Ministério da Educação sofre críticas por ser dominada pela chamada ala ideológica

Ministério da Educação sofre críticas por ser dominada pela chamada ala ideológica

Além de todos os desafios que tem pela frente, o novo ministro terá que contornar obstáculos dentro do próprio ministério, dominado pela chamada ala ideológica. Nesta sexta-feira (10), o presidente Bolsonaro reforçou ainda mais este perfil, com 11 nomeações para o Conselho Nacional de Educação.

Em junho, o então ministro da Educação Abraham Weintraub apresentou ao presidente Jair Bolsonaro uma lista com 12 nomes para um mandato de quatro anos no Conselho Nacional de Educação. À época, a assessoria de Weintraub informou que os nomes saíram de uma consulta a entidades da sociedade civil, como determina a lei. Mas duas das mais representativas entidades ligadas à educação, o Consed, formado pelos secretários de educação dos 26 estados e do Distrito Federal, e a Undime, que representa os secretários de educação dos municípios, vieram a público denunciar que não foram ouvidos.

Nesta sexta, o presidente Jair Bolsonaro nomeou sete dos 12 indicados por Weintraub. Entre eles, defensores do programa Escola Sem Partido e representantes de entidades evangélicas que integram a ala ideológica do governo. E entre os outros seis, que completam as 13 vagas disponíveis, também não há ninguém do Consed ou da Undime.

O Conselho Nacional de Educação é responsável por elaborar e avaliar políticas de educação para todo o país. Foi esse conselho que aprovou a Base Nacional Curricular e que regulamentou as regras para a formação de professores e para o novo ensino médio. O CNE também aprovou as regras de funcionamento das escolas durante a pandemia.

O Instituto Educatores, que reúne ex-secretários estaduais de Educação, disse em nota que "não houve respeito às redes estaduais e municipais de ensino, que concentram mais de 40 milhões de alunos e das quais dependem a educação básica no país.

A Undime e a Consed também divulgaram nota conjunta em que repudiam os critérios utilizados pelo governo. A presidente do Consed afirmou que a decisão do presidente Jair Bolsonaro frustra a expectativa de abertura de um diálogo.

“Os alunos da educação básica, educação infantil, fundamental e médio, 90% são da escola pública. Nós que estamos aqui na ponta, cinco mil e tantos municípios, estados que estão aqui, e na hora de normalizar, na hora de deliberar, não terá ninguém do Conselho Nacional para colaborar com as discussões. Então, nós estamos muito surpresos mesmo de não ter nenhum secretário municipal e nenhum secretário estadual para debater as políticas públicas do Brasil”, destaca Cecilia Motta.

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