Por Bom Jesus

O Bullying (ou intimidação sistemática) é um tipo específico de agressão em que há desnível de poder entre o autor (“agressor”) e o alvo (“vítima”), o que permite que o primeiro persista agredindo (de forma verbal, física ou “psicológica”) o segundo, sem que este possa reagir de qualquer forma a essa agressão. Para caracterizar bullying, também é necessário que a agressão tenha ocorrido sem motivação evidente (ex.: uma provocação). Tecnicamente esse termo deve ficar restrito ao comportamento ocorrido entre crianças e adolescentes.

E como uma criança ou um adolescente se torna autor de bullying? De acordo com o doutor José Francisco Malucelli Klas, pediatra e coordenador do Departamento de Saúde Escolar do Grupo Bom Jesus, é possível identificar algumas características: famílias disfuncionais, com pouca afetividade entre seus familiares; podem ter sido, ou estar sendo, vítimas de abusos ou estar sofrendo humilhações; ou pressão demasiada por desempenho (sucesso) por parte de adultos. Há, ainda, os que gostam de experimentar a sensação de poder, que têm pouca supervisão dos pais e cuja família pode tolerar ou oferecer um modelo agressivo de solução de conflitos

O Conselho Nacional de Justiça sinaliza alguns indicadores de que uma criança ou um adolescente pode ter se tornado autor de bullying:

  1. Manter atitudes desafiadoras e agressivas com relação aos familiares, aos colegas ou a outras pessoas.
  2. Ser arrogante, demonstrando superioridade.
  3. Manipular situações para não se responsabilizar pelos conflitos em que se envolve.
  4. Frequentemente voltar da escola com objetos ou dinheiro que não possuía.
  5. Mentir de forma convincente e negar as reclamações da escola, dos irmãos ou de outras pessoas.
  6. Apresentar dificuldade em aceitar limites e regras.
  7. Fazer brincadeiras de mau gosto ou gozações, colocar apelidos pejorativos, difamar, ameaçar, constranger ou menosprezar outras pessoas.
  8. Divertir-se à custa do sofrimento alheio.
  9. Tentar exteriorizar sua autoridade sobre alguém frágil.
  10. Apresentar dificuldade em se colocar no lugar do outro (não ter empatia).

No ambiente escolar, diante da suspeita de bullying, é recomendado iniciar imediatamente o acompanhamento dos alunos envolvidos na situação. No Programa de Prevenção ao Bullying do Departamento de Saúde Escolar do Grupo Educacional Bom Jesus, existe um protocolo seguido por professores e funcionários. Os pais dos alunos autores e alvos devem ser imediatamente convocados à escola, separadamente, para terem conhecimento da situação e para que possam receber orientação. “Como parte das ações de proteção mútua (do autor e de possíveis alvos) e tendo em vista que alvos e autores de bullying podem estar com problemas emocionais, é recomendado às famílias que busquem avaliação de um profissional de saúde mental”, sugere o médico. Saiba quais são as orientações dos especialistas para os familiares de uma criança ou um adolescente autor de bullying:

  • Não ignore a situação ou ache que está tudo bem.
  • Converse com ele e procurar saber por que está agindo dessa forma.
  • Mantenha a calma e não aja com agressividade ao conversar, evitando a violência.
  • Mostre que você sabe o que está acontecendo. Mas também demonstre que o ama, apesar de não aprovar esse comportamento.
  • Ele precisa de ajuda. Deixe claro que você quer ajudar e que vai buscar alguma maneira de fazer isso.
  • Tente identificar algum problema que possa estar desencadeando esse comportamento (bullying).
  • Procure auxiliá-lo a encontrar meios não agressivos para expressar insatisfações.
  • Informe a ele que conversará com a equipe escolar, para compreender melhor a situação.
  • Dê orientações e limites firmes.
  • Reforce valores como tolerância, ética e respeito às diferenças, principalmente por meio do exemplo. A criança ou o adolescente pode aprender a ser intolerante quando escuta seus familiares usarem palavras pejorativas para mendigos, prostitutas, homossexuais, pessoas de outros grupos étnicos ou religiões (até mesmo de outros times!). Caso seu filho diga algo negativo sobre essas pessoas, deixe claro que não se deve julgar os outros por serem, de alguma forma, diferentes.
  • Encoraje a pedir desculpas, pessoalmente ou por meio de carta, ao colega agredido, lembrando que isso, isoladamente, não resolve o problema nem diminui a gravidade do ocorrido.
  • Reforce os pontos em que ele se destaca.
  • Busque acompanhamento de profissionais (ex.: psicólogo) para trabalhar estratégias assertivas de comportamento em substituição à agressividade.
  • Além dos itens anteriores, caso a criança ou o adolescente esteja agredindo outras pessoas, deve ser punido. Uma forma de fazer isso é privando-o de algo de que goste (ex.: videogame, passeios, compras) por determinado tempo, coerente com a gravidade da agressão, e fazer com que se cumpra todo o prazo imposto. Sempre que possível, combinar previamente as consequências (punições) pelos atos inadequados cometidos. Castigos previamente combinados com as crianças ou os adolescentes são mais bem-aceitos e muito mais educativos.

Bom Jesus
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!
Mais do G1