Economia

Brasileiras são mais escolarizadas, mas homens têm renda maior, mostra ONU

No país com o menor IDH do mundo, a República Centro Africana, a representatividade das mulheres no Congresso é maior do que no Brasil

Marcha em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, no último dia 8, em São Paulo
Foto: Marcos Alves / Agência O Globo
Marcha em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, no último dia 8, em São Paulo Foto: Marcos Alves / Agência O Globo

RIO - Quando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2015 é aberto por sexo, no Brasil as mulheres têm um indicador, o Índice de Desenvolvimento de Gênero, um pouco superior ao dos homens, 0,754 frente a 0,751, pois são mais escolarizadas e vivem mais. No entanto, apesar do maior grau de escolarização, os homens brasileiros ainda têm um indicador de renda significativamente mais alto do que as mulheres, de acordo com o estudo da ONU divulgado nesta terça-feira.

Quando essa realidade é confrontada com a média mundial, os indicadores brasileiros são melhores, à exceção dos anos médios de escolaridade dos homens brasileiros, que estão em 7,5 anos, frente aos 8,8 da média em todo mundo e da renda nacional bruta per capita dos homens brasileiros, que também é inferior à media mundial (US$ 17.736 frente aos US$ 18.555 em todo o mundo). Os demais indicadores: IDHs feminino e masculino, expectativa de vida ao nascer, expectativa de anos de escolaridade, para ambos os sexos, e anos médios de escolaridade e renda per capita, ambos das mulheres, são superiores às medias mundiais.

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CONFIRA : Listamos as citações ao Brasil no relatório

Quando a ONU avalia a desigualdade nas dimensões saúde produtiva, do empoderamento e da atividade econômica, formando o Índice de Desigualdade de Gênero, o Brasil ocupa a 92ª posição entre os 159 países para os quais o indicador foi calculado, com pontuação 0,414. Esse ranking é liderado pela Suiça, seguido de Dinamarca, Holanda, Suécia e Islândia. Os com pior índice são Iêmem, Niger, Chade, Mali e Costa do Marfim.

Índice de desigualdade de gênero

Avalia desigualdades em três dimensões: saúde produtiva, empoderamento e atividade econômica

Mulher

Homem

idg

Alcance anos finais do ensino fundamental

0.443

Mundo

(25 anos ou mais)

0.414

Brasil

60,3%

Mundo

59,1%

Taxa de mortalidade materna

Brasil

Taxa de mortalidade materna

69,2%

216

Mundo

Mundo

55,2%

44

Brasil

Brasil

Gravidez na adolescência

(nascimento a cada 1 mil mulheres entre 15-19 anos)

Participação na força de trabalho

44,7

Mundo

(15 anos ou mais)

67

Brasil

49,6%

Mundo

56,3%

Assentos no parlamento

Brasil

(ocupados por mulheres)

76,2%

Mundo

22,5

Mundo

78,5%

10,8

Brasil

Brasil

Fonte: PNUD

Índice de desigualdade

de gênero

Em relação à média mundial, o Brasil só têm indicadores melhores de taxa de mortalidade materna e de participação na força de trabalho, que é maior tanto para os homens quanto mulheres.

No Brasil, há 67 nascimentos a cada 1000 mulheres entre 15 e 19 anos, enquanto que a média do mundo cai para 44,7 partos. Quando se observa o número de assentos em parlamentos, no Brasil a incidência de mulheres cai pela metade, ocupavam 10,8% deles em 2015, enquanto no mundo a média era de 22,5%. Até no país com o menor IDH do mundo, a República Centro Africana, a representatividade das mulheres é maior no Congresso: ocupam 12,5% do total de assentos, de acordo com a ONU.

Índice de desenvolvimento de gênero

São os mesmos indicadores do IDH (renda, saúde e educação), desagregados por sexo

Mulher

Homem

IDH

0.693

0.738

Mundo

Mundo

0.754

0.751

Brasil

Brasil

Expectativa de vida ao nascer

73,8

69,6

Mundo

Mundo

78,5

71

Brasil

Brasil

Anos de escolaridade esperados

12,4

12,3

Mundo

Mundo

15,7

14,7

Brasil

Brasil

Anos médios de escolaridade

7,7

8,8

Mundo

Mundo

8,1

7,5

Brasil

Brasil

Renda Nacional Bruta per capita estimada

US$ 10,306

US$ 18,555

Mundo

Mundo

US$ 10,672

US$ 17,736

Brasil

Brasil

Fonte: PNUD

Índice de desenvolvimento

de gênero

São os mesmos indicadores do IDH

(renda, saúde e educação),

desagregados por sexo

Fonte: PNUD

Ainda segundo o documento, no Brasil, apesar de as mulheres terem maior expectativa e média de anos de estudo do que os homens, a renda per capita do homem é 66,2% maior do que a da mulher.

O representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Brasil, Niky Fabiancic, lembrou nesta terça-feira pela manhã que uma em cada três mulheres já foi vítima de violência física ou sexual, que as mulheres ganham em média 24% menos que os homens e ocupam somente 24% dos altos cargos empresariais no mundo. Em 18 países, elas ainda necessitam da aprovação do marido para trabalhar.