Brasil Educação Enem e vestibular

Bolsonaro diz que não dá para alterar o Enem de uma hora para a outra, mas afirma: 'Já está mudando'

'Não viram mais linguagem de tal tipo de gente com tal perfil. Não existe isso aí', afirmou o presidente
Entrada dos candidatos na Uerj, um dos maiores locais de prova Foto: Marcia Foletto / Agência O Globo
Entrada dos candidatos na Uerj, um dos maiores locais de prova Foto: Marcia Foletto / Agência O Globo

BRASÍIA — O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira que não é possível mudar o Enem de uma hora para a outra, mas destacou que algumas alterações já estão sendo percebidas sim. Segundo ele, não há mais, por exemplo, questões relacionadas à "linguagem de tal tipo e gente com tal perfil". Em 2018, antes de Bolsonaro tomar posse, o Enem trouxe uma questão sobre o "pajubá", dialeto usado por gays e travestis.

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O presidente também negou que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, tenha interferido na elaboração da prova. Na semana passada, Bolsonaro chegou a dizer que a prova deste ano começava a ter a "cara do governo" . Além disso, 37 servidores do  Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame, pediram exoneração às vésperas da prova. A estratégia do Ministério da Educação tem sido dizer que a insatisfação de servidores do Inep se deve na verdade a mudanças no sistema de pagamento de uma gratificação, o que é refutado pela associação que representa os funcionários do órgão. Servidores do Inep vêm relatando casos de assédio moral envolvendo Danilo Dupas, presidente do Inep.

— Estão acusando o ministro Milton de ter interferido na elaboração das provas. Olha, se ele tivesse a capacidade, não teria nenhuma questão de ideologia nesse Enem agora, que teve ainda. Você é obrigado a aproveitar banco de dados de anos anteriores. Agora dá para mudar? Já está mudando. Não viram mais linguagem de tal tipo de gente com tal perfil. Não existe isso aí. A linguagem, o que o cara faz dentro de quatro paredes, problema dele. Agora não tem mais aquilo. A linguagem neutra não sei de quê. Não tem mais — disse Bolsonaro em conversa com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente.

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Ele disse que não dá para "dar um cavalo de pau" no Ministério da Educação e promover grandes mudanças de imediato. Ele fez o comentário em resposta a um apoiador que citou o ditador da Alemanha nazista Adolf Hitler.

— Na história de Hitler, a gente via muito a questão que ele começou com as crianças. No caso aí, o senhor acha que o nosso Ministério da Educação já poderia estar também fazendo um trabalho com as crianças para a gente voltar, retomar a consciência, a conscientização? — perguntou o apoiador.

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— Tem ministério que é um transatlântico. Não dá para dar um cavalo de pau. Eu gostaria de colocar imediatamente "Educação Moral e Cívica", um monte de coisa — afirmou Bolsonaro.

A prova do Enem é realizada em dois dias. O primeiro foi no último domingo, e o segundo será no próximo.