Por Karol Caparelli e Victória Henrique, Bom Dia Rio


Briga entre estudantes faz vítima perder três dentes em frente a escola, na Zona Norte do Rio

Briga entre estudantes faz vítima perder três dentes em frente a escola, na Zona Norte do Rio

A violência em escolas do Rio de Janeiro tem afastado alunos de sala de aula. No Andaraí, na Zona Norte do Rio, um estudante foi violentamente agredido e perdeu os três dentes da frente após uma briga com outro menor. Um outro estudante de escola de Niterói precisou levar pontos na orelha após outro aluno jogar uma cadeira ferro contra ele e, segundo a mãe, a audição do garoto foi afetada.

João Marcello, de 17 anos, passou a usar máscara para esconder as marcas da violência que ocorreu em frente ao Colégio Estadual Chico Anysio, na Zona Norte. A agressão aconteceu no dia 13 de abril, e, desde então, o adolescente, que está no terceiro ano do ensino médio, não frequenta mais as aulas.

"Ele não está falando normal como ele falava, por causa da falta dos dentes, e algumas coisas realmente não tem como ele comer porque ele tá sem os dentes da frente, os três principais, dois em cima e um embaixo", conta a mãe Ana Gabriela Abreu.

João Marcello perdeu os três dentes da frente após ser agredido frente ao Colégio Estadual Chico Anysio, na Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução

A agressão foi registrada por uma câmera de segurança do escola. De acordo com a família, João foi agredido depois que ele e outro estudante ajudaram a tirar duas meninas que estavam presas no elevador da escola.

Para realizar o resgate, a porta do elevador foi forçada e acabou quebrando. Por conta disso, João afirma que a diretora do colégio dividiu o valor do conserto do equipamento, avaliado em R$ 3 mil, entre os adolescentes.

Colégio Estadual Chico Anysio, na Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução

O outro estudante não teria aceitado a decisão por achar que João Marcello era o culpado e, por isso, o agrediu.

"A diretora falou isso para o João Marcello e para o agressor. Eu acho que meio que pra assustar, né? Só que depois que teve a briga, não teve mais esse assunto", explica Ana Gabriela.

A família de João buscou um advogado e conseguiu uma decisão judicial, mas o Governo do Estado ainda não pagou o implante dentário.

"É uma demora que sobrecarrega absolutamente o meu cliente, a família do meu cliente e o seu direito de educação, o seu direito de saúde", afirma o advogado Bruno D'Oliveira.

João Marcello e sua mãe, Ana Gabriela Abreu — Foto: Reprodução

Outro caso

Um outro estudante também não frequenta mais a escola por conta de agressão que aconteceu na Escola Manuel de Abreu, em Niterói, Região Metropolitana do Rio. É o caso de Felipe, filho de Caroline Leal, que foi foi agredido quando um outro aluno jogou uma cadeira de ferro contra ele. A vítima precisou levar dez pontos na orelha.

Felipe foi agredido após jogarem uma cadeira de ferro contra ele na Colégio Estadual Manuel de Abreu, em Niterói — Foto: Reprodução

Segundo a mãe, Felipe foi visitar um amigo de outra sala. Quando entrou, tiraram o boné que estava em sua cabeça e jogaram de um lado para o outro. Felipe conseguiu pegar o boné e falou para o agressor tirar a mão do item. Nesse momento, os dois começaram a briga.

"O menino pegou, deu um chute no peito do Felipe e nisso eles começaram a trocar socos. Depois de separada a briga, o menino ainda pegou a cadeira e tacou em cima da cabeça do meu filho. Ele abriu a orelha. Ele não tá escutando direito, ele não quer voltar pra escola", conta.

Ela afirma que a partir desse episódio, Felipe não deseja voltar a estudar.

"Vou ter que realmente mudar ele de escola. A gente tem conversado muito, eu e ele. Ele não está tranquilo, na verdade, ele não queria voltar pra nenhuma escola, mas tem que estudar", diz a mãe.

Colégio Estadual Manuel de Abreu, em Niterói — Foto: Reprodução

A professora da Unesp Luciene Tognetta detalha que faltam políticas públicas de prevenção para que a convivência entre os estudantes, professores e responsáveis seja saudável.

"Nós podemos dizer que o número casos de violência no Brasil tem um aumento significativo. O papel da escola é de promover o bem-estar. Portanto, não de combater quando a violência já existe, mas de promover uma convivência que seja com bem-estar", diz.

"São espaços que garantem que os alunos se sentem ouvidos. Quando a gente fala de ouvir a voz dos alunos, não é apenas ouvir quando acontecem os problemas, mas é organizar antes ações dentro da própria grade curricular em que eles tenham esses espaços garantidos", finaliza.

O que dizem as autoridades

A Secretaria Estadual de Educação (SES) disse que vem trabalhando na prevenção da violência nas escolas através de programas e ações pedagógicas.

Sobre o caso de João Marcello, a SES disse que marcou a radiografia para esta quinta (1º), mas que a família contou que o aparelho estava quebrado, e que foi orientada a remarcar o exame.

A Secretaria informou ainda que o estudante que agrediu João Marcello está participando de trabalhos de promoção da cultura de paz nas salas de aula e se mostrou arrependido.

Já em relação ao caso de Felipe, a Secretaria disse que o autor das agressões foi transferido, que os responsáveis foram ouvidos e o Conselho Tutelar foi notificado.

O Colegiado Municipal dos Conselhos Tutelares de Niterói afirmou que trabalha para inibir casos de agressões nas escolas, com palestras, ampliação da rede de saúde mental para acompanhar os alunos e a responsabilização dos autores de agressões e seus familiares.

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