Rio

Aulas ainda não podem ser retomadas em escola onde Maria Eduarda estudava

Vice-diretora diz que ainda não há condições emocionais para que as atividades plenas recomecem
Professora de Maria Eduarda, Sandra se emociona na escola de Acari Foto: Marcio Alves / Agência O Globo
Professora de Maria Eduarda, Sandra se emociona na escola de Acari Foto: Marcio Alves / Agência O Globo

RIO - Bruna Siqueira Fernandes, vice-diretora da Escola Municipal Daniel Piza, em Acari, disse que as aulas não serão retomadas nesta quinta-feira no colégio como havia sido divulgado. Segundo ela, ainda não há condições emocionais para que as atividades plenas recomecem.

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— Nesta quinta, teremos somente um evento religioso. Amanhã (sexta-feira), haverá um outro com os responsáveis. Na semana que vem, haverá atividades diversificadas voltadas para a reeducação emocional dos alunos. Depois da Semana Santa, serão atividades diversificadas, artísticas, esportivas para trazer de volta o afeto pela escola — contou Bruna, que está na escola desde a sua inauguração, em meados de 2012, quando dava aulas de Geografia.

O pai de Maria Eduarda, Otonio Alfredo da Conceição, de 62 anos, afirmou que até hoje não acredita na morte da filha.

— É a mesma coisa todos os dias. Acordamos esperando que ela apareça. Trouxe objetos da minha filha, como o tênis que ela usava no momento dos tiros, a camisa usada para treinar e um boneco de que ela gostava muito, um bicho de pelúcia — contou, emocionado.

Ana Beatriz Alves Duarte, de 12 anos, que era colega de sala de Maria Eduarda, disse que gostaria de voltar às aulas nesta quinta-feira:

— Vou continuar estudando aqui. Isso (o que aconteceu com Duda) é comum, acontece em qualquer lugar. A gente não está seguro nem na nossa própria casa. Quando comecei a estudar aqui no ano passado fiquei com um pouco de medo por causa das marcas de balas nas paredes. Ainda estou traumatizada, mas gostaria de voltar a estudar hoje para superar logo isso — disse a menina.

Professores e representantes da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), junto com alunas, estão enfeitando a escola para a solenidade. Bolas brancas foram colocadas na grade da quadra esportiva, onde também há uma mesa com flores e objetos de Maria Eduarda, além de cartazes com a frase “Somos todos vencedores” e “Daniel Piza, estamos com vocês”. Também estão expostos no chão cartazes e colagens em homenagem a Maria Eduarda, feitos por alunos de outras escolas públicas.

O secretário municipal de Educação, César Benjamim, participa da solenidade. Já o prefeito Marcelo Crivella não participará do ato ecumênico. Ele segue uma orientação do secretário municipal de Educação , César Benjamin, por causa de uma situação de violência presenciada pelo secretário da escola na quarta-feira.

O desenrolar de uma tragédia
Como Maria Eduarda morreu, segundo colegas e funcionários da escola
A equipe se divide em duas, e, minutos depois, começa um tiroteio. Segundo alunos, PMs atiram em direção à escola
Policiais do 41º BPM (Irajá) chegam à Avenida Pastor Martin Luther King Jr. num caveirão para dar início à operação
Escola
Provável posição dos atiradores
A Divisão de Homicídios identificou outro policial envolvido na morte de Maria Eduarda. O terceiro estaria na rua em frente à escola
Maria Eduarda é baleada. Um vídeo mostra dois policiais matando a tiros dois homens junto ao muro da unidade
Suspeitos
Pavuna
Um alvo inocente
Direção
dos tiros
Locais dos
ferimentos
Escola
Escola
Maria
Eduarda
Suspeito 1
MURO
Suspeito 2
Rua
No momento dos disparos, Maria Eduarda se encontrava a aproximadamente dez metros de distância dos dois homens baleados por policiais em frente à escola
A estudante estava numa altura superior: o pátio da escola fica um metro e meio acima do nível da calçada. Por isso, o muro não impediu que tiros a atingissem
Segundo os estudantes, ela corria do portão principal para o pátio, de costas para a Avenida Professora Sá Lessa, quando foi atingida por disparos
Inquérito policial
Imagens mostram marcas compatíveis com projétil de arma de fogo
Laudo
Policial
Impacto na grade localizado em cima do muro próximo aos suspeitos 1 e 2
Perfuração do lado externo da coluna do portão de acesso ao pátio da escola
Na mesma coluna do portão, há uma perfuração do lado interno
Laudo
Policial
Impactos na parede da área interna do pátio onde estava Maria Eduarda
O desenrolar de
uma tragédia
Como Maria Eduarda morreu, segundo
colegas e funcionários da escola
Escola