Base Nacional Comum Curricular: entenda o que muda na sala de aula

Documento que vai nortear currículos de todas as escolas faz referências a memes, redes sociais e novas tecnologias

por Paula Ferreira / Renato Grandelle

Base Nacional Curricular: documento vai nortear currículos de todas as escolas do país - shutterstock.com

RIO - Passados mais de dois anos desde que começou a ser elaborada, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental , que vai nortear os currículos das escolas de todo país, públicas e particulares, finalmente foi aprovada na última sexta-feira pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). São 466 páginas que tratam das aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver nas duas primeiras etapas da Educação Básica e agora seguem para homologação no Ministério da Educação (MEC).

O GLOBO pediu a especialistas que comentassem o que há no documento em suas mais variadas áreas: da Educação Infantil, passando pela Matemática, por Português, por Ciências, entre outras que constam no Ensino Fundamental.

Entenda por que a Base foi criada

Esta é a primeira vez que o Brasil terá uma Base Nacional Curricular. Antes, as instituições seguiam Diretrizes e Parâmetros emitidos pelo CNE, que traziam algumas orientações a respeito do que deveria ser ensinado em sala de aula. Apesar de o país nunca ter tido um documento com este, a Constituição de 1988 já determinava a fixação de "conteúdos mínimos para o ensino fundamental". Ao longo dos anos, a sinalização para a confecção da Base foi reafirmada com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em 1996, e o Plano Nacional de Educação (PNE), em 2014. Educadores defendem que o documento é fundamental para promover equidade no sistema de ensino do país, garantindo que haja uma determinação do que toda criança deve aprender na escola, independentemente de onde estude.

Leia mais: CNE aprova Base Curricular; veja a cronologia do documento

Leia mais: MEC terá 30 dias para ajustar o texto da Base Nacional Curricular

Leia mais: Confira a última versão completa da Base Nacional Comum Curricular

APLICAÇÃO DOS CONHECIMENTOS

O texto aprovado na última sexta-feira é inovador, dizem os educadores, por dar ênfase às chamadas competências. Ou seja, a Base não trata apenas do conteúdo, mas também da aplicação e a mobilização desse conteúdo .

Raio X da Base
Veja algumas das competências e habilidades abordadas pelo documento
A Base tem 10 competências gerais para a Educação Básica entre elas:
1
2
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos para explicar a realidade e colaborar para a construção de uma sociedade justa
Exercitar a curiosidade e recorrer às ciências para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas)
Algumas habilidades previstas
Língua Portuguesa
1º ao 5º ano
9º ano
Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, social, reconhecendo-a como meio de construção de identidades de seus usuários
Escrever, espontaneamente ou por
ditado, palavras e frases de forma
alfabética.
Escrever textos corretamente, de
acordo com a norma-padrão, com
estruturas sintáticas complexas.
Algumas habilidades previstas
Arte
1º ao 5º ano
6º ao 9º ano
Explorar e analisar práticas artísticas e culturais do entorno e de diversas sociedades, para reconhecer a arte como fenômeno cultural, histórico, social etc.
Explorar e reconhecer elementos
das artes visuais como ponto, linha,
forma, cor etc.
Pesquisar e analisar diferentes
estilos visuais, contextualizando-os
no tempo e no espaço.
Algumas habilidades previstas
Educação física
1º e 2º ano
8º e 9º ano
Experimentar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, esportes etc; valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.
Planejar e utilizar estratégias para
resolver desafios de brincadeiras e
jogos populares.
Praticar esportes de rede/parede,
campo e taco, invasão e combate
oferecidos pela escola, usando
habilidades técnico-táticas básicas.
Algumas habilidades:
Inglês
6º ano
9º ano
Comunicar-se na língua inglesa, por meio do uso variado de linguagens em mídias impressas ou digitais
Identificar o assunto de um texto,
reconhecendo sua organização
textual e palavras cognatas.
Empregar, de modo inteligível, os
verbos should, must, have to, may e
might.
Algumas habilidades:
Matemática
1º ano
9º ano
Desenvolver o raciocínio lógico, espírito de investigação e produção de argumentos convincentes, recorrendo à matemática
Contar de maneira exata ou
aproximada, utilizando diferentes
estratégias.
Efetuar cálculos com números
reais, inclusive potências com
expoentes fracionários.
Algumas habilidades:
Ciências
9º ano
1º ano
Analisar, compreender e explicar características e fenômenos do mundo natural, social e tecnológico, as relações entre eles e criar soluções
Localizar, nomear e representar por
meio de desenhos partes do corpo
humano e explicar suas funções.
Associar os gametas à transmissão
das características hereditárias,
estabelecendo relações entre
ancestrais e descendentes.
Algumas habilidades:
Geografia
1º ano
9º ano
Usar conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/ natureza e exercitar o interesse de investigação e de resolução de problemas.
Criar mapas mentais e desenhos
com base em itinerários, contos
literários, histórias inventadas e
brincadeiras.
Analisar situações para
compreender a integração mundial,
comparando as diferentes
interpretações: globalização e
mundialização.
Algumas habilidades:
1º ano
9º ano
História
Identificar a relação entre as suas
histórias e as histórias de sua família
e de sua comunidade.
Descrever e contextualizar os
principais aspectos sociais, culturais,
econômicos e políticos da
emergência da República no Brasil.
Compreender fatos históricos, relações de poder e processos de transformação e manutenção das estruturas para analisar e intervir no mundo
Algumas habilidades:
Ensino religioso
1º ano
9º ano
Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida
Valorizar a diversidade de formas
de vida.
Identificar concepções de vida e
morte em diferentes tradições
religiosas e filosofias de vida.
Fonte: Ministério da Educação
Raio X da Base
Veja algumas das competências
e habilidades abordadas
pelo documento
A Base tem 10 competências gerais para a Educação Básica entre elas:
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos para explicar a realidade e colaborar para a construção de uma sociedade justa
1
Exercitar a curiosidade e recorrer às ciências para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas)
2
Língua Portuguesa
Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, social, reconhecendo-a como meio de construção de identidades de seus usuários
Algumas habilidades previstas
1º ao 5º ano
Escrever, espontaneamente ou por ditado,
palavras e frases de forma alfabética
9º ano
Escrever textos corretamente, de acordo com a
norma-padrão, com estruturas sintáticas complexas
Arte
Explorar e analisar práticas artísticas e culturais do entorno e de diversas sociedades, para reconhecer a arte como fenômeno cultural, histórico, social etc.
Algumas habilidades previstas
1º ao 5º ano
Explorar e reconhecer elementos das artes visuais
como ponto, linha, forma, cor etc.
6º ao 9º ano
Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais,
contextualizando-os no tempo e no espaço
Educação Física
Experimentar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, esportes etc; valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.
Algumas habilidades previstas
1º e 2º ano
Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios
de brincadeiras e jogos populares
8º e 9º ano
Praticar esportes de rede/parede, campo e taco,
invasão e combate oferecidos pela escola, usando
habilidades técnico-táticas básicas
Inglês
Comunicar-se na língua inglesa, por meio do uso variado de linguagens em mídias impressas ou digitais
Algumas habilidades previstas
6º ano
Identificar o assunto de um texto, reconhecendo
sua organização textual e palavras cognatas
9º ano
Empregar, de modo inteligível, os verbos
should, must, have to, may e might
Matemática
Desenvolver o raciocínio lógico, espírito de investigação e produção de argumentos convincentes, recorrendo à matemática
Algumas habilidades previstas
1º ano
Contar de maneira exata ou aproximada,
utilizando diferentes estratégias
9º ano
Efetuar cálculos com números reais, inclusive
potências com expoentes fracionários.
Ciências
Analisar, compreender e explicar características e fenômenos do mundo natural, social e tecnológico, as relações entre eles e criar soluções
Algumas habilidades previstas
1º ano
Localizar, nomear e representar por meio de
desenhos partes do corpo humano e explicar
suas funções
9º ano
Associar os gametas à transmissão das
características hereditárias, estabelecendo
relações entre ancestrais e descendentes
Geografia
Usar conhecimentos geográficos para
entender a interação sociedade/ natureza e exercitar o interesse de investigação e de
resolução de problemas
Algumas habilidades previstas
1º ano
Criar mapas mentais e desenhos com base em
itinerários, contos literários, histórias inventadas
e brincadeiras
9º ano
Analisar situações para compreender a integração
mundial, comparando as diferentes interpretações:
globalização e mundialização.
História
Compreender fatos históricos, relações de poder
e processos de transformação e manutenção das estruturas para analisar e intervir no mundo
Algumas habilidades previstas
1º ano
Identificar a relação entre as suas histórias e as
histórias de sua família e de sua comunidade
9º ano
Descrever e contextualizar os principais
aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos
da emergência da República no Brasil.
Ensino Religioso
Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida
Algumas habilidades previstas
1º ano
Valorizar a diversidade de formas de vida.
9º ano
Identificar concepções de vida e morte em
diferentes tradições religiosas e filosofias de vida
Fonte: Ministério da Educação

O documento traz dez competências gerais para serem desenvolvidas na Educação Básica, entre elas:

- Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias;

- Utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano;

- Desenvolver o senso estético para reconhecer, valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais

Além das dez competências gerais, há as específicas para cada disciplina , que devem ser obtidas ao longo de cada etapa.

A estrutura da Base é elogiada por especialistas da área. Segundo a diretora do Instituto Inspirare, Anna Penido, este é o primeiro documento a pregar o desenvolvimento integral dos estudantes, preceito previsto na Constituição de 1988.

— Não se trata apenas de aprendizagem do conteúdo e do desenvolvimento intelectual, mas também do desenvolvimento emocional, cultural, físico e social — sublinha. — Não adianta saber português, mas ter dificuldade de se comunicar. Ou saber matemática e não conseguir resolver um problema.

Anna lista as competências que devem ser dominadas pelo estudantes: conhecimento para intervir na realidade, pensamento científico, senso estético, comunicação, cultura digital, capacidade de argumentação, habilidade para formular um projeto de vida, ter senso de cidadania e preocupar-se com a ética inclusiva:

— São mudanças conectadas com a contemporaneidade, mas ainda há desafios para saber como isso será traduzido na prática. É uma oportunidade para modernizar a concepção da escola para o século XXI.

TECNOLOGIA EM CIÊNCIAS E PORTUGUÊS

A abordagem de conhecimentos relacionados às novas tecnologias foi uma das principais temáticas incluídas na última versão da Base. A demanda de educadores fez com que na área de Língua Portuguesa, por exemplo, fosse incluída a necessidade de se aprender a analisar textos que circulam nas redes sociais , nos blogs e na internet de maneira geral. Diferentes tipos de linguagens, como gifs, memes, fanfics, vídeos e playlists também deverão ser trabalhados. Os alunos aprenderão a identificar, por exemplo, que informações são confiáveis e que notícias são falsas .

A parte relacionada à tecnologia, aliás, extrapolou o conteúdo da área de Linguagens e acabou permeando o texto de outras disciplinas. Quem explica é Luís Carlos de Menezes, professor do Instituto de Física da USP. Segundo ele, o ensino de Ciências também será incrementado com a abordagem de novas tecnologias.

— Não se trata de desenvolver laboratórios. É tentar compreender na sala de aula a ciência e a tecnologia que vemos no cotidiano : como funcionam os telefones sem fio, como ondas infravermelhas mudam o canal de TV — pondera Menezes, que é membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. — Essas competências práticas servem para que o aluno julgue e tome posição, sem ficar restrito à posição de alguém que só recebe informações.

O professor defende que a ênfase do conteúdo da disciplina seja adequado de acordo com o contexto socioeconômico do estudante e da localidade em que ele vive.

— Em algumas regiões, pode ser mais interessante investir no aprendizado de Biologia do que em Física, por exemplo. Depende do que faz parte do dia a dia das crianças e dos adolescentes.

ÁLGEBRA DESDE CEDO

A área de Matemática , um problema histórico da educação brasileira que registra baixo desempenho em marcadores internacionais, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), trouxe mudanças significativas na Base. Diretora do grupo Mathema, Katia Smole assinala que o documento contribui para que o estudante desenvolva autoconfiança para aprender os conteúdos da disciplina.

— A Base traz uma inovação, que é trabalhar com o pensamento voltado para a álgebra desde o 1º ano do Ensino Fundamental. Isso não significa que vamos ensinar equações mais cedo, mas sim que vamos fazer com que as crianças comecem a desenvolver o pensamento algébrico. Isso tem um impacto importante em seu futuro: vai fazer com que desde cedo os alunos busquem padrões , analisem regularidades e comecem a entender as relações numéricas . Hoje, os alunos só começam a aprender álgebra a partir do 7º ano — analisa Katia.

Assim, a unidade temática "Álgebra" aparece na BNCC já no 1º ano do Ensino Fundamental. Nessa fase, uma das habilidades determina que as crianças aprendam a "organizar e ordenar objetos familiares ou representações por figuras, por meio de atributos, tais como cor, forma e medida". No ano seguinte, é hora de aprender a construir sequências de números em ordem crescente ou decrescente, a partir de um número qualquer.

Na prática, segundo a especialista, essas habilidades farão com que no 9º ano, quando o estudante aprender funções, as dificuldades sejam menores. As funções, explica Katia, nada mas são que a generalização de padrões observados.

— Com a nova unidade temática, que vai do 1º ano até provavelmente o Ensino Médio, estamos corrigindo o problema e deixando o aluno ter mais tempo para aprender. Quando eu escrevo que "y" é igual a "2x", isso é uma generalização algébrica de um padrão que comecei a observar muito antes. Também vamos trabalhar mais cedo as noções de probabilidade e mudamos o foco no ensino de geometria.

Por outro lado, a educadora aponta que a BNCC tem algumas falhas nas habilidades. Segundo ela, enquanto o texto de introdução da disciplina destaca a importância do uso reflexivo e crítico dos conteúdos matemáticos, empregando o conhecimento adquirido para solucionar situações cotidianas, as habilidades não refletem essa orientação:

— O documento introdutório diz que o aluno não precisa aprender só os conceitos e técnicas da Matemática, mas precisa argumentar e raciocinar matematicamente e aplicar o conhecimento em situações diversas da vida. Isso está diretamente relacionado a uma ideia de desenvolvimento integral do estudante e indica que as aulas precisam ser diferenciadas para que eles tenham altas habilidades de raciocínio, sejam criativos. Mas isso não aparece na descrição das habilidades, não há uma palavra a respeito de como desenvolver isso ao longo dos anos. Nas habilidades, há uma visão mais centrada em resolver problemas para aplicar o que o estudante aprendeu das quatro operações. Há poucas menções a atividades de investigação e processos sofisticados .

Katia alerta, no entanto, que as redes podem acrescentar habilidades relacionadas a esse aspecto quando forem confeccionar seus currículos, já que a BNCC é uma orientação que deve ser adaptada pelos sistemas.

INDÍGENAS NAS CIÊNCIAS HUMANAS

O cotidiano dos estudantes e as relações que se estabelecem com comunidades diversas, como populações indígenas , foi alvo, sobretudo, das Ciências Humanas. Em História e Geografia, desde o 1º ano do Ensino Fundamental, a Base Curricular estabelece que os estudantes reflitam sobre histórias pessoais e de outros povos do entorno de onde vivem. Apesar disso, a disciplina sofreu duras críticas que apontavam uma abordagem meramente cronológica dos fatos, com conteúdos engessados e tratados de maneira tradicional.

Em Geografia, logo no início da escolarização, o documento aponta que o estudante deve comparar características de diversos ambientes como a casa e a escola. Durante todo o programa da disciplina, há uma preocupação com a vivência crítica dos conhecimentos.

— Antigamente, a Geografia era uma decoreba, agora há muito mais raciocínio. A Base torna o aluno capaz de ser um indivíduo responsável, que saiba como enfrentar a realidade e esteja apto ao debate social. O texto ensina a respeitar a coletividade que vivemos, valorizar os direitos humanos. Inclusive na parte da geografia física há essa abordagem de um raciocínio geográfico aplicado aos princípios da vida. Em diferentes momentos é abordada a importância de atuar de forma ética e autônoma — afirma Vera Lucia da Costa Antunes, coordenadora de Geografia do Colégio e curso Objetivo.

A educadora destaca que a maneira como o conteúdo da disciplina foi desenvolvido favorece a interdisciplinaridade:

— A Geografia se integra bem com outras áreas. Há interdisciplinaridade com História, Matemática, Ciências, Artes, Literatura. Há um bom trabalho também na parte da cartografia com a preocupação do aluno saber se situar seja no Brasil ou no mundo. Isso é observado desde o 1º ano.

A preocupação com o contexto não fica restrita à área de Ciências Humanas. Na disciplina de Língua Portuguesa, a recomendação é que a linguagem seja percebida como um elemento fundamental na construção de identidade e suscetível a mudanças de contexto.

Presidente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, Anna Helena Altenfelder destaca que a Base levanta as diferentes aplicações da Língua Portuguesa. O conhecimento gramatical ainda é prioridade, mas a escola não deve ignorar os diversos contextos em que o idioma é usado.

— Discutiremos o contexto social em que a língua é aplicada — explica. — Não podemos ignorar as transformações por que passa a Língua Portuguesa em uma conversa informal , na gíria e também nas novas tecnologias de informação. Além de ler textos tradicionais, o aluno precisa ter conhecimentos para analisar o conteúdo que circula na internet, analisar blogs e sites, testar a precedência e veracidade da informação. Então, com o novo currículo, estamos aproximando a linguagem da juventude.

DIRETRIZES A PARA EDUCAÇÃO INFANTIL

A etapa com mudanças mais profundas pela frente é a Educação Infantil. O período ganhou contornos definidos com o texto da Base a partir da organização dos objetivos de aprendizagem por faixa etária.

Com o documento, a Educação Infantil passa a ter habilidades específicas para bebês (crianças de 0 a 1 ano e 6 meses), crianças bem pequenas (de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e crianças pequenas (de 4 anos a 5 anos e 11 meses).

Mudanças na educação infantil
A BNCC estabelece seis direitos de aprendizagem na educação infantil:
Brincar
Explorar
Conviver
Explorar
Expressar-se
Conhecer-se
Os objetivos de aprendizagem estão divididos por faixa etária, veja alguns exemplos:
Alguns objetivos previstos
Bebês
Imitar gestos e movimentos de outras crianças, adultos e animais.
Traçar marcas gráficas usando instrumentos riscantes e tintas.
(de zero a 1 ano e 6 meses)
Alguns objetivos previstos
Crianças
bem pequenas
Identificar relações espaciais - como dentro e fora - e temporais
Contar oralmente em contextos diversos.
(1 ano e 7 meses a
3 anos e 11 meses)
Alguns objetivos previstos
Expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura.
Adotar hábitos de autocuidado relacionados a higiene, alimentação, conforto e aparência.
Crianças pequenas
(4 anos a 5 anos e 11 meses)
Fonte: Ministério da Educação
Mudanças na
educação infantil
A BNCC estabelece seis direitos de aprendizagem na educação infantil:
Conviver
Brincar
Explorar
Expressar-se
Explorar
Conhecer-se
Os objetivos de aprendizagem estão divididos por faixa etária, veja alguns exemplos:
Bebês
(de zero a 1 ano e 6 meses)
Imitar gestos e movimentos de outras crianças, adultos e animais.
Traçar marcas gráficas usando instrumentos riscantes e tintas.
Crianças bem pequenas
(1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)
Identificar relações espaciais - como dentro e fora - e temporais
Contar oralmente em contextos diversos.
Crianças pequenas
(4 anos a 5 anos e 11 meses)
Expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura.
Adotar hábitos de autocuidado relacionados a higiene, alimentação, conforto e aparência.
Fonte: Ministério da Educação

Maria Beatriz Ferraz, diretora da Escola de Educadores em São Paulo, elogia a criação de novas etapas no ensino infantil , o que refletiria melhor o desenvolvimento do bebê e da criança:

— O professor terá mais facilidade para planejar sua prática pedagógica . Também gostei de ver que a Base reconhece a creche inserida no Ensino Básico. No entanto, considero que o Ministério da Educação precisará apoiar estados e municípios para que eles criem um programa de formação e adequação dos currículos, e que os docentes consigam integrar essas mudanças em sua matéria.

A etapa também é organizada por campos de experiência e não por disciplinas, como acontece no ensino fundamental. Nos campos, os estudantes trabalham diferente aspectos do desenvolvimento. Em "O eu, o outro e o nós" são trabalhados aspectos relacionados à interação com colegas, familiares e também suas experiências em sociedade, na escola.

O campo "Corpo, gestos e movimentos" aborda a exploração do espaço e a consciência das funcionalidades do próprio corpo. Há também "Traços, sons, cores e formas" que trabalha o convívio com diversas manifestações artísticas e culturais e a expressão da criança por meio da pintura, da música etc. O quarto eixo é " Escuta, fala, pensamento e imaginação", no qual as crianças desenvolvem a comunicação oral, a postura corporal e vão conhecendo letras, fazendo rabiscos, entre outros aspectos.

O último campo é "Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações", que exercita a visão das crianças sobre fenômenos naturais e culturais. Tenta situá-las em seu local no mundo, mencionando o bairro, a cidade. Aspectos temporais como o dia e a noite. É nesse eixo que elas também entram em contato com conceitos matemáticos como a contagem.

A assessora pedagógica de Educação e Cultura da Infância do Instituto Alana, Raquel Franzim, afirma que a estruturação da base a partir desses parâmetros e uma vitória. Mas destaca que há desafios na transição da criança para o ensino fundamental.

— Talvez a educação infantil seja a etapa de ensino mais inovadora em termos de organização. Ela vem organizada por campos de experiênca e não por áreas estanques de conhecimento, o que é muito positivo. Mas o ponto de atenção mais importante continua sendo a questão da oralidade e escrita e a transição dessa criança para o ensino fundamental. Como a base do ensino fundamental antecipou a alfabetização, isso tende a criar um efeito dominó e aumentar a pressão sobre a educação infantil — argumenta Raquel. — Nenhum dos objetivos de oralidade e escrita fazem a criança aprender habilidades de leitura e escrita nessa etapa como aprenderiam no fundamental. Mas sabemos que há uma cultura escolar que faz isso. Então não basta a Base dizer que as experiências devem ser plurais e interligadas se os professores interpretarão de outra forma. Por isso, agora é fundamental investir na formação.