Por Geovane Brito, G1 Santarém — Pará


Palestras com alunos feitas por policiais militares de Santarém — Foto: PM de Santarém/Divulgação

O trabalho preventivo do “Policiamento Comunitário Escolar” é desenvolvido há cinco anos em Santarém, no oeste do Pará, com resultados satisfatórios e uma triste constatação: a ausência familiar é a principal causa que leva crianças e adolescentes ao mundo das drogas.

A triste realidade é um problema com dimensão ainda maior, mas há pessoas capacitadas que buscam, através de palestras e orientações, mudar esse cenário. Uma conversa pode mudar rumos de vidas e resgatar quem se encontra perdido no mundo das drogas.

As ações são realizadas em escolas de ensino fundamental e médio, atualmente na área de jurisdição do 35º Batalhão Rio Amazonas da Polícia Militar, incluindo os municípios de Santarém e Belterra. Por vezes, os atendimentos também são feitos na área do 3º BPM, através do Comando de Policiamento Regional 1 (CPR-1).

Resultados e constatações

Desde 2014 as ações preventivas são feitas com três públicos diferentes, mas que estão intrinsicamente ligados: família, escola e estudantes, com palestras e conversas de orientação, de segunda a sexta-feira. O assunto é tratado sempre nesta sequência.

“A ausência da família é o que mais identificamos. A família joga a responsabilidade para a escola. Outra coisa que identificamos é o uso das crianças e adolescentes por traficantes”, disse o coordenador do projeto, cabo Glauber Mota.

O aliciamento dos menores é feito fora do âmbito escolar, mas é dentro das escolas que os policiais palestrantes já encontraram papelotes de drogas em sala de aula.

Em 2018, foram feitas 283 ações pelo projeto, sendo: 73 palestras, 48 atendimentos a casos de desordem e 33 ocorrências de uso de drogas.

Ações pontuais

Quando a comunidade escolar suspeita que algo está ocorrendo com determinado aluno, a ronda do “Policiamento Comunitário Escolar” é acionada para que se faça ações pontuais por meio de estratégias pedagógicas.

“O objetivo é resgatar aquele aluno que está no meio das drogas, o foco não é levar o estudante para a delegacia. O resgate é feito indo atrás da família, mas se percebermos que ele continua levando drogas ou aliciando outros menores, aí cumprimos aquilo que a lei manda. É um trabalho de formiguinha”, explicou Glauber.

Capacitação de policiais para atuarem como agentes de prevenção em escolas de Santarém, Mojuí e Belterraa — Foto: PM de Santarém/Divulgação

Outra constatação feita e que assusta, são algumas escolas “reféns” do tráfico de drogas. Ou seja, o índice de envolvimento de estudantes é alto e a comunidade pedagógica da escola não consegue contornar a situação.

Apesar de ser um trabalho preventivo, o policiamento só inicia os trabalhos quando a direção escolar provoca a Polícia Militar e autoriza a entrada dos policiais do projeto para as intervenções.

“Uma coisa que explicamos à direção é que se uma viatura estiver passando e ver situação suspeita e flagrante, os policiais não precisarão de autorização”, completou o coordenador do projeto.

Entretanto, em casos que ocorrerem dentro da escola, a abordagem é feita de forma diferente para que as crianças e adolescentes não se sintam constrangidos.

Quando há denúncias ou suspeita, os policiais pedem à gestão para buscar o aluno seguindo alguns protocolos de cuidados, incluindo trazer os colegas mais próximos. Se algo for contatado, as medidas cabíveis ao caso são adotadas.

Palestras com alunos feitas por policiais militares de Santarém — Foto: PM de Santarém/Divulgação

Uso de celulares

O aparelho está diariamente nas vidas das pessoas e tem entrado cada vez mais cedo na rotina de crianças e adolescentes, sendo quase indispensável pela maioria.

O projeto “Policiamento Comunitário Escolar” orienta que pais sempre olhem as conversas e o que os filhos fazem nos aparelhos. Essa é uma forma eficaz de constatar envolvimento em casos ilícitos, como tráfico de drogas.

“Essa é a importância do papel familiar, porque eu como policial não posso pegar esse celular desse adolescente, mas os pais devem fazer isso. Já aconteceu de uma mãe não acreditar que a filha não estava com drogas na escola, mas ao olhar o celular viu as conversas e viu que ela tinha envolvimento no tráfico”, relatou. “A prevenção é o melhor meio para resolver esses problemas”, finalizou Glauber.

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