Por G1 São Carlos e Araraquara


Professores da rede estadual enviam carta ao MP pedindo segurança, em São Carlos, SP

Professores da rede estadual enviam carta ao MP pedindo segurança, em São Carlos, SP

Os professores e funcionários da Escola Estadual Professor Orlando Perez, em São Carlos (SP), já haviam enviado uma carta ao Ministério Público denunciando a situação de insegurança no local há quase 3 meses. Na terça-feira (12), um docente foi agredido por um aluno e teve o carro depredado. Três estudantes foram suspensos.

O MP diz que tomou medidas para aumentar a segurança após o recebimento do documento e que vai começar a pedir punições mais severas para os casos de violência nas escolas. (Veja o posicionamento abaixo).

Escola Estadual Professor Orlando Perez, em São Carlos — Foto: Reprodução/ EPTV

Carta denuncia situação de escola

A carta foi protocolada na promotoria no dia 21 de junho e pede soluções para o déficit no quadro de funcionários e professores substitutos. O documento também denuncia a presença de tráfico e uso de drogas dentro da instituição, além da entrada de pessoas que não pertencem à unidade. O ofício aponta que a situação prejudica o trabalho pedagógico e provoca o desgaste físico e psicológico dos profissionais, além do risco à integridade física dos membros da comunidade escolar.

O conselheiro do Sindicato dos Professores e Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Ronaldo Motta, explicou que só na última semana foram denunciados três casos de violência dentro de escolas de São Carlos. Para ele, a falta de estrutura é uma porta de entrada para a violência.

“É tanto a questão de alunos por sala e falta de apoio pedagógico, redução no número dos funcionários, diminuição de vice-diretores. Este ano o número de profissionais acabou diminuindo, o que faz com que a estrutura da escola seja prejudicada, e por tanto, a falta de controle e a falta de relação com a comunidade seja maior”, explicou Motta.

Imagens mostram agressão a professor e carro sendo depredado em São Carlos — Foto: Reprodução / EPTV

Professor agredido

Na terça-feira, um professor de educação física de 48 anos foi agredido por um aluno de 15 após ele e outros dois invadirem uma aula pulando o muro da escola.

Câmeras de segurança registraram parte do que aconteceu. Nas imagens, o docente sai da escola e momentos depois volta e recebe chutes e um soco do adolescente. O estudante também aparece arremessando um pedaço de tijolo contra o carro dele. As câmeras não mostram, mas o professor também foi atingido pelo tijolo. Ele teve ferimentos leves em um dos braços.

O adolescente e outros dois alunos foram suspensos e o caso é analisado por um Conselho Escolar, além do Conselho Tutelar. O caso foi registrado na Polícia Civil.

O jovem agressor pode ser suspenso, mas para a Apeoesp isso não é o suficiente e o professor será orientado a não voltar às aulas por enquanto. "A diretoria de ensino e o estado devem garantir esse afastamento por um certo tempo. O estado é o responsável pela integridade física do professor e dos demais funcionários", disse Motta.

Professor é agredido com tijolo em São Carlos, SP — Foto: A Cidade ON/ São Carlos

Carro de professor foi danificado por estudantes em São Carlos — Foto: A Cidade ON/ São Carlos

Promotor fala sobre medidas

O promotor da Vara da Infância e Juventude, Mario José Corrêa, explicou que, após o recebimento do documento, o MP tomou medidas para certificar a segurança dos funcionários. "Aumento de policiamento de ronda escolar, dentro do que é possível do efetivo foi feito, também estamos com medidas junto à Secretaria de Educação para contratação de mais funcionários, mas são processos lentos e muitas vezes não é só o policiamento que resolve o problema”, disse.

Promotor do MP explica medidas adotadas em casos de agressão cometidas por menores

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Sobre a punição dos adolescentes, Corrêa contou sobre o que a Vara vai pedir punições mais severas para casos de violência nas escolas.

"Estamos adotando uma linha de tolerância zero. em casos de xingamentos e ameaças, nós já vamos requerer ao juízo a implementação de medidas socioeducativas, tanto para o jovem como para seus pais em palestras e cursos obrigatórios. É importante vincular a família, que muitas vezes não exerce seu poder e não orienta seus jovens", disse o promotor.

Ele ressaltou a importância da denúncia. "Esse ano só foram reportados 4 problemas entre professores, diretores e alunos. Há um costume de não comunicar os fatos à justiça, o que impede que apliquemos as medidas socioeducativas. Até peço para que todos os professores façam o boletim de ocorrência. Nesses casos reportados todos foram punidos e um foi levado para a Fundação Casa", disse.

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