Política
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Por Paula Ferreira — Brasília

O futuro ministro da Educação, Camilo Santana, confirmou nesta terça-feira que a governadora do Ceará, Izolda Cela, será sua secretária executiva. Como o GLOBO antecipou, Camilo queria repetir a dobradinha com Izolda no Ministério da Educação (MEC) e optou pela aliada para ter alguém de extrema confiança como número 2 da pasta.

Camilo Santana também anunciou que a atual secretária de Fazenda do Ceará, Fernanda Pacobahyba, será a presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O órgão é cobiçado pelo Centrão e foi alvo de um dos principais escândalos de corrupção do governo de Jair Bolsonaro. Segundo denúncias, pastores usavam de sua influência sobre o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, para facilitar acesso a verbas repassadas pelo FNDE. Atualmente, a autarquia é comandada por Marcelo da Ponte, aliado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).

— Estamos conversando, ouvindo especialistas, ouvindo toda a equipe do governo para que a gente possa montar uma boa equipe, com certeza a Izoda estará nela — afirmou Camilo Santana, confirmando que a governadora será sua secretária executiva:

— A determinação do presidente Lula é focar em reestruturar o ministério que foi bastante afetado nesse governo Bolsonaro, que não deu prioridade à educação, por conta também da pandemia que trouxe prejuízos enormes ao aprendizado nesse país. Portanto os desafios são enormes. Já conseguimos recuperar um pouco do orçamento do ministério já para 2023. Portanto vamos agora montar a equipe, até porque o presidente tem uma prioridade na educação básica na questão escola em tempo integral.

Como O GLOBO mostrou, além de querer uma pessoa de confiança como substituta imediata no MEC, Camilo Santana optou por Izolda na secretaria executiva para priorizar políticas de desenvolvimento da educação básica. Em fala a jornalistas nesta terça-feira, a governadora afirmou que esse será o foco do MEC.

— Eu penso que (minha indicação) tem uma conexão muito forte com isso (com a priorização da educação básica). Eu penso que o país precisa compreender melhor o que é o diagnóstico relacionado aos resultados da educação básica desde alfabetização. Como é que está a alfabetização das crianças nesse país especialmente depois de tão severamente afetada pelo período da pandemia e esses anos de uma condução do ministério que eu não compreendi muito bem qual foi o olhar para o Brasil, para os estados e municípios — disse a governadora.

Experiência

Com a experiência de comandar a secretaria de educação de Sobral, vitrine do Ceará, e também a chefia da pasta estadual, Cela é professora e se formou em psicologia pela Universidade Federal do Ceará. A governadora é mestre em avaliação da Educação Pública pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). À frente de uma secretaria operacional, a governadora também terá de lidar com a escassez de recursos que coloca em risco as políticas públicas desempenhadas pela pasta .

Izolda é uma das idealizadoras do Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC), que foi responsável pelo salto de qualidade de Sobral nos indicadores de educação, passando a integrar o topo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nos anos relativos à etapa da alfabetização. À frente da secretaria estadual, a gestora atuou na implementação de bônus por meio do repasse de Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) com base nos resultados educacionais dos municípios.

A governadora, que está sem partido, se aproximou de Lula ao apoiar a candidatura de Elmano de Freitas (PT) após ser preterida pelo PDT para disputar o governo do estado nas eleições deste ano. Vice-governadora desde 2014 na chapa de Camilo Santana (PT), ela era sucessora natural na disputa, mas seu então partido, PDT, resolveu lançar o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio. A decisão gerou um racha na aliança entre PT e PDT no estado e culminou na desfiliação de Izolda Cela. Na reta final da campanha, Izolda passou a atuar ativamente na campanha de Elmano e foi vista como "a cereja do bolo" para garantir a vitória do petista em primeiro turno. A postura elevou ainda mais a simpatia de lideranças petistas.

Se por um lado, chegou a ser favorita de Lula para comandar o MEC, sendo preterida depois, por outro Izolda desperta antipatia de parte da militância do PT. O núcleo de educação do partido tem histórico significativo de atuação na área e queria para si o protagonismo. Além disso, a governadora tem ligação com fundações empresarias, como a Fundação Lemann. A organização tem em Sobral um dos principais polos de parceria em suas ações na área da educação.

Descrita por pares como uma pessoa "cordata" e "conciliadora", Izolda tem perfil discreto e seus principais ativos na opinião de pessoas da área é sua atuação na educação básica. O maior ponto fraco da nova secretária, segundo fontes da educação, é sua falta de trânsito no ensino superior, que é justamente a área responsabilidade direta do MEC.

Seus anseios como gestora também indicam sua proximidade com a educação básica. Um dos sonhos de Izolda era ampliar para todo o Ceará o modelo de educação integral, incluindo parcerias com municípios para implementação do modelo no ensino fundamental. A educação integral é uma das grandes apostas da educadora, que vê no modelo a principal ferramenta para transformar a vida dos jovens. Já a política de educação domiciliar pautada como prioridade pelo governo de Jair Bolsonaro gera asco na nova secretária.

Comando do FNDE

Uma das autarquias mais cobiçadas da administração federal, o FNDE é responsável por distribuir recursos a estados e municípios. Devido a sua capilaridade e potencial de uso eleitoreiro, a pasta costuma ser rifada em troca de apoio. O futuro ministro da Educação afirmou, no entanto, que o fundo ficará sob o comando de uma técnica: a atual secretária de fazenda do Ceará, Fernanda Pacobahyba. Ela foi a primeira mulher nomeada para comandar a instituição.

Auditora Fiscal Jurídica da Receita Estadual do Ceará desde 2009, Pacobahyba é formada em Direito pela Universidade Federal do Pará (UFPA). A futura presidente do FNDE também tem doutorado em Direito Tributário pela PUC de São Paulo.

— Vou trazer uma pessoa já minha, da minha confiança, que é especialista na área, servidora pública de carreira, que cumprirá essa missão para reorganizar. Aliás a gente precisa reorganizar o Inep, a Capes, o FNDE, que são estruturas muito importantes para a execução das políticas de educação no Brasil. Então vamos trazer pessoas especialistas e em breve vamos anunciar— disse Camilo Santana.

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