Quando você tem uma criança um adolescentes que perde cabeça na sala de aula e parte para agressão é um ponto, agora quando você tem um pai e uma mãe, isso se tonar um sinal claro que esse elemento familiar está falhando na educação e na forma de impor limites ao jovem".

Maria Helena Guimarães de Castro, ex presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e especialista em educação, diz que as agressões afetam diretamente o nível da aprendizagem . "Um ponto provável desse aumento é o fato de a sociedade estar radicalizada. Há um nível crescente de violência também fora do ambiente escolar. É gravíssimo termos casos de violência dentro da escola, pois o processo de aprendizagem acaba afetado.”

Segundo a especialista, “há formas de trabalharmos e revertermos isso, que é por meio do processo de desenvolvimento de competências do século 21, que incluem habilidades socioemocionais”.

Nota da Secretaria Estadual da Educação

“O Registro de Ocorrência Escolar (ROE) reúne dados para fins exclusivos da administração escolar, sem valor estatístico, com objetivo de aprimorar e estimular ações de prevenção. Trata-se de um mecanismo de registro interno da Secretaria.

São Paulo criou em 2009 o Sistema de Proteção Escolar, que dispõe de professores mediadores e manuais de apoio distribuídos para todas as escolas da rede estadual com orientações de como os gestores escolares devem tratar a questão e o atendimento aos professores e alunos. A valorização dos professores e profissionais da Educação é premissa básica dessa nova gestão.”

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