Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Bolsonaro tornou-se o candidato favorito a transformar Lula no seu sucessor
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Num ponto, a sucessão de 2022 vai ficando parecida com a de 2018. A diferença é que os sinais foram invertidos. Empurrado para o triunfo pelo antipetismo que vigorou na sucessão passada, Bolsonaro infectou a conjuntura com um sentimento novo: o antibolsonarismo. O Datafolha informa que seis em cada dez brasileiros declaram que jamais reelegeriam Bolsonaro. Na véspera, outro instituto de pesquisa, o Ipec, informara que sete em cada dez eleitores não confiam no atual presidente. Esses dados fazem de Bolsonaro um candidato favorito a eleger Lula como seu sucessor.
Segundo o Datafolha, Lula chega à antessala do ano eleitoral consolidado na primeira colocação. Se a eleição ocorresse antes do Natal, o candidato do PT seria presenteado com uma vitória no primeiro turno. Num cenário com sete candidatos, o índice de intenção de votos do candidato petista (47%) é maior do que a soma dos percentuais de todos os outros presidenciáveis (42%). Submetido a intenso bombardeio, Bolsonaro resiste num patamar de 21%, bloqueando a ascensão de nomes alternativos.
O Datafolha levantou um dado muito relevante, que esvazia a teoria batizada de "nem-nem." Apenas 9% dos eleitores rejeitam simultaneamente Lula e Bolsonaro. Algo que dificulta a tarefa de candidatos como Sergio Moro, Ciro Gomes e João Doria, adeptos da pregação segundo a qual nem Lula nem Bolsonaro merecem vencer a eleição.
Caciques do centrão defendem uma mudança na estratégia de Bolsonaro. Não se deram conta de que a melhor hora para mudar é quando a mudança ainda não é necessária. Bolsonaro perdeu a hora. Ele desperdiça o seu momento desde o dia da posse. Sua ascensão ao Planalto foi uma consequência direta da polarização. O lógico seria que, depois de eleito, Bolsonaro virasse um presidente de todos os brasileiros, inclusive dos que não votaram nele. Mas o capitão passou a governar para um terço da população.
Bolsonaro colocou na receita do seu pudim raiva e desinformação em doses que agora se revelam letais. Segundo o Datafolha, o capitão perdeu quatro em cada dez eleitores que votaram nele no segundo turno de 2018.
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