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Celina

Brasil é número 38 em ranking que avalia oportunidades para as mulheres em 100 países

Pesquisa realizada pelo banco N26 compara participação feminina em liderança política, presença no mercado de trabalho, igualdade salarial entre gêneros e estrutura de apoio à mulher
Brasil é o número 38 em ranking de cem países que mais oferecem oportunidades para mulheres realizado por banco internacional Foto: Pixabay
Brasil é o número 38 em ranking de cem países que mais oferecem oportunidades para mulheres realizado por banco internacional Foto: Pixabay

Este não está sendo um ano fácil, que o digam as mulheres. A pandemia de Covid-19 que pegou 2020 de surpresa, gera retrocesso nas conquistas femininas dos últimos anos . No mercado de trabalho, elas são a maioria a sofrer as consequências da crise econômica gerada pelo novo coronavírus: perderam mais empregos e mais renda. Maioria nas profissões que envolvem cuidado, também estão mais sobrecarregadas , cansadas. É bom lembrar que as mulheres foram 70% da força global de trabalho em saúde. Por fim, o isolamento social jogou luz sobre uma outra epidemia, a violência doméstica , cujos números cresceram em todo o mundo, a ponto de o Papa e o secretário-geral da ONU pedirem aos países para cuidarem de meninas e mulheres.

Apesar disso, a pandemia também mostrou a excelência feminina na gestão. Países comandados por elas, como a Nova Zelândia, da primeira-ministra Jacinda Ardern, e a Finlândia, da primeira-ministra Sanna Marin, que lidera um governo composto apenas por mulheres, tiveram melhor desempenho na gerencia da crise múltipla que tomou conta de 2020.

No Brasil, onde hoje há apenas duas mulheres no ministério do governo federal, os avanços, seja no controle da pandemia, seja na ampliação dos direitos das mulheres, andam a passos lentos. Nas recentes eleições municipais, por exemplo, apenas uma capital brasileira terá uma mulher no comando. Mas, quando o assunto é oportunidade para as mulheres, como está o Brasil diante da comunidade internacional?

Uma pesquisa internacional encomendada pelo banco N26, que tem sedes em Berlim, Nova York, Barcelona, Viena e São Paulo, analisou dados de cem países para comparar os avanços em oportunidades para as mulheres. Para isso, foram analisadas quatro grandes áreas: liderança política, presença no mercado de trabalho, igualdade salarial entre homens e mulheres e estrutura de apoio à mulher, como licença maternidade remunerada, acesso à educação e legislação que proteja os direitos das mulheres. A ideia é entender como os países criam e apoiam oportunidades para elas, incentivando a liderança feminina.

Entre os cem países, o Brasil ficou em 38º lugar, atrás de Argentina (17º), Portugal (24º) e Chile (28º), mas a frente dos Estados Unidos (48º), do Uruguai (53º) e da África do Sul (62º).

— O Brasil é o número 38 entre os cem países do nosso Índice de Oportunidade para as Mulheres. O país está melhor posicionado em relação ao número de mulheres chefes de governo e também de mulheres em cargos de gestão, mas está mal posicionado quando o assunto é salário e a diferença salarial entre homens e mulheres, o acesso delas à educação e o total de mulheres no governo —  comenta Kelly McConville, diretora na N26, em enrevista a Celina por e-mail.

Ela vê alguns avanços brasileiros:

— Enquanto o cenário político brasileiro é predominantemente masculino, isso foi reconhecido e alguns passos iniciais foram dados em direção à paridade nos últimos anos. A legislação aprovada em 2018 estipulou que todos os partidos políticos precisam investir um mínimo de 30% nas candidaturas de mulheres, enquanto iniciativas como o Clube do 30% encoraja as empresas brasileiras e aumentar a diversidade de gênero em suas direções e cargos de gerências sêniores — analisa McConville.

A lista é encabeçada por Noruega (1º), Finlândia (2º) e Islândia (3º), países cujos avanços em oportunidades para as mulheres são internacionalmente reconhecidos. Na Finlândia, por exemplo, o ministério da primeira-ministra Sanna Marin é todo formado por mulheres. Na outra ponta da lista estão Jordânia (98º), Egito (99º) e Paquistão (100º).