Por EPTV 1 — Machado, MG


Corte de verbas deve paralisar projetos do IF Sul de Minas e preocupa alunos

Corte de verbas deve paralisar projetos do IF Sul de Minas e preocupa alunos

Os 27 mil estudantes dos oito campi do Instituto Federal do Sul de Minas ainda tentam avaliar os impactos do corte de R$ 16 milhões do orçamento anual, após o bloqueio do Ministério da Educação (MEC) de 30% na verba de instituições federais. No IF, o bloqueio representa um valor ainda maior - quase 40% do orçamento.

Ao todo, as unidades do Instituto Federal do Sul de Minas custam ao Governo Federal mais de R$ 41 milhões. Segundo a reitoria, a redução terá impacto direto na manutenção dos campi e serviços aos alunos.

Em Machado (MG), são cerca de dois mil alunos circulando por dia. Nos corredores, o clima é de preocupação.

“Vou ter que acabar abandonando o curso, trancando, ou pedindo transferência para algum lugar mais perto da cidade”, explica a estudante Giovana Ota.

Bloqueio de verbas devem impactar 27 mil estudantes do IF Sul de Minas — Foto: Reprodução/EPTV

“Desde 2015, medicina veterinária, não consegui. Passei ano passado aqui pelo Enem e quando a gente consegue, a gente vê que o sonho da gente vai por água abaixo, depois desse corte de verbas. A gente entra em desespero, entra em colapso”, desabafa a estudante Larissa Tavares.

Larrisa, além de estudar, é voluntária no museu de ciências naturais do IF. Essa é a mesma realidade dos alunos da fazenda escola, onde produzem parte da carne e do leite que são servidos no instituto.

“Vai diminuir a qualidade, não vai ter tanto investimento na pesquisa, no desenvolvimento. Com o tempo, vai deixar de ser uma coisa nessa proporção que tem”, explica o estudante Gabriel Miranda.

Estudantes temem corte de verba do Governo Federal ao IF Sul de Minas — Foto: Reprodução/EPTV

Falta de verbas

Desde 2018, não há reajuste em uma parte da verba do IF. É o setor de assistência para os estudantes, que inclui ajuda de custo para moradia e alimentação a quem vem de outros lugares. O valor foi mantido em pouco mais de R$ 12 milhões para o Instituto Federal do Sul de Minas.

No campus Machado, 850 pessoas utilizam o refeitório todos os dias, onde são preparadas quatro refeições diárias. 350 alunos vivem nos alojamentos. Os estudantes temem que os benefícios sejam cortados com o anúncio do corte de verbas.

“Por exemplo, zootecnia vai ter que cortar a alimentação dos animais. Então está envolvendo muito mais do que uma alimentação nossa”, conta a estudante Érica Fátima de Oliveira.

“A gente não tem esperança nenhuma porque a gente ainda tem a pressão pra poder passar na faculdade e além disso ainda essa preocupação se vai ter um futuro pra gente seguir”, explica a estudante Ana Beatriz Sousa.

Sobre o serviço terceirizado, responsável por funcionários em setores como limpeza e alimentação, o futuro está indefinido. Será feita uma avaliação das áreas terceirizadas e da quantidade de funcionários para entender o impacto com o corte.

A previsão é que a instituições tenham uma reunião com o Ministério da Educação na sexta-feira (10) para tentar reverter o bloqueio nas verbas.

Vários setores do IF Sul de Minas devem sentir impacto de corte de verbas — Foto: Reprodução/EPTV

O que diz o MEC

Em nota, o Ministério da Educação explicou que o critério para o corte nas universidades e institutos federais foi operacional, técnico e igual para todas as instituições. O governo tomou a decisão, segundo o MEC, para não ultrapassar a meta de gastos primários e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto de gastos, aprovada no governo Temer.

O bloqueio, ainda segundo o governo, é preventivo e será feito a partir do segundo semestre para evitar que as instituições comecem obras ou realizem ações que demandem gastos fora do caixa. O governo também afirma que pode rever o bloqueio se a Reforma da Previdência for aprovada e se a economia melhorar no segundo semestre.

Fapemig

Procurada pela EPTV, afiliada da Rede Globo, a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) informou que não fez cortes, apenas suspendeu a concessão de novas bolsas de iniciação científica em 2019. Não há prazo para regularização, já que é preciso que sejam feitos repasses à instituição, que seguem sem data.

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