Por Jornal Nacional


Aulas presenciais são retomadas em algumas cidades brasileiras

Aulas presenciais são retomadas em algumas cidades brasileiras

Depois de seis meses de escolas fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus, a maioria dos alunos da rede pública ainda não sabe quando vai retomar as atividades presenciais. Em algumas cidades, estudantes voltaram às aulas nesta segunda-feira (14).

Uma escola da Zona Sul abriu as portas nesta segunda com turmas reduzidas, rodízio de alunos e medidas de higiene. Mas o retorno pode ser provisório. É que o Tribunal de Justiça informou, à tarde, que mantém em vigor uma liminar concedida em agosto, contrária à retomada das aulas presenciais no município. Alegou que isso pode aumentar a desigualdade entre os estudantes das redes pública e privada, e que a saúde dos alunos é prioridade máxima.

Nos estados onde as aulas já voltaram, escolas públicas e privadas seguem calendários diferentes.

A prefeitura de Natal liberou as aulas presenciais em escolas particulares a partir dessa semana. Duas reabriram nesta segunda com protocolos de segurança. As salas só podem receber um terço da capacidade, e os alunos vão se revezar. A prefeitura e o Procon vão fiscalizar. Já as escolas públicas ainda não têm autorização para voltar.

Em Manaus, as escolas particulares voltaram há mais de dois meses, e o ensino médio na rede estadual há um mês. Os estudantes também se revezam entre aulas presenciais e remotas. Já o retorno das escolas estaduais de ensino fundamental estava marcado para o dia 24 de agosto, mas a Secretaria de Educação adiou, porque não encontrou alguns insumos necessários para a reabertura.

Em Belém, as aulas presenciais na rede municipal começaram uma retomada gradual. Nesta segunda, foi a vez do oitavo e do nono anos do ensino fundamental, com rodízio de alunos. Todos de máscara e seguindo um protocolo de segurança. Já a rede particular voltou há duas semanas, também de forma gradativa.

Em São Paulo, o retorno começou na semana passada com algumas atividades em escolas da rede estadual e em parte dos municípios. Mas, na capital, as escolas permanecem fechadas.

No Brasil, a maioria das escolas fechou as portas há seis meses. Um tempo maior que a média dos países mais ricos, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. No entanto, cerca de 60% dos municípios ainda não têm planos de retomada das aulas.

“Acho que a gente precisa evitar qualquer aumento de contaminação e tomar todos os cuidados sanitários que as autoridades indicam. Mas não é possível deixar as crianças na rua, crianças que estão abandonando a escola, crianças que, inclusive, podem estar entrando em alguma área de criminalidade, né? Eu me preocupo muito com isso”, pondera Maria Helena Castro, do Conselho Nacional de Educação.

Só nas escolas públicas municipais de todo o país mais de 13 milhões de alunos ainda não têm previsão de quando vão voltar para a sala de aula. Especialistas dizem que é preciso respeitar a evolução da pandemia em cada região, mas o mais importante é definir um plano de retomada que garanta a segurança dentro das escolas e evite prejuízos à aprendizagem.

O Ministério da Educação afirma que tem dialogado com as secretarias municipais e estaduais sobre o retorno às aulas e que respeita a autonomia de estados e municípios.

Mas especialistas ouvidos pelo Jornal Nacional dizem que falta diálogo entre os ministérios da Saúde e da Educação, e que o governo federal precisa garantir recursos a estados e municípios que não têm condições de adaptar as escolas às medidas sanitárias.

Para para Cláudia Costin, consultora em educação, o Brasil pode pagar um preço alto por falta de uma coordenação nacional na retomada das aulas: “Não é que nos estados na iminência de uma vacina e vamos esperar mais um pouquinho. Nós deixaríamos essas crianças sem aula mais de um ano e isso é inimaginável. O Brasil é grande demais, tem situações muito diversas, daí porque seria importante que o Ministério da Saúde se pronunciasse e dissesse quando é momento, o que se recomenda. Para que a gente possa ter, quando ocorrer, uma volta segura”.

“Falta uma articulação mais nacional, principalmente para a comunicação com a sociedade, com as famílias. Porque as famílias estão muito inseguras, devido à falta de uma comunicação mais clara, mais objetiva e que dê mais segurança”, analisa Maria Helena Castro.

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