Por Arthur Menicucci, G1 Campinas e Região


Prefeitura de Campinas divulga regras para retorno às aulas na rede municipal

Prefeitura de Campinas divulga regras para retorno às aulas na rede municipal

A Secretaria de Educação de Campinas (SP) planeja retomar as aulas presenciais da rede municipal no início do ano letivo, em 8 de fevereiro, com um protocolo de distanciamento mínimo de 1,5 metro entre carteiras, capacidade de 50% por sala de aula, redução da permanência para três horas diárias e entrega de kit de máscaras para cada estudante, entre outras medidas.

O planejamento foi detalhado pelo secretário de Educação, José Tadeu Jorge, em entrevista ao G1. Segundo ele, todas as 207 escolas estão passando por uma avaliação sobre a viabilidade estrutural para receberem o protocolo definido. Cerca de metade já foi checada e todas apresentam condições.

Sobre o retorno em meio à pandemia do novo coronavírus, Tadeu Jorge afirma que o planejamento pode ser alterado de acordo com a evolução, mas defende que as unidades escolares são seguras desde que haja cumprimento das medidas sanitárias.

"Todos os levantamentos, as análises, as pesquisas científicas apontam que o ambiente escolar é um ambiente seguro desde que todas as indicações de precaução com a pandemia sejam tomadas. Então nesse momento nós estamos checando escola por escola", afirma o secretário. Veja, abaixo, perguntas e respostas sobre o retorno.

Secretário José Tadeu Jorge afirma que distanciamento entre carteiras será, no mínimo, 1,5 metro — Foto: Reprodução/EPTV

Quem retorna presencialmente?

A previsão do dia 8 de fevereiro vale para estudantes de pré-escola (4 e 6 anos), ensino fundamental e do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) da rede municipal. Tadeu Jorge explicou que as creches têm outra complexidade e não estão incluídas nesta programação. Segundo os dados da Secretaria de Educação atualizados até esta terça, 47.691 voltariam às aulas presenciais. A fase de matrículas continua e esse número deve mudar até o início do ano letivo.

"As creches nós ainda estamos fazendo uma verificação de quando poderão retornar. Então nesse nosso pensamento, nós ainda não temos uma data determinada pra creches, de crianças até 3 anos. Porque aí tem especificidades bem maiores e que a gente está cuidadosamente verificando", explicou.

Já para a rede estadual, responsável pelo ensino médio público, o governo de São Paulo prevê o início em 1 de fevereiro. A rede particular também já tem permissão para retornar presencialmente desde outubro do ano passado. A autorização é facultativa e as unidades devem seguir protocolos municipais.

Como funciona a capacidade de 50%?

A ideia é dividir cada turma em dois grupos e revezar semanalmente, no que o secretário chamou de "sistema misto". Em uma semana, um grupo teria aula presencial nas salas, enquanto o outro faria atividades remotas, como tarefas e exercícios. Na semana seguinte, a situação será invertida.

"A nossa previsão é dia 8 e a ideia é fazer um sistema misto no início até para que a gente possa ter a devida conscientização da comunidade, dos estudantes, dos familiares e a própria escola se acomodar com a situação, eu diria inédita, o retorno às aulas com uma pandemia ainda em curso".

Isso vai permitir o distanciamento entres as carteiras, que vai ser no mínimo de 1,5 metro, mas pode ser maior em algumas unidades que tiverem salas mais amplas. A situação de cada escola está sendo trabalhada individualmente. Tadeu Jorge também afirmou que o modelo misto permite que cada grupo da turma tenha o mesmo conteúdo.

"Todos os alunos terão as mesmas atividades, só que hora presencial, hora remota. Então eles vão alternar. Isso pedagogicamente cria alguma necessidade de adaptação porque alguns começam pela remota e outros começam presencial, mas na semana seguinte inverte. Então o conteúdo é o mesmo".

Quais serão as regras?

O tempo de permanência em aula vai ser reduzido de 5 horas para 3 horas diárias, prevê o secretário. A medida vai ajudar na higienização das unidades entre um turno e outro, já que essa limpeza vai ser intensificada.

Todos os estudantes devem usar máscaras e fazer a higienização das mãos adequada. Para isso, a secretaria vai entregar um kit com quatro máscaras reutilizáveis para cada aluno. Já para os professores, o kit terá máscaras reutilizáveis e equipamentos face shield.

Além disso, todas as crianças e adultos que sentirem sintomas gripais ou febre devem permanecer em casa. O secretário também explica que todas as regras do Plano São Paulo devem ser seguidas.

Não haverá medição de temperatura na entrada das escolas. O secretário afirma que essa medida não foi incluída no protocolo.

Sobre a possibilidade de testagem dos profissionais, a Secretaria de Educação afirmou que está em conversas com a pasta da Saúde e ainda não há definição.

A volta presencial é obrigatória?

Não. Tadeu Jorge afirma que as famílias que não se sentirem seguras podem manter os estudantes em sistema remoto, similar ao que ocorreu em 2020. Além disso, o secretário afirmou que, neste momento, é pessoalmente contra a obrigatoriedade do retorno. "Talvez, com a evolução dos acontecimentos, eu possa, com outros dados, passar a defender porque criança na escola é obrigatória".

"A decisão é da família. Se a família entender que não deve mandar a criança para escola, é uma opção que tem todo o direito que tem de ter, em sintonia com o Plano São Paulo".

Como fica a merenda escolar?

As refeições voltam a ser feitas nas unidades escolares. Segundo o secretário, a presença de 50% dos alunos permite que nos locais de alimentação também seja respeitado o distanciamento necessário.

No entanto, como os alunos vão frequentar a escola em semanas alternadas, a distribuição das cestas básicas e kit de hortifrúti continua. Eles serão entregues em meses alternados para compensar os dias que as crianças não comerão nas escolas.

Tadeu Jorge acredita que as famílias receberão, em um mês, a cesta básica e, no seguinte, o kit.

Qual vai ser o conteúdo?

Os docentes voltarão ao trabalho no dia 4 de fevereiro e o período até o dia 8 servirá para planejamento e cronograma de atividades. Na retomada, o secretário afirma ser importante traçar um diagnóstico do efeito da ausência de ensino presencial na aprendizagem.

Tadeu Jorge afirma que o retorno será tratado como uma ambientação importante. "Nós estamos diante de uma situação inédita. Nem os professores e nem os alunos viveram uma situação como essa, que precisa ser considerada como um elemento de aprendizagem. Como uma oportunidade de as crianças aprenderem conceitos importantes da sua formação".

"Então nós vamos ter nesse retorno uma ambientação a uma nova realidade escolar. A rotina que os alunos vão ter que executar na escola é uma rotina nova, que nunca viveram. Assim como os professores, a comunidade escolar como um todo, inclusive as famílias".

"Em paralelo a essa nova adaptação, os nossos professores farão uma avaliação, um diagnósticos dos impactos que a pandemia causou por causa da ausência das atividades presenciais e da própria escola, na aprendizagem. É o momento de avaliar quanto esses impactos foram importantes. Seguramente eles foram, mas a gente precisa avaliar quanto eles foram importante para nós estabelecermos o projeto pedagógico no sentido de buscar a recuperação de tudo aquilo que foi perdido nesse tempo de impossibilidade de aulas presenciais. Então esse novo mundo, vamos dizer assim, escolar será muito vivenciado nas primeiras semanas desse retorno".

Vai ter atividade física?

A previsão é que todas as disciplinas retornem, incluindo educação física. O secretário ressalta que os professores não vão colocar os estudantes para praticar esportes de contato, mas outras atividades são possíveis e devem ocorrer.

Sala de aula em Campinas, antes da pandemia — Foto: Arthur Menicucci/G1

Qual a preparação estrutural e dos funcionários?

Cada unidade passa por uma avaliação. Algumas exigem providências, como mudanças em lavatórios, torneiras e instalação de outros equipamentos. Se alguma escola não tiver estrutura suficiente para garantia das medidas, não haverá retorno naquele local, afirma o secretário.

Já professores e funcionários vão passar por treinamento da Secretaria de Saúde para que o protocolo de higienização e distanciamento seja cumprido. O secretário reforça que os postos de saúde mais próximos das escolas também estarão orientados.

Sobre a percepção dos professores a respeito do retorno, Tadeu Jorge disse desconhecer. "Sinceramente eu não sei, porque na verdade os professores estão em férias. Eu não sei dizer para você como eles estão recebendo a notícia de que estamos falando do retorno".

Tadeu Jorge afirma que os Núcleos de Ação Educativa Descentralizada (NAEDs) participam do planejamento e que são estes núcleos que conversam com as escolas. "Eu acredito que os professores vão saber da adequação, das providências que estão sendo tomadas e tenho certeza que eles pensarão também naquilo que está sendo causado as crianças pela falta da atividade escolar".

"Certamente todos têm formação em pedagogia, são bem qualificados no conhecimento que tem na área pedagógica e acredito que eles tenham aliás muita convicção do prejuízo que as crianças possam estar tendo em não poder contar com a atividade presencial na escola, a manutenção dos vínculos afetivos, vínculos emocionais com os professores e a própria ação pedagógica da escolas, então acredito que professores vão participar disso com muita convicção de que esse retorno é possível especialmente pensando no benefício que pode trazer para essas crianças", defendeu.

Quem é grupo de risco trabalha presencialmente?

Segundo a Secretaria de Educação de Campinas, em princípio, funcionários que são de grupos de risco, como idosos, ou que possuem comorbidades ficarão em teletrabalho. A pasta afirmou que todo o caso será avaliado separadamente.

Mas e a pandemia?

O secretário defendeu que as análises existentes apontam as escolas como locais seguros desde que haja o cumprimento das medidas. No entanto, afirma que o planejamento está suscetível a mudanças, principalmente de acordo com Plano São Paulo.

"Tudo isso tem um contexto. Tudo isso que pensamos, contando a previsão de 8 de fevereiro, depende de estarmos pelo menos na fase amarela (...) Sem retroceder para a laranja ou coisa pior".

As secretarias de Educação e Saúde vão trabalhar juntas nos efeitos da retomada, já que isso colocará em circulação pessoas que, pelo menos em tese, estão reclusas atualmente.

"No momento em que município e estado colocarem suas redes de educação em funcionamento, nós vamos provocar um outro efeito, que é entrarem em circulação sei lá, 200 mil a 300 mil pessoas na cidade de Campinas, porque as crianças não vão sozinhas para a escola (...) Então é muito importante a nossa interação também com a Secretaria da Saúde", disse.

A região de Campinas foi mantida na fase amarela na sexta-feira (8), mas a próxima reclassificação está prevista para 5 de fevereiro, apenas três dias antes do retorno previsto. Tadeu Jorge afirma que esse trabalho conjunto com a pasta da Saúde permite que a rede se prepare para uma eventual mudança antes dessa data.

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